RIO — Morreu nesta sexta-feira o ator Rubén Aguirre, o Professor Girafales do seriado "Chaves". A notícia foi dada no Twitter por Edgar Vivar, intérprete do Senhor Barriga. Aguirre tinha 82 anos, sofria de diabetes e havia sido internado no início do mês com um quadro grave de pneumonia. A notícia foi dada na internet por Edgar Vivar, o Senhor Barriga.
"Meu professor favorito, descanse em paz. Hoje meu grande amigo Ruben Aguirre parte deste mundo. Sentirei muitas saudades", escreveu Edgar em seu perfil na rede social.
Mi profesor favorito descansa en paz...Hoy mi gran amigo Rubén Aguirre parte de este plano .
Te extrañaré mucho
Na internação por pneumonia, Aguirre ficou no hospital por 11 dias, recebendo alta em 9 de junho. Além da diabetes, ele sofria também de cálculos na vesícula e problemas de coluna. Desde 2007 usava uma cadeira de rodas, por conta de um acidente de carro sofrido junto com a mulher, Consuelo Reyes.
Recentemente, Aguirre emocionou os fãs de "Chaves" ao se reencontrar com Florinda Meza, a Dona Florinda, e cantar junto com ela “Somos cursis”, tema do episódio "O professor apaixonado", com a ajuda de um grupo de mariachis.
Florinda também lamentou a morte do amigo em suas redes sociais:
Muy triste. Perdí a mi amigo Rubén, se acaba una era maravillosa, mis condolencias a su familia.
pic.twitter.com/8wHWB09Yxt
Os fãs de Chaves vão se lembrar que o professor Girafales e Dona Florinda vivem um caso romântico no programa de humor que marca gerações há quase 40 anos. O vídeo foi publicado no grupo de Facebook Fórum Chaves.
Carlos Villagrán, o Kiko, disse que "a vizinhança está acabando". "Se foi nosso querido professor, nossa querida vizinhança está se reunindo no céu. Que descanse em paz meu querido Rubén Aguirre, meu professor favorito"
Maria Antonieta de Las Nieves, a Chiquinha, postou uma foto entre Aguirré e Roberto Bolaños, o Chaves, morto em 2014
Aguirre nasceu em Saltillo, no México, em 15 de junho de 1934. Se formou engenheiro agrônomo, mas começou a trabalhar muito cedo exercendo funções como locutor de rádio, ventríloco, ator, narrador de touradas, entre outras. Trabalhava como executivo de televisão quando conheceu Roberto Bolaños, o Chaves, e foi chamado para participar do programa.
Ao lançar sua autobiografia em 2015, "Después de usted", Aguirre lembrou que nenhum dos atores de "Chaves" eram famosos quando o programa começou. Roberto Bolaños apenas fazia algumas esquetes, Maria Antonieta de las Nieves (Chiquinha) era dubladora, Carlos Villagrán (Kiko) era fotógrafo e Ramón Valdés (Seu Madruga) fazia pequenos papéis nos filmes de seu irmão, o comediante Tin Tan.
Mais conhecido como Chespirito, apelido inspirado em Shakespeare, Bolaños foi o idealizador e protagonista das séries 'El Chavo del Ocho' (criado em 1972) e 'El Chapulín Colorado' (1970). Foi casado de 1956 a 1989 com Graciela Fernández Pierre, com quem teve seis filhos. Morreu em 29 de novembro de 2014, aos 85 anos, após uma parada cardíaca.
María Antonieta de las Nieves (Chiquinha)
Maria Antonieta era dubladora quando começou a trabalhar com Bolaños. Depois do fim das séries de TV, continuou interpretando Chiquinha, o que acabou resultando em um processo pelos direitos autorais da personagem. Apesar de já ter anunciado sua aposentadoria, voltou a fazer shows como Chiquinha em 2016.
Carlos Villagrán (Kiko)
Villagrán se juntou ao elenco por intermédio do amigo Rubén Aguirre, o professor Girafales. Saiu brigado com Bolaños e com a Televisa, tendo que deixar o México para interpretar o Kiko, por disputas pelos direitos autorais. Em 2017, participou do filme 'Como se tornar o pior aluno da escola', de Danilo Gentili.
Ramón Valdés (Seu Madruga)
Don Ramón Antonio Estebán Gómez de Valdés y Castillo fazia o sempre endividado Seu Madruga. Começou a carreira no cinema mexicano, fazendo pequenos papéis nos filmes de seus irmãos. Mas a fama mesmo veio com o papel em 'Chaves'. Fumante inveterado, morreu em 9 de agosto de 1988, aos 64 anos. Tinha um tumor no pulmão e outro no estômago.
Florinda Meza (Dona Florinda)
Florinda Meza fazia os papéis de Dona Florinda e da Pópis, no 'Chaves'. Se casou com Roberto Bolaños em 2004, após um relacionamento de décadas. Quando conheceu o futuro marido, ela namorava Carlos Villagrán, o Kiko. Depois do fim do programa, Florinda continuou a atuar com Bolaños. Após dificuldades para conseguir novos trabalhos, Meza voltou aos cinemas em 2019 com a comédia 'Dulce Familia'. Ela também tem um
canal no Youtube
.
Com o fim definitivo das séries de Bolaños, Rubén continuou trabalhando com Maria Antonieta de las Nieves, no programa 'Aqui está la chilindrina' (Aqui está Chiquinha). Devido a problemas de saúde, o ator acabou engordando 25 quilos e, com vergonha do corpo, deixou de fazer shows e apresentações públicas. Rubén morreu em 17 de junho de 2016 .
Horacio Gómez (Godinez)
O irmão mais novo de Roberto Bolaños entrou na carreira artística por acaso. Ele trabalhava como produtor do programa “Chespirito”, quando foi chamado pelo irmão para interpretar papéis secundários. Horácio participava da produção de uma homenagem a Bolaños, morreu por causa de um infarto, em 21 de novembro de 1999.
Edgar Vivar (Seu Barriga)
O intérprete de Seu Barriga e Nhonho, pai e filho, trabalhava com rádio-teatro quando foi convidado para trabalhar com Roberto Bolaños. Em um elenco marcado por várias brigas, Vivar manteve a amizade com todos os companheiros de cena. Depois do fim do programa, ele chegou a ter um circo e ainda hoje faz shows como os personagens de 'Chaves'.
Angelines Fernández (Dona Clotilde)
María de los Ángeles Fernández Abad nasceu em Madri e chegou a lutar na Guerra Civil contra o ditador Francisco Franco. Em 1947, deixou o país e foi para o México, onde chegou a fazer filmes com Catinflas. Embora se considerasse uma atriz dramática, a "bruxa do 71" foi seu personagem mais famoso. Ela morreu aos 71 anos, em 25 de março de 1994.
Raúl Padilla (Jaiminho, o carteiro)
Conhecido como "El Chato", Raúl Padilla contracenou com Carlos Villagrán em 1968 no teatro, antes que os dois se reencontrassem em 'Chaves'. Padilla também chegou a trabalhar com Catinflas, mas seu maior sucesso foi mesmo como o carteiro Jaiminho. Ele morreu em 3 de fevereiro de 1994, aos 75 anos.
"Não éramos nada, não éramos ninguém. Isso foi muito bonito, porque crescemos juntos. Todos éramos uns solenes desconhecidos", disse o ator na coletiva de lançamento do livro, já sem conseguir ficar em pé no alto de seus 1,98m. Desde que sofreu um acidente de carro com a esposa, em 2007, ele usava uma cadeira de rodas, exceto para pequenos deslocamentos.
Em comunicado oficial, o SBT também lamentou a morte de Aguirre. " Diretores e funcionários do SBT prestam sentimentos aos familiares".