13/06/2016 12h55 - Atualizado em 13/06/2016 12h57

Vence prazo para saída das famílias de prédio de cinema ocupado em SP

Prefeitura diz que prédio é de utilidade pública e deve ser usado por todos.
300 famílias que ocupavam o imóvel não deixaram o local.

Do G1 São Paulo

Terminou o prazo de três meses que havia sido dado pela Prefeitura de São Paulo para a desocupação do antigo Cine Marrocos, no Centro. No entanto, como mostrou o SPTV, as 300 famílias que ocupavam o imóvel não saíram do local.

O prédio do Cine Marrocos pertence à Prefeitura e está ocupado há cerca de três anos. Mércia Gonçalves Brito, de 57 anos, chegou ao local sem dinheiro para se sustentar e, hoje, faz e entrega marmitex.

“Não tinha como pagar o aluguel, estava totalmente sem capital nenhum. E aqui eu entrei sem nenhum real. Eles me acolheram, muito bem aqui. Eu não tinha dinheiro, eu não tinha fogão, eu não tinha exatamente nada. Hoje eu já tenho um pouquinho de cada coisa” afirma.

A dificuldade de pagar aluguel que Mércia enfrentou também é um drama para mais 187 mil pessoas na cidade.

Das 55 mil moradias prometidas pela prefeitura, apenas nove mil unidades foram entregues e 22 mil ainda estão em construção.

Em cima do Cine Marrocos funcionavam conjuntos comerciais. São essas salas que foram ocupadas.

No começo do mês, venceu o acordo feito com a prefeitura para que as pessoas saíssem aos poucos, sem reintegração de posse, e ninguém saiu.

“As famílias não tinham para onde ir, e esse acordo da nossa parte não foi cumprido. A gente não iria simplesmente entrar no espaço das famílias, arrancar os móveis delas para fora e falar ‘vocês tem que ir para a rua’. Então, a opção delas foi ficar com a gente até o final”, afirma Nildalva Silva, vice-presidente do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST).

Ex-empresário do ramo da construção civil, Reginaldo Leopoldo Duarte perdeu tudo: a empresa, a casa, os carros, a família. O Cine Marrocos é, hoje, o local onde vive também onde trabalha, pois ele faz pizzas para vender.

“Hoje dá uns 600 reais por mês, já ajuda a pagar as dívidas. Eu não consigo trabalhar porque a empresa está quebrada, um monte de ação trabalhista, aquele monte de coisa, então mal e mal eu consigo honrar com as despesas de negociação de dívidas”, afirma.

A Prefeitura de São Paulo diz que pediu a reintegração de posse do Cine Marrocos, porque o prédio é de utilidade pública e deve ser usado por toda a população. Ela diz ainda que já orientou as pessoas que estão lá para se inscreverem em programas habitacionais. A Prefeitura informa também que já entregou três edifícios com moradias populares e vai entregar mais três no centro da cidade.

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