Edição do dia 25/05/2016

25/05/2016 21h09 - Atualizado em 25/05/2016 21h10

Veja repercussão no Senado das novas conversas de Machado

Reação foi diferente de quando áudios de Jucá foram divulgados.
Maioria procurou minimizar, inclusive senadores do PT.

No Senado, parlamentares comentaram as novas gravações do ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado, com o presidente da Casa, Renan Calheiros, e com o ex-presidente José Sarney.

A sessão marcada para as 14h, quando acontecem os debates, foi cancelada. Oficialmente porque a votação de terça-feira (24) do Congresso, da nova meta fiscal, só terminou de madrugada.

Renan Calheiros não foi para o Senado. Ficou na residência oficial, onde recebeu alguns senadores. Depois, segundo a assessoria, viajou para Alagoas.

Os senadores reagiram às novas gravações, mas foi uma reação bastante diferente da que houve quando os áudios do senador Romero Jucá foram divulgados. A maioria procurou minimizar, até mesmo senadores do PT.

O líder do PMDB disse que Renan já tinha defendido mudanças na lei de delação premiada. 

“Aquilo que o presidente Renan fala numa gravação clandestina de uma outra pessoa é que ele já tinha tornado público para a imprensa brasileira qual era o posicionamento dele, do ponto de vista da questão das delações. Absolutamente nada, nada que possa comprometê-lo nessa gravação”, afirmou Eunício Oliveira (PMDB-CE).

O líder do PT também defendeu Renan. 

“Não vejo nenhuma gravidade. Comentar que tem que mudar esta ou aquela lei, eu acho que isso é próprio do parlamentar que está preocupado em solucionar os problemas do país”, disse o senador Paulo Rocha (PT-PA).

O PSDB foi citado nas gravações de Romero Jucá e de Renan Calheiros.  O líder do partido minimizou o que foi dito. 

“São meras citações, que são feitas pelo próprio delator, sem nenhuma prova, sem nenhum indício, sem nenhum fato sequer, apenas na tentativa leviana de levar todos para a vala comum”, falou Cássio Cunha Lima (PSDB-PB).

Já o líder do PV criticou Renan. Falou em tentativa de interferir na Operação Lava Jato. 

“Sem dúvida há gravidade nesses fatos. Mais uma vez revela-se uma tentativa de comprometer a ação de investigadores e julgadores da Operação Lava Jato. Mas o que se revela também é que é uma tentativa que se frustra porque a Operação Lava Jato prossegue de forma ininterrupta e irresistível, e irá até o fim. Os avanços devem ser consagrados e não devemos permitir retrocessos. Me refiro à delação premiada e à prisão com condenação em segunda instância”, declarou Álvaro Dias (PV-PR). 

O ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, foi enfático. Ao contrário de Renan, diz que não há o que mudar na lei que trata de delação premiada. 

“Os quatro grandes atores do sistema jurídico participam. Participa a polícia, participa o Ministério Público como o titular da ação penal, o Judiciário que homologa e o advogado, a defesa participa após a delação ser realizada, mas podendo impugnar se houver denúncia; podendo impugnar formal e materialmente. Não há o que se falar em falhas na delação premiada, porque os quatro grandes atores participam e mais do que isso: só existe delação premiada se o Poder Judiciário homologar a delação premiada. Não acho que haja necessidade de nenhuma alteração legislativa”, afirmou Alexandre de Moraes.

No meio da tarde, a reportagem sobre a gravação de José Sarney. Humberto Costa, do PT, leu a notícia no corredor do Senado, mas não viu nada de grave com o senador Renan ou com o ex-presidente José Sarney. 

“Não creio que haja ainda algo que possa ser identificado como tentativa de obstrução da Justiça ou algum tipo de atividade ilegal ou irregular. Agora isso só será possível por um processo de investigação e também pelo conhecimento do teor completo dessa delação”, disse Costa.

O líder da Rede discordou. Randolfe Rodrigues disse que a gravação de José Sarney é muito grave: “É gravíssima, não tenho dúvidas que se processa nessa gravação um atentado à Operação Lava Jato e uma clara obstrução à Justiça”.

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