21/05/2016 07h03 - Atualizado em 21/05/2016 09h04

Documentário brasileiro 'Cinema Novo' ganha prêmio em Cannes

Documentário de Eryk Rocha, filho de Glauber Rocha, levou 'Olho de Ouro'.
'Cinema Novo' fala sobre movimento cinematográfico no país nos anos 60.

Do G1, em São Paulo

Cena de Cinema Novo, ganhador de prêmio em Cannes. (Foto: Divulgação)Cena de filme de Cacá Diegues faz parte do longa ganhador de prêmio em Cannes. (Foto: Divulgação)

O documentário “Cinema Novo”, de Eryk Rocha, sobre o movimento cinematográfico nascido no Brasil que revolucionou a criação artíticas nos anos 1960 e 1970, ganhou neste sábado (21) o “Olho de Ouro” do Festival de Cannes, anunciaram os organizadores.

"Cinema Novo é um filme-manifesto sobre a vigência de um movimento cinematográfico quase esquecido dos anos 1960", indicou o júri do prêmio, disputado pelos documentários apresentados em Cannes.

O júri foi presidido pelo cineasta italiano Gianfranco Rosi, vencedor este ano do Urso de Ouro em Berlim com o documentário "Fuocoammare", sobre os refugiados que chegam pelo mar à Europa a partir da África.

Eryk Rocha, filho de Glauber Rocha, mostrou em Cannes "Cinema Novo", um documentário poético sobre o movimento cinematográfico, um dos mais importantes da América Latina e que revolucionou a criação artística nos anos 1960 e 1970.

Filho do cineasta Glauber Rocha, Eryk Rocha, segue os passos do pai e lança filme em Tiradentes (Foto: Pedro Cunha / G1)Filho do cineasta Glauber Rocha, Eryk Rocha,
em imagem de arquivo. (Foto: Pedro Cunha / G1)

O filme brasileiro premiado, de 90 minutos, é um ensaio poético sobre o movimento cinematográfico, e inclui trechos de filmes da época e depoimentos de seus principais expoentes, como Nelson Pereira do Santos, Leon Hirszman, Joaquim Pedro de Andrade, Ruy Guerra, Walter Lima Jr., Paulo César Saraceni e Glauber Rocha, pai do realizador.

Este é o sétimo filme de Eryk Rocha ("Jard", 2013), que, aos 38 anos, produziu, principalmente, documentários.

"Senti necessidade de retornar às raízes cinematográficas do meu país, de olhar um pouco para a história do seu cinema e sua história política, para me perguntar por que faço cinema", explicou Rocha durante uma entrevista à AFP em Cannes. "O Cinema Novo sempre foi uma referência essencial na minha formação e no meu desejo de fazer cinema, foram filmes muito importantes na minha vida."

Segundo o realizador, "era uma forma de produzir um diálogo com outra geração, e o filme nasce a partir deste diálogo cinematográfico".

Exibido na seção Cannes Classics, o documentário mergulha na aventura criativa daqueles diretores que criaram uma nova maneira de fazer cinema, para aproximá-lo do povo, na efervescência dos movimentos de contestação daquela época.

"O Cinema Novo tinha outra ideia de coletividade", explicou Rocha. "Havia projetos coletivos, e isto era muito importante, porque unia as pessoas, apesar da diversidade estética do movimento, com olhares muito distintos dos autores, mas com pontos em comum muito importantes."

Os cineastas deste movimento paralelo à Nouvelle Vague francesa preconizavam uma revolução cultural no Brasil, olhar sua realidade e se comprometer com a mesma.

"O Cinema Novo foi sendo feito à medida que crescia com energia e paixão", lembrou o filho de Glauber Rocha, que acredita que, "hoje, há pouco espaço para a reflexão, para pensar o sentido real da vida e o sentido real de se fazer arte".

"Fazer este filme hoje é me perguntar onde está a paixão do cinema como pensamento, e seu lugar como ação política."

Segundo o júri, "'Cinema Novo' é um ensaio impressionista de um novo estilo, que nos lembra que o cinema pode ser, ao mesmo tempo, político e sensual, poético e comprometido, formal e narrativo, ficcional e documental".

 

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