Edição do dia 04/09/2015

05/09/2015 00h43 - Atualizado em 05/09/2015 01h15

Livro revela bastidores da vida de John Lennon em Nova York

Nelson Motta

O presidente dos Estados Unidos contra um beatle. Adivinhe quem ganhou a parada? Um livro revela os bastidores de um dos períodos mais criativos e polêmicos da vida de John Lennon, quando ele se mudou para Nova York. John Lennon nos EUA é o tema da coluna de Nelson Motta:

Sem ter a musicalidade de Paul Mc Cartney nem o talento instrumental de George Harrison, com sua personalidade, sua inteligencia, seu humor e sua criatividade, John Lennon sempre foi o meu Beatle favorito. E um dos períodos mais importantes é sua mudança para a fervilhante Nova York de 1971, que agora é tema do livro de James Mitchell.

A vida de John Lennon mudou quando ele encontrou aquela artista plastica japonesa numa galeria de arte. E mudou mais ainda quando eles foram morar em Nova York, que vivia um grande momento politico e cultural.

Com o fim dos Beatles, John estava a todo vapor com sua carreira solo, que ia além da música. Queria participar dos movimentos sociais e lutar contra a Guerra do Vietnã. E foi morar no bairro boêmio de Greenwich Village como um hippie qualquer.

Logo que chegou John deu uma demonstração de seu poder, quando apoiou o ativista radical John Sinclair, que estava preso há dois anos e condenado a dez pela pose de dois cigarros de maconha. Bastou John Lennon cantar "Let Him Be, Set Him Free" para um novo julgamento libertar Sinclair.

Abusando de sexo e de drogas, John foi mandado embora por Yoko e fugiu para Los Angeles, onde viveria um dos piores periodos da sua vida, em uma dor de corno monumental e fumando, cheirando e bebendo até cair. Até que Yoko o perdou e ele voltou a Nova York para começar outra vida.

Sob a influência de Yoko, John virou feminista ardoroso, defendendo os direitos da mulher e dividindo os trabalhos de casa com Yoko, depois foi apoiador do grupo radical Panteras Negras e se tornou um herói catedrático: fazia mais comícios do que shows.

Por seu enorme poder politico e cultural sobre a juventude e por sua atitute anárquica e provocativa, John era visto como um perigoso subversivo pelo Governo Nixon e foi perseguido implacavalmente pelo FBI, que quase conseguiu deportá-lo, mas John virou o jogo e conseguiu um espetacular vitória nos tribunais.

Com o ambiente politico e cultural fervendo em um periodo de grandes transformações, Nova York se revelou a cidade ideal para John Lennon se desenvolver como artista, produzindo alguns dos seus melhores discos e se tornando o lider anárquico de uma geração que queria muito mais do que sexo, drogas e rock and roll.