Edição do dia 04/02/2011

04/02/2011 21h24 - Atualizado em 04/02/2011 21h24

Médicos alertam para os perigos do consumo de fumo no narguilé

Comum entre os jovens, uma tragada no aparelho de origem oriental equivale a 100 cigarros. Compartilhar a piteira também pode trazer riscos para a saúde.

Uma forma de tabagismo que tem atraído muitos jovens brasileiros por causa dos aromas e do ritual motivou um alerta dos médicos. Um estudo comprovou que os narguilés, ou narguíles, são mais perigosos para a saúde do que o cigarro comum.

A fumaça com vários aromas.

“Frutas vermelhas, menta”, diz um rapaz.

“Essenciazinhas. Tem de frutas, morango, essas coisas”, diz Bárbara Leandro, de 20 anos.

A peça que parece um vaso recebe carvão em brasa pra queimar o fumo aromatizado. A fumaça passa pela água e sai por uma mangueirinha, direto para o pulmão do fumante.

Uma pesquisa mostrou que o uso do aparelho de origem oriental virou hábito para 37% dos jovens fumantes na cidade de São Paulo. Muitos são menores, como um menino de 15 anos que usa em casa.

“Minha mãe, às vezes, fuma comigo, meu pai fica falando para parar com isso, que faz mal”, diz o adolescente.

“Assim, eu acho que não faz tão mal até porque você não traga”, conta um rapaz.

O mal que cigarro provoca no organismo já é bem conhecido, mas pouca gente sabe que a fumaça produzida no aparelho é ainda mais perigosa. O tabaco colocado dentro dele, quando queimado, libera as mesmas substâncias tóxicas, mas numa concentração bem maior do que as que um fumante comum está habituado a inalar.

Um estudo da Organização Mundial de Saúde mostrou que uma rodada de narguilé, ou narguíle, como alguns costumam chamar, equivale a fumar até 100 cigarros. Essa espécie de cachimbo d’água tem 100 vezes mais alcatrão, 4 vezes mais nicotina e 11 vezes mais monóxido de carbono que um cigarro comum.

“Infelizmente, muitos adolescentes acreditam que a água vai purificar, vai tirar os metais pesados e isso não é verdade”, explica a diretora do programa de apoio ao tabagista, a médica Stella Regina Martins.

E a médica ainda alerta para um perigo extra: o grupo quando fuma, costuma compartilhar a piteira: “E isso, para saúde pública, também é grave, porque os níveis de contaminação por tuberculose, por herpes labial e por hepatite aumentam”, explica.

No estado de São Paulo, desde 2009, a venda do aparelho é proibida para menores de 18 anos. E a Anvisa quer impedir que fumos e cigarros aromatizados cheguem às mãos dos consumidores: uma maneira tornar o tabagismo menos atraente para os jovens.