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Próximas seis corridas serão decisivas para o futuro de Massa na Fórmula 1

Com contrato válido até o fim da temporada, brasileiro mira renovação com equipe inglesa, enquanto empresário analisa possibilidade de transferência para a Renault

header livio oricchio (Foto: Editoria de Arte)
Claire Williams afirma que Felipe Massa não está se deixando abater pela maré de azar (Foto: Getty Images)Felipe Massa defende a Williams desde 2014 (Foto: Getty Images)

Felipe Massa é bem conceituado dentro da Williams, e na própria F1, pela velocidade, constância – o único piloto a marcar pontos nas seis etapas disputadas este ano -, dedicação e liderança, tudo muito útil à equipe, mas enfrenta concorrência, e séria, para ser o escolhido para assinar mais um ano de contrato.

Como Mike O'Driscoll e Claire Williams, os profissionais que decidem no time inglês, devem definir a sua dupla de pilotos até as férias de agosto, no caso de o mercado se mexer como se espera por causa da mudança conceitual do regulamento em 2017, as próximas seis corridas do campeonato terão grande importância para Massa. Não é exagero defini-las como hora da verdade para o seu futuro na Williams e talvez até na F1.

Nunca é demais lembrar que a boa reputação, decorrente da sua importância no ressurgimento da Williams, espalhada no paddock por ninguém menos do diretor técnico, Pat Symonds, pode levá-lo a outra escuderia. E a que Massa se encaixaria muito bem é a da montadora francesa Renault, em fase de reestruturação.

Pat Symonds, diretor técnico da Williams (Foto: Getty Images)Pat Symonds, diretor técnico da Williams (Foto: Getty Images)

Aos 35 anos, a experiência dos 235 GPs de Massa, hoje, com 11 vitórias, 41 pódios e 16 poles, teria grande valor para a Renault, como teve para a Williams nos dois últimos anos, depois da pior temporada da sua história, em 2013, nona, com 5 pontos, apenas.

Nicolas Todt, empresário de Massa, conversa também com os franceses no caso de seu piloto ser preterido na Williams. Um bom trabalho nos seis GPs a seguir no Mundial, conforme mencionado, no entanto, darão um impulso grande para Massa continuar na Williams.

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Pistas boas para a Williams

“Na F1 você vale, essencialmente, pelo que fez nas últimas corridas”, costuma dizer Flavio Briatore, ex-chefe de equipe campeão do mundo com a Benetton, em 1994 e 1995, e Renault, 2005 e 2006. A boa notícia para Massa é que quatro dos próximos seis circuitos do calendário têm histórico de serem bem favoráveis ao carro da Williams. Bons resultados sempre impressionam.

Se valer o que o modelo de 2014 e o de 2015 fizeram no Canadá, Áustria, Inglaterra e Alemanha (ver a tabela), o FW38-Mercedes deste ano pode permitir a Massa e ao companheiro, Valtteri Bottas, somarem muitos pontos nessas provas. A exceção é a pista de Budapeste, por causa das suas curvas de baixa velocidade, onde a Williams apresenta dificuldades.

Retrospecto da Williams é favorável nas próximas etapas da temporada (Foto: GloboEsporte.com)Retrospecto da Williams é favorável nas próximas etapas da temporada (Foto: GloboEsporte.com)

Mas em Montreal, dia 12, Spielberg, 3 de julho, Silverstone, 10, e Hockenheim, 31, muito provavelmente Massa vai dispor de um monoposto capaz de lhe permitir estar mais à frente nas corridas do que até agora este ano. E não pode desperdiçar a chance se as coisas seguirem seu curso normal.

Logo depois da etapa no Circuito Gilles Villeneuve, em Montreal, a F1 desembarca no Azerbaijão, estreia do país no calendário, dia 19. Novidade para todos na F1. O traçado de 6.006 metros de extensão, 20 curvas, na capital do país, Baku, deverá ser a pista de rua mais veloz da história.

Reprodução Circuito Baku Fórmula 1 (Foto: Reprodução Google)Reprodução Circuito Baku Fórmula 1 (Foto: Reprodução Google)

O segmento que se estende da curva 16, 17, 18, 19 e 20, todas muito abertas, até a freada da curva 1, cerca de 2 mil metros, um terço do circuito, será percorrido flat out, em aceleração máxima. É maior que o de 1.300 metros existente da saída da curva 12, em Xangai, até a freada da curva 14, no fim da grande reta. A 13 na China também é flat out. Há uma elevada possibilidade de o FW38 de Massa e Bottas ser rápido também em Baku.

Circuito de Baku (Foto: Divulgação)Circuito de Baku (Foto: Divulgação)


A Williams terminou em terceiro os dois últimos campeonatos, os do início da tecnologia híbrida na F1. Este ano ocupa apenas o quarto lugar. A RBR deu um grande salto de performance com o avanço da unidade motriz Renault e deixou a Williams para trás. O chassi do modelo RB12 de Daniel Ricciardo e Max Verstappen é excepcional, a ponto de a RBR já ameaçar a vice-liderança da Ferrari. Depois de seis etapas, a Williams soma 66 pontos enquanto a RBR, terceira, 112, logo atrás da Ferrari, 121. A Mercedes está bem na frente, 188.

Esse é um fator importante na definição dos pilotos da Williams para 2017. Se o time que já venceu sete vezes o Mundial de Pilotos e nove o de Construtores terminar em terceiro, pouco provável, O'Driscoll e Claire terão maior liberdade para escolhê-los, ouvirão mais Symonds. A organização receberia da Formula One Management (FOM) um valor maior do que se terminar em quarto, resultado mais realista. A diferença está quase na casa do que a Williams paga para a Mercedes pelo uso da sua unidade motriz, cerca de 18 milhões de euros.

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Com quem Massa concorre?


Um nome é quase certo, Jenson Button, atualmente na McLaren-Honda. Semana passada, Ron Dennis, sócio e diretor da escuderia, falou em alto e bom som que o jovem e talentoso belga Stoffel Vandoorne, seu terceiro piloto, não está disponível para ninguém. A Renault se interessou por ele. Deverá ocupar a vaga de Button na McLaren em 2017, para correr ao lado de Fernando Alonso.

Button interessa a Williams. Apesar dos 36 anos é um triatleta e compete na F1 ainda em alto nível. Ajuda ser inglês. Foi campeão do mundo, em 2009, com a Brawn GP, e tem no currículo, hoje, 290 GPs, 15 vitórias, 50 pódios e 8 poles. Em 2000, aos 20 anos, depois de uma temporada de estreia na F1 muito boa, oitavo colocado, na própria Williams, aceitou o convite da Benetton. E por pouco sua carreira não acabou ali. A relação com Briatore foi das mais tensas.

Jenson Button (Foto: Getty Images)Jenson Button interessa a Williams (Foto: Getty Images)

A Renault também conversa com Button. Ele aceitaria ganhar menos dos 12 milhões de euros atuais pagos por Dennis. E tem, ainda, a Ferrari nessa história. O campeão do mundo de 2009 faz parte da lista dos italianos. Kimi Raikkonen dá sinais inequívocos de estar na curva descendente como piloto. Disputa uma boa prova e duas, três ruins.

O inglês tem o perfil de piloto que a montadora francesa, em especial, procura, o mesmo de Massa, um piloto experiente, importante numa mudança de regulamento severa, como a de 2017, e ainda eficiente. E a Ferrari por saber que Button seria mais constante que Raikkonen, por vezes pressionaria Sebastian Vettel também. As duas escuderias têm outros candidatos.

É provável que O'Driscoll e Claire não tenham estabelecido prioridade para Button, no confronto com Massa, no caso de ele estar disponível no mercado. Massa eles conhecem e sabem de que forma poderá contribuir para a equipe. Button, apenas supõem. 

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Para os engenheiros, ficaria tudo como está


“Eu tenho 30 anos de F1 e nunca vi uma dupla de pilotos trabalhar tão bem junta como a nossa”, afirmou ao GloboEsporte.com, Symonds, no ano passado. Se depender da área técnica, a permanência de Massa e Bottas na Williams tem o seu voto. O finlandês está mais próximo de ter o contrato renovado. Curiosamente, soma menos pontos de Massa, 29, oitavo colocado, diante de 37 de Massa, sétimo.

Outros aspectos interessante no confronto entre os dois pilotos da Williams são os desdobramentos da melhora significativa de Massa a partir da segunda metade de 2014, quando passou a ser mais constante, eficiente. O primeiro foi a revalorização de Massa, depois da má imagem deixada nos últimos anos de Ferrari, como companheiro de Alonso.

Felipe Massa Valtteri Bottas (Foto: Divulgação/Williams)Felipe Massa e Valtteri Bottas fazem dupla na Williams desde 2014 (Foto: Divulgação/Williams)

E o segundo foi a redução do valor do passe de Bottas no mercado, haja vista que hoje ele não está, ao menos com força, na lista de Mercedes e Ferrari, como já esteve. Em 2014, em razão do mau início de campeonato, Massa somou 134 pontos, sétimo colocado, com três pódios. Bottas, 186, quarto, seis pódios. No ano passado, Massa fez 121 pontos, sexto, 2 pódios, e Bottas, 136, quinto, dois pódios.

A Williams vem sendo procurada por empresários de vários pilotos, alguns com patrocinadores dispostos a investir alto na equipe. A razão é a possibilidade de Ed Wood e Jason Somerville, os responsáveis pelo projeto dos carros nos últimos anos, desfrutarem do avanço da engenharia da Williams para produzir um carro que permita a seus pilotos mais do que os modelos de 2014 e 2015 e o FW38 deste ano. A revisão das regras dá essa oportunidade.

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Nasr é candidato

Felipe Nasr Williams  (Foto: David Abramvezt)Felipe Nasr foi reserva da Williams em 2014 e agradou a equipe (Foto: David Abramvezt)

Não é segredo que Steve Robertson, empresário de Felipe Nasr, busca um novo espaço para seu talentoso piloto. Seus dois maiores focos são a Williams e a Renault. O contrato de Nasr com o Banco do Brasil é de dois anos, portanto acaba no fim desta temporada.

Mas o retorno proporcionado é grande, apesar das limitações por vezes até embaraçantes do brasiliense, nesta temporada, com o C35-Ferrari da Sauber, modelo que disputa com o MRT05-Mercedes da Manor o título de carro mais lento do campeonato. Nasr deve continuar sendo patrocinado pelo Banco do Brasil, fundamental para ele seguir na F1. As vagas para pilotos sem patrocinadores são raras.

Apesar de Nasr acreditar não precisar dispor de equipamento para expor sua capacidade, para impressionar quem escolhe os pilotos, não é bem assim. Apenas lutar para não largar na última fila e não ocupar, regularmente, as últimas colocações, certamente não ajuda a formar uma imagem positiva, por mais atenuantes que existam, decorrentes da falta de competitividade do C35.

Mas Nasr já foi um piloto de testes elogiado na Williams, em 2014. Deixou seu cartão de visita para O'Driscoll e Claire, além de ter realizado notável trabalho na Sauber, no ano passado, na sua estreia na F1. Isso tudo mais o patrocínio do Banco do Brasil e os interesses de manter um brasileiro na F1 o colocam na lista do time inglês.

Gostariam, ainda, de competir pela Williams o russo Daniil Kvyat, atualmente na STR, prestes a fechar um pacote elevado de investimento com empresários do seu país, e o alemão Pascal Wehrlein, com apoio da Mercedes. Ele é da academia da montadora. As conversas entre empresários e chefes de equipe fazem parte da F1. Mas bater o martelo é outra história, muitos fatores interferem no processo de escolha.

Felipe Nasr Williams (Foto: Divulgação)Felipe Nasr em ação como piloto de testes da Williams (Foto: Divulgação)

A Williams tem ainda dois ou três meses para ver o que é melhor para si, também em função do orçamento estimado para 2017, ano de custos elevados por causa do maciço investimento que os novos modelos, com chassi e pneus mais largos, e unidades motrizes mais potentes, exigirão para serem desenvolvidos.

Para Massa, o primeiro desafio é mudar o seu histórico no GP do Canadá, já a partir dos primeiros treinos livres, dia 10. O Circuito Gilles Villeneuve não está dentre os que obteve seus melhores resultados. Em 13 temporadas de F1, por exemplo, nunca largou na primeira fila e nunca chegou ao pódio.

Suas melhores colocações em Montreal foram um quarto lugar, em 2005, com Sauber; dois quintos, em 2006 e 2008; dois sextos, 2011, todos com Ferrari, e 2015, Williams; um oitavo, 2013, e um décimo, 2012, ambos com Ferrari.