France Presse

09/11/2015 19h07 - Atualizado em 07/12/2015 13h05

Mesmo sem sintoma, portador pode passar dengue a mosquito, diz estudo

Até então, acreditava-se que assintomáticos não transmitiam doença.
Dessa forma, transmissão do vírus é perpetuada em silêncio.

Da France Presse

Aedes aegypti, que transmite dengue e chikungunya, também pode transmitir o zika vírus (Foto: CDC-GATHANY/PHANIE/AFP)Aedes aegypti, vetor da dengue (Foto: CDC-GATHANY/PHANIE/AFP)

Portadores saudáveis do vírus da dengue podem infectar os mosquitos que os mordem e que participam na cadeia de transmissão da doença: é o que mostra um estudo do Instituto Pasteur do Camboja, do Instituto Pasteur de Paris e do Centro Nacional de Pesquisa Científica da França (CNRS).

 

Até o momento, os pesquisadores acreditavam que as pessoas que não apresentavam ou apresentavam poucos sintomas visíveis da dengue (febre alta, dores de cabeça, náuseas, vômitos, dores nas articulações e musculares, erupções cutâneas) não infectavam os mosquitos, principal vetor da dengue.

Os pesquisadores, cujos trabalhos foram publicados nesta segunda-feira (9) na revista "Proceedings of the National Academy of Sciences" (PNAS), verificaram experimentalmente se esses casos, que representam 75% das infecções, podem contaminar os mosquitos.

Para isso, eles conduziram um estudo com as populações expostas à dengue, em Kompong Cham, no Camboja, informa um comunicado do Instituto Pasteur e do CNRS.

Os portadores saudáveis foram colocados em contato com os mosquitos saudáveis, criados em laboratório. Depois, a análise dos mosquitos permitiu verificar que eles estavam infectados e eram capazes, por sua vez, de transmitir o vírus a um ser humano.

Casos não identificados
"O desafio do protocolo era conseguir alcançar esses casos que não são identificados pelos sistemas de saúde tradicionais, já que quase não têm sinais de doença", explica o Instituto Pasteur e o CNRS.

"Esta descoberta levanta a possibilidade de que as pessoas que apresentam poucos ou nenhum sintomas, ou seja, a maioria das infecções, ajudam a perpetuar a transmissão do vírus em silêncio", disse Louis Lambrechts, pesquisador do CNRS, líder do grupo de Interações Vírus-Insetos no Instituto Pasteur, em Paris, citado no comunicado.

"Além disso, a pessoas que são pouco ou nada impactadas pelo vírus vão potencialmente estar expostas a mais mosquitos ao longo de sua rotina diária do que as pessoas gravemente doentes, acamadas ou hospitalizadas", afirma o texto.

O vírus da dengue infectaria 390 milhões de pessoas ao ano em todo o mundo após a picada infectada de um mosquito, explica a mesma fonte.

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