Edição do dia 17/11/2015

17/11/2015 20h56 - Atualizado em 17/11/2015 20h59

Samarco admite que mais duas barragens podem se romper em MG

Mineradora admitiu que a barragem de Santarém tem 37% de estabilidade. Um dos diques da barragem de Fundão tem só 22% de sustentação.

A mineradora Samarco, que pertence à companhia Vale e à BHP. admitiu, nesta terça-feira (17), que há riscos de rompimento de mais duas barragens na região de Mariana, em Minas Gerais e que as obras pra tentar evitar um novo desastre vão demorar três meses.

As três barragens da Samarco ficam numa região montanhosa. A menor é a Santarém, que só acumulava água. A do meio, de Fundão, se rompeu há duas semanas e destruiu parte de Santarém, e ainda desestabilizou a de Germano.

Na Germano, há três diques que ajudam na sustentação: Sela, Selinha e Tulipa. A mineradora declarou que o dique Selinha só tem 22% de sustentação. Santarém tem 37% de estabilidade. O recomendado pelas normas brasileiras é que esse percentual de segurança seja acima de 50%.

Nesta terça-feira (17), pela primeira vez a Samarco Mineração admitiu o risco de rompimento nas duas barragens que resistiram até agora: a de Santarém e a de Germano. E as chuvas aumentam esse risco.

"Tem o risco, e nós, para aumentarmos o fator de segurança e reduzirmos o risco, estamos fazendo as ações emergenciais necessárias", diz o gerente de projetos estruturantes Germano Lopes.

Antes do rompimento de Fundão, um laudo havia certificado 58% de segurança na barragem. Esse laudo foi feito em julho e foi contratado pela própria Samarco. A empresa disse que começou a reforçar o sistema de Germano e Santarém no dia 10, cinco dias depois do rompimento. Para estabilizar o dique de Selinha, que sofreu erosão depois do rompimento da barragem de Fundão, a empresa vai levar um mês e meio. Já para reforçar Santarém, vai demorar três meses.

A Samarco anunciou uma série de medidas para evitar que a lama que ainda desce pelas barragens contamine os rios da região e, principalmente, o rio Doce.

Nesta terça (17), a Polícia Federal abriu um inquérito para apurar se houve crime ambiental da Samarco por causa dos rejeitos de minério que atingiram o Rio Doce, que é um rio federal. A Polícia Civil de Minas Gerais também começou a ouvir os moradores dos distritos de Mariana que foram destruídos pelo desabamento das barragens.

Os rejeitos contidos na água do rio Doce estão sendo analisados pelo Instituto de Gestão das Águas de Minas (Igam), mas a análise mostra que a quantidade de metais está diminuindo. “Os metais são da natureza das rochas. Eles podem estar também associados ao que já tinha naturalmente no fundo do rio, que – com o fenômeno – foi todo revolvido”, afirma a diretora-geral do Igam, Fátima Chagas.

A Vale anunciou nesta terça (17) que exames de laboratório na água levada pra Governador Valadares na semana passada em vagões-tanque não indicaram contaminação por querosene ou qualquer outro combustível. Esse resultado contraria informação da prefeitura, segundo a qual a água não serve para consumo porque um teste encontrou alto teor de querosene.

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