03/09/2015 00h43 - Atualizado em 03/09/2015 00h47

1º mês da Nota Fiscal Amazonense soma 2 mil empresas denunciadas

Nota fiscal com CPF é obrigatória em estabelecimentos desde 3 de agosto.
Segundo Sefaz, 40 empresas já foram lacradas por irregularidades.

Diego Toledano e Sérgio RodriguesDo G1 AM

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Equipamento vistoriado durante fiscalização da Sefaz-AM (Foto: Divulgação/ Sefaz-AM)Estabelecimentos são obrigados a oferecer CPF na nota (Foto: Divulgação/ Sefaz-AM)

A implantação da Nota Fiscal Amazonense - que possibilita a inserção do CPF do cliente no documento - completa um mês nesta quinta-feira (3). Segundo informações da Secretaria de Fazenda do Estado do Amazonas (Sefaz-AM), o mês de agosto somou cerca de 2.100 empresas denunciadas por não oferecer o serviço ao consumidor. Deste total, 40 foram lacradas por irregularidades fiscais.

O levantamento de empresas denunciadas por não oferecer o CPF na nota foi realizado entre os dias 3 e 31 de agosto. Em entrevista ao G1, o titular da Sefaz, Afonso Lobo, informou que o segmento de bares e restaurantes lidera a lista de reclamações dos clientes.

"Foram, sem dúvida, os mais denunciados. Clientes nos relataram dificuldade não só na questão do CPF na nota, mas na hora de solicitar [inclusive] apenas a nota simples", contou.

A medida obriga todos os tipos de empresas não só a possuir o sistema com CPF na nota, mas a oferecer o serviço aos clientes na hora do pagamento por serviços e produtos. Os Microempreendedores Individuais (MEIs) - que possuem faturamento de até R$ 5 mil por mês -  não são obrigados a emitir Nota Fiscal.

Segundo Lobo, os estabelecimentos que não incluírem o CPF na nota estão sujeitos a multa de R$ 300. "Todo varejista precisa ter nota, sem exceção. Essa campanha tem o objetivo de fazer com que os estabelecimentos entendam que é preciso estar formalizado. O custo tributário já está embutido no preço oferecido, então, se ele não paga, ele coloca no próprio bolso e isso não é justo", explicou o secretário.

Lobo ressaltou que o estabelecimento é obrigado a oferecer o CPF na nota fiscal em todas as situações. "Se o cliente não quiser, é uma escolha dele. A questão é que todo varejista, repito, sem exceção, tem que dar a nota fiscal e oferecer a opção de incluir o documento do cliente", disse.

O G1 foi às ruas e visitou alguns estabelecimentos comerciais. Na Zona Centro-Sul da capital, uma professora, que não quis se identificar, disse ao G1 que realizou compra em uma panificadora localizada na Avenida Darcy Vargas, mas o estabalecimento não emitiu nota fiscal. "A atendente do lugar me entregou apenas um recibo de controle interno da padaria. Não é a primeira vez que isso acontece. Vou começar a pedir e exigir que emitam a nota fiscal com meu CPF", declarou.

A reportagem tentou contato com a gerência do panificadora, mas não obteve sucesso.

Em uma farmácia localizada na Avenida Ephigênio Salles, também na Zona Centro Sul da cidade, o G1 testou o atendimento do local, que emitiu a nota sem perguntar sobre a inclusão do CPF. Questionado, o gerente Alexandre Almeida, de 31 anos, informou que os funcionários foram orientados a perguntar dos clientes, porém, em casos de produtos com valores menores os clientes não pedem ou não se importam.

Gerente de farmárcia explicou que maioria dos clientes dispensam CPF na nota (Foto: Sérgio Rodrigues/ G1 AM)Gerente de farmárcia explicou que maioria dispensa
CPF na nota (Foto: Sérgio Rodrigues/ G1 AM)

"É claro que eles são orientados a perguntar sempre, mas, quando são coisas mais simples, o cliente até prefere que seja rápido. Também temos muitos casos onde os clientes não desejam o CPF na nota porque acreditam que o governo vai observar seus gastos, ligam isso diretamente com o imposto", disse.

 O cliente que deseja refazer a nota com o CPF incluso necessita apenas solicitar o pedido ao atendimento. "Temos aqui um formulário interno e realizamos o cancelamento da nota anterior para emitir uma nova com o CPF. Não temos problemas quanto a isso", afirmou Almeida.

Heron Rizzato não foi questionado sobre o CPF na nota  (Foto: Sérgio Rodrigues/ G1 AM)Heron Rizzato não foi questionado sobre o CPF
na nota (Foto: Sérgio Rodrigues/ G1 AM)

Em uma rede de lanchonetes localizada na Avenida Darcy Vargas, o G1 também adquiriu um produto sem ser questionado sobre o CPF. Ao ser solicitada, a atendente afirmou que não poderia emitir uma nova nota, uma vez que o CPF teria de ser informado no começo da operação. A gerência do local, que afirmou não ter autorização para dar entrevista, explicou que a nota poderia ser cancelada, mas que o sistema era mais complicado que outros estabelecimentos.

Nota de Heron foi emitida sem o CPF  (Foto: Sérgio Rodrigues/ G1 AM)Nota de Heron foi emitida sem o CPF
(Foto: Sérgio Rodrigues/ G1 AM)

Ao sair da lanchonete, o universitário Heron Rizzato, de 24 anos, disse que o atendimento não lhe perguntou sobre o CPF na nota. "Venho aqui muitas vezes e tem atendentes que perguntam e outros que não. Acho que até por causa da pressa do cliente", frisou.

Ainda que a campanha seja divulgada diariamente, ainda existem estabelecimentos que não possuem o sistema de CPF na nota. A borracharia em que o gerente Celso Moita trabalha abriu há uma semana na Zona Oeste de Manaus e ainda está no processo de regularização.

"Estamos com um contador para realizar essa parte da nota fiscal com CPF para agilizar tudo. Temos até questionado os clientes sobre a nota e a maioria não faz questão. Estamos conhecendo a clientela agora, mas vamos nos adequar com certeza", alegou.

Sorteios
Quando o consumidor coloca o CPF na nota fiscal e está cadastrado no sistema da Sefaz, ele automaticamente participa de sorteios que vão de R$ 50 a R$ 1 mil. Segundo a secretaria, cerca de 2,9 mil pessoas já foram sorteadas - quantidade que soma cerca de R$ 174 mil em prêmios  no primeiro mês do programa.

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