02/06/2016 06h00 - Atualizado em 02/06/2016 09h42

Mais de 1 ano após estupro coletivo em SP, jovem tem ataques de pânico

Adolescente tinha 13 anos quando foi estuprada por 13 homens.
Apenas 9 foram identificados e respondem pelo estupro da menina.

Paula Paiva PauloDo G1 São Paulo

Adolescente foi estupada em quadra de escola em Osasco, na Grande São Paulo, em fevereiro de 2015 (Foto: Paula Paiva Paulo/G1)Adolescente foi estuprada em quadra de escola em Osasco (Foto: Paula Paiva Paulo/G1)

Aos 14 anos, uma adolescente de Osasco, na Grande São Paulo, precisa tomar remédio todas as noites para conseguir dormir. Ela tem ataques de pânico com frequência, grita e diz que quer morrer. O motivo? Há mais de um ano, a jovem foi, assim como uma adolescente no Rio de Janeiro, vítima de um estupro coletivo – praticado por 13 homens.

O recente caso que chocou o país, da garota de 16 anos que sofreu um estupro coletivo, fez a família relembrar o caso. “Foi bem parecido. O da minha filha foram 13. Alguns não foram pegos até hoje", afirma a mãe, em entrevista ao G1. Dos 13 envolvidos no crime, apenas 9 foram identificados e respondem pelo estupro da adolescente.

A adolescente foi para a casa de parentes em outro estado no começo deste ano para tentar reconstruir a vida. Os nomes dela, da mãe e dos agressores não serão revelados nesta reportagem por motivos de segurança.

Segundo a mãe, todos estão soltos e a família vive permanentemente com medo. O Tribunal de Justiça de São Paulo não confirma se todos estão soltos porque diz que o processo está em segredo de Justiça.

“A vida dela se transformou. Ela ficou muito nervosa, agressiva”, conta a mãe. Após o estupro, a menina não conseguiu voltar ao colégio e perdeu o oitavo ano do ensino fundamental. Durante todo o ano, praticamente não saiu de casa.

Ela tentou retornar aos estudos há poucos meses, mas “sofria muito bullying”, relata a mãe. Segundo ela, colegas diziam: “E aí, estuprada?”. “Ela não reagia, só chorava.”

Foi aí que a jovem decidiu estudar em outra cidade, para tentar viver sem os constrangimentos da escola em Osasco. Ela faz tratamento psicológico desde o crime. Cerca de uma vez por mês, tem ataques de pânico. “Ela começa a relembrar, treme, chora. Diz que quer morrer, que não quer viver.” De acordo com a mãe, a jovem só consegue dormir com remédios.

Ela começa a relembrar, treme, chora. Diz que quer morrer, que não quer viver"
Mãe da adolescente de 14 anos vítima de estupro coletivo em São Paulo

Assim como no Rio, os criminosos também tiraram fotos e filmaram a cena. “Dois vídeos circularam muito”, relata a mãe. A jovem teve de apagar sua conta no Facebook na época, e só a recriou o perfil tempos depois. A mãe conta que é comum ela receber ofensas em sua página atual. “Esses dias mandaram a foto [do estupro] pra ela.”

O crime mudou a vida da família toda, que tenta se recuperar. “Está quase me dando depressão”, diz a mãe. “Mas não tenho mais nem lágrimas. Elas secaram.”

A família também passa por dificuldades financeiras. Como a adolescente deixou de ir ao colégio, perdeu o benefício do Bolsa Família que recebia. A mãe, que ajudava a sustentar a casa com o marido, está afastada por um acidente de trabalho e está “sem receber do INSS”, mesmo depois de ter perdido o movimento das mãos e não conseguir dobrar a perna direita.

O crime
A adolescente foi encontrada no bairro Aliança, em Osasco, no dia 15 de fevereiro de 2015, um domingo. Ela escondia as partes íntimas com um papelão e segurava seu short jeans, rasgado e com sangue.

Uma moradora da região, que também prefere não se identificar, diz que ela estava descabelada e “quase não falava”. A moradora a vestiu, a alimentou e ligou para a Polícia Militar.

À polícia, a jovem contou que havia sido estuprada por várias pessoas e indicou os locais, na quadra da Escola Estadual Paulo Freire e em uma casa na Rua Quero-Quero. No local, foram presos em flagrante quatro jovens, de 18 a 22 anos. Também foram detidos cinco menores de idade, levados, na época, para a Fundação Casa. Os autos do processo estão no Fórum de Osasco.

A adolescente foi encaminhada ao Hospital Pérola Byington, onde passou por “exame sexológico”. O caso foi registrado no 10º Distrito Policial de Osasco.

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