19/05/2016 07h35 - Atualizado em 19/05/2016 07h35

Mostra ‘Abbas Kiarostami’ no DF tem ‘Close-up’ e bate-papo com crítico

Filme traduz história de diretor, diz curador; sessão começa às 19h no CCBB.
Mateus Araújo e Fábio Savino conversam com o público a partir das 21h.

Do G1 DF

Cena do filme "Close up", de Abbas Kiarostami (Foto: Celluloiêd Dreams/Divulgação)Cena do filme "Close up", de Abbas Kiarostami (Foto: Celluloiêd Dreams/Divulgação)

A mostra “Um filme, cem histórias: Abbas Kiarostami”, que faz uma retrospectiva da obra do cineasta iraniano no Centro Cultural Banco do Brasília de Brasília, exibe nesta quinta (19) a produção “Close-up”, considerado pelo diretor um de seus principais trabalhos. A noite reserva também um bate-papo com o crítico de cinema Mateus Araújo.

A sessão com o filme aconteceu às 19h. O debate acontece logo depois, às 21h. A conversa tem participação do curador da mostra, Fábio Savino. O festival teve início no último dia 4 e termina na próxima segunda-feira (23).

A conversa entre crítico, curador e o público tem como ponto de partida o filme “Close-up”, rodado em 1990. Araújo vai abordar a relação do cinema com a vida social iraniana trazida pelo filme. Segundo Savino, a produção é, “de certa forma, o filme que mais trabalha e retrata o pensamento de Kiarostami sobre o cinema”.

“A mistura entre ficção e documentário é elevada a uma potência nunca antes vista e toda a construção de planos, estrutura narrativa e enquadramento são característicos e presentes em todo o restante da obra do diretor”, diz o curador.

Mateus Araújo é conhecido pelo trabalho na organização de mostras de cinema e na tradução de obras cinematográficas. Doutor em filosofia pela Universidade de Paris e pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), ele chegou a realizar um número especial para a revista francesa Magic Cinéma sobre a obra de Glauber Rocha.

Cena de 'Gosto de Cereja', obra do cineasta iraniano Abbas Kiarostami (Foto: Reprodução)Cena de 'Gosto de Cereja', de Abbas Kiarostami
(Foto: Reprodução)

O crítico também é professor de teoria e história do cinema na Escola de Comunicação e Arte, da Universidade de São Paulo (ECA-USP), ensaísta e tradutor.

Mostra de cinema
A programação oferece sessões com as principais obras e títulos raros, como “O relatório”, curta que foi considerado perdido durante anos. Outras raridades são os curtas “O nascimento da luz”, de 1997, e “No”, de 2010. A mostra também tem como atração o filme/instalação “Five” eas produções do início da carreira, como “O pão e o beco”, “O viajante” e “A experiência”, todos em 35 milímetros.

Os premiados “O gosto da cereja”, vencedor da Palma de Ouro em Cannes, em 1997, e “O vento nos levará”, que levou o Prêmio Especial do Júri, no Festival de Veneza, em 1999, também estão na programação.

Abbas Kiarostami é considerado um dos principais nomes do cinema contemporâneo, que ganhou importância a partir dos anos 1990. No Brasil, poucos títulos dele foram exibidos, alguns apenas em festivais. Segundo o curador da mostra, Fábio Savino, o evento do CCBB teve o intuito de abrir oportunidade para o público perceber o amadurecimento da obra do diretor ao longo dos anos.

Juliette Binoche em 'Copie conforme' (Foto: Divulgação)Os atores William Shimell e Juliette Binoche em "Cópia fiel", de Abbas Kiarostami (Foto: Divulgação)

“Kiarostami é hoje considerado de um grandes nomes do cinema contemporâneo mundial, muitas vezes sendo tratado como gênio. Sua atuação marcou e ainda marca muito cineastas que, apesar de não fazerem citações diretas, está presente em muitos trabalhos. Também influenciou toda uma nova geração do cinema iraniano, como Jafar Panahi; cineasta com o qual colaborou em diversos projetos”, afirma Savino.

O cineasta Abbas Kiarostami (Foto: Marion Stalens/Divulgação)O cineasta Abbas Kiarostami
(Foto: Marion Stalens/Divulgação)

Do Irã para o mundo
A carreira de Kiarostami tem início em 1970, quando ele foi nomeado diretor do
Departamento de Audiovisual do Instituto para o Desenvolvimento Intelectual das Crianças e Adolescentes (Kanun). Um ano depois, ele assinou seu primeiro curta, “O pão e o beco”.

O Kanun foi uma entidade pública que teve grande importância no Irã no final da década de 1960 e abriu as portas para cineastas como Bahram Beizaie, Amir Naderi, Reza Alamzadeh e Sohrab Xáid-Slaes. O conceito da instituição tem importância nas obras de Kiarostami e de todos os diretores que passaram por lá.

A estreia do cineasta em película, assim como “O viajante”, são produções exibidas poucas vezes e que estão disponíveis na mostra. “Vê-los em 35 milímetros, sua bitola original, é ainda mais raro. Poder ver a triologia de Koker [região do Irã onde se passam as histórias] – “Onde fica a casa do meu amigo?”, “E a vida continua” e “Através das Oliveiras” –  é também muito raro e uma experiência cinematográfica única”, diz Savino. “Onde fica a casa do meu amigo?”, de 1987, é a produção que fez o cineasta ficar conhecido no mundo.

Um filme, cem histórias: Abbas Kiarostami

Local: CCBB de Brasília
Endereço: SCES Trecho 2 – Brasília
Data: até segunda (23)
Ingressos: R$ 10 (inteira); R$ 5 (meia)
Informações: 61 3108-7600

Programação

Dia 19

19h – Close-up
21h – Palestra com Mateus Araujo

Dia 20

17h – Lumière et compagnie
18h45 – Um alguém apaixonado
20h50 – Através das oliveiras

Dia 21

15h45 – Abbas Kiarostami, verdade e ilusões
17h – Cinco (Cinco longos planos dedicados a Yasujiro Ozu)
19h – Dez
21h – Dez sobre 10

Dia 22

15h – O relatório
17h – O pão e o beco + O recreio + A experiência
19h – O viajante
21h - No +  O coro + Traje de casamento

Dia 23

16h45 – O vento nos levará
19h10 – O nascimento da luz +  Gosto de cereja
21h10 – Close-up

veja também
Shopping
    busca de produtoscompare preços de