Estreia nesta quinta-feira (26) nos cinemas o documentário “São Sebastião do Rio de Janeiro – a formação de uma cidade”, que busca contar a história dos 450 anos da Cidade Maravilhosa pelo viés urbanístico (assista ao trailer acima).
Idealizado e dirigido por Juliana de Carvalho, o filme conta com depoimentos de personalidades e especialistas em diferentes áreas como Ruy Castro, Sergio Cabral, Milton Teixeira, Tânia Andrade, Alba Zaluar, Sergio Besserman, Carlos Fernando de Andrade, Augusto Ivan, entre outros, que ajudam a contar, a partir de seus pontos de vistas, histórias sobre a cultura, o meio ambiente, a arquitetura e o urbanismo do Rio.
Para as filmagens que ilustram o passado foram usadas imagens fotos e trechos de filmes, obtidos em arquivos de cerca de 30 instituições do Brasil, França e Inglaterra, além de uma maquete 3D que ilustra a evolução da ocupação do Rio.
Para mostrar o Rio atual, foram registradas imagens com utilização de drones, barco, helicóptero e câmera-car. Para ilustrar o passado há também.
Um dos grandes destaques do filme é a trilha sonora. Conforme assinalado pela Bang Filmes, produtora da obra, “o Rio de Janeiro é uma cidade tão cantada que seria possível contar a sua história somente através da música”. Lucas Marcier e Fabiano Krieger fizeram uma seleção de obras musicais de diferentes épocas e autores, misturada com faixas inéditas, que ajudasse a narração, marcando as mudanças de assunto e tornando a narrativa mais dinâmica, pontuando as emoções.
Embora o viés urbanístico pontue a narrativa do filme, há vários recortes possíveis para se contar a história do Rio e que estão bem demarcados no documentário. A pedido do G1, a diretora Juliana de Carvalho destacou cinco temas que, para ela, são marcas registradas da formação da Cidade Maravilhosa. Cada um possui um teaser relacionado. Confira abaixo.
Samba:
O bloco do samba é a minha parte favorita do filme. É incrível realizarmos a ideia de que em meio ao sofrimento dos negros durante escravidão eles criaram o samba. Adilson dos Santos nos conta que foi na Pedra do Sal, onde os negros se reuniam nas horas de lazer, que se iniciaram os primeiros batuques e a cadência foi sendo criada. As imagens multicoloridas das escolas de samba no sambódromo foram cedidas por Cacá Diegues e fazem parte das filmagens de seu filme “Orfeu da Conceição”.
Trens:
Nei Lopes nos conta que o interior (os subúrbios) do Rio foi criado pela linha do trem. O trem que ligava as plantações de café ao porto. Foram os ingleses que financiaram tanto a abertura dos linhas dos trens como mais tarde os bondes. A estação de Marechal Hermes ainda nos mostra bem a influência inglesa em sua arquitetura. E a primeira estação se chamava Mangueira.
Prédios
Se observarmos a cidade do Rio podemos identificar várias camadas do tempo em sua diversificada arquitetura. Em todas as épocas o Rio foi um canteiro de obras e reformas, que andavam juntas com ricos lançamentos imobiliários. No Império, D. João criou um incentivo fiscal para que se ocupasse a região junto ao Campo de Santana, o resultado desse empreendimento é hoje o Saara.
Bossa Nova
Tom Jobim dizia que o Brasil só seria feliz, “quando todos pudessem morar em Ipanema”, nos diz Ruy Castro. Ipanema, praia dos sonhos, pequena faixa de areia onde o sol mora. A bossa nova ter se originado em Ipanema não é uma coincidência, a natureza local participou da criação do ritmo brasileiro que primeiro ganhou o mundo. Fez da mulher brasileira musa e desse recanto sinônimo de felicidade.
Bicicletas
Dizem alguns dos urbanistas que a multiplicidade do transporte é o futuro. Parte do seu trajeto você faz a pé, parte de bicicleta, parte de trem, parte de carro. Com certeza temos que diminuir a dependência do carro. A mobilidade urbana, na minha opinião, é o grande desafio do Rio. Integrar a cidade, rompendo as barreiras naturais da estreita faixa de terra e das grandes montanhas de rocha não é trabalho fácil. A bicicleta é meio de transporte saudável e sustentável. Investir em ciclovias é primordial, mas é preciso segurança e responsabilidade com a fragilidade desse transporte.
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