Aos poucos o fio do
novelo de lã está sendo esticado pelas equipes e o nó representado
pela severa limitação, agora, nas conversas com os pilotos começa
a ser desatado. Nesta quinta-feira, no Circuito Albert Park, em
Melbourne, onde será disputada a etapa de abertura do campeonato,
domingo, Felipe Massa, da Williams, disse ter estudado mais a fundo a
questão com seus engenheiros. E chegaram a uma
conclusão:
- O maior problema é você não poder mais ser
orientado sobre os ajustes no carro. É mais importante que ser
informado, durante a corrida, sobre a sua estratégia e a dos
adversários. Uma intervenção errada do piloto nessa hora pode
provocar a quebra do motor, por exemplo, o que irá gerar grande
prejuízo - analisa.
A FIA havia enviado às escuderias, em dezembro, a lista das informações permitidas de serem passadas aos pilotos, mas antes de embarcar para a Austrália, Charlie Whiting, delegado da entidade para a F1, mandou uma segunda lista, com restrições ainda maiores. Leia no fim do texto o que era permitido informar e agora não mais.
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Para atenuar a
dificuldade, extensiva aos demais 20 pilotos do grid, o grupo de
técnicos da Williams, coordenado por Pat Symonds, e da Mercedes,
Andy Cowell, fornecedora da unidade motriz do time de Massa e
Valtteri Bottas, modificou o funcionamento de algumas funções, a
fim de automatizá-las mais, exigirem menos a interferência do
piloto. E nas que ainda for o caso, acabaram simplificadas. “O
trabalho deles ajudou”, disse Massa.
- Mas claramente
você terá de usar ainda mais sua experiência, agora. Vamos
focalizar nossa atenção três vezes mais em cima do carro, como
usar os pneus, como está o consumo de combustível, a equipe não
pode mais te avisar sobre nada disso - explicou Massa.
O desafio de
entender os muitos recursos do carro e como interagir corretamente
com eles, algo novo para os pilotos, ao menos no nível exigido a
partir do fim de semana, é capaz, na opinião de Massa, de
interferir mais no resultado das corridas do que o piloto não poder
mais discutir sobre estratégia no rádio.
Massa, Bottas e os
técnicos da Williams estudaram as situações mais prováveis de
dificuldades a serem enfrentadas na pista e como ambos deverão agir,
em que funções, ou comandos no volante, interferir para
solucioná-las.
- Trabalhei bastante em cima disso, já nos testes
de Barcelona. Vi também que temos de aprender bem rápido as
lições - comentou Massa, lembrando ser esse o desafio maior
quando tudo ainda é novidade.
Depois dos oito dias
de treinos na pré-temporada, encerrada dia 4, não apenas a
Williams, mas os demais dez times da F1 debateram com seus pilotos
como disputar a sessão de classificação. A definição do grid
mudou radicalmente. Seguirá dividida em três partes. No Q1, depois
de 7 minutos, a cada 90 segundos o piloto mais lento é informado que
está fora. Sete não seguem.
No Q2, depois de 6
minutos, de novo a cada 90 segundos o piloto com o pior tempo deve
deixar a pista. Mais uma vez sete não vão continuar na
classificação. E no Q3, agora com apenas 8 pilotos, não mais 10,
após 5 minutos quem estiver em último é avisado para regressar aos
boxes. “Haverá o caos”, afirmou Massa.
- Primeiro será mais
difícil chegar no Q3 por causa de serem, agora, oito e não mais dez
pilotos. Aqui vamos aprender o que é realmente melhor fazer num
treino como esse - explicou.
Q3 pode não ser prioritário
Nos estudos que fez
com seu engenheiro Dave Robson, dentre outros profissionais da
Williams, ficou evidente que chegar no Q3 pode não ser uma
prioridade. No Q3 todos vão provavelmente estar, na Austrália, com
os pneus supermacios da Pirelli. Na F1 os pilotos do Q3 largam com o
mesmo jogo de pneus do melhor tempo do Q2, não do Q3. E os pilotos
que ficaram no Q2 e no Q1 podem escolher o pneu que vão começar a
corrida. Essa diferença pode, segundo explicou Massa, gerar agora
estratégias bem distintas.
- Pode ser que
largar em nono ou décimo, ou não ter se classificado entre os oito
do Q3, seja mais interessante. Você que chegou no Q3 é obrigado a
largar com um jogo de pneus que vai te permitir completar cinco, seis
voltas, apenas, enquanto os pilotos do Q2 podem escolher o pneu que
vão largar e optar por um que dê maior autonomia, sem tanta perda
de velocidade - afirmou Massa.
Além da operação
via rádio ser bem diferente, este ano, há o novo formato da
classificação e o critério de escolha dos pneus bem distinto do
anterior. Os pilotos e as escuderias definem dez dos 13 jogos a que
têm direito a cada GP, dentre os três tipos de pneus
disponibilizados pela Pirelli para cada etapa. No caso do GP da
Austrália, foram os médios, macios e supermacios. A Williams adotou
estratégia agressiva, ao solicitar a Pirelli 4 jogos dos macios e 6
dos supermacios. Os outros três são escolhidos pela Pirelli e os
comissários da FIA. Em Melbourne foram um de cada tipo.
O piloto de 34 anos,
no seu último ano de contrato com a Williams, falou o que espera da
primeira corrida da temporada: “O GP da Austrália é
surpreendente, sempre acontece alguma coisa na prova, há grande
chance de safety car, a temperatura muda rápido, uma hora está
quente e na outra frio, como será o caso de amanhã e sábado, com a
chegada de uma frente fria”.
Todos os times
trabalham com a possibilidade elevada de chuva nos primeiros treinos
livres, amanhã, e até na classificação, sábado. A previsão para
domingo, no entanto, ao longo das 58 voltas no circuito de 5.303
metros é de pista seca.
A opinião de Massa
e Bottas, pouco antes da abertura do Mundial, é a mesma já
expressada em seguida aos testes de fevereiro e março.
- Gostaria
de estar enganado, mas penso que a luta pelo título se limitará a
Hamilton e Rosberg.
A Williams tem no seu modelo FW38-Mercedes
alguns componentes novos, concebidos a partir dos ensinamentos do
ensaio em Barcelona.
- A nossa luta, ao que parece, será com Red
Bull e Force India, o pelotão atrás de Mercedes e Ferrari, mas confiante no nosso crescimento.
A imprensa italiana
perguntou a Massa como é competir não tendo nada acertado para o
ano que vem na F1.
- Tranquilo, não me sinto pressionado. O que
terá de acontecer vai acontecer. Vou seguir focado no meu trabalho,
este ano será ainda mais exigente, quem sabe a minha maior
experiência ajuda.
Esta é a 14.ª temporada de Massa na F1. Já
disputou 229 GPs, venceu 11, chegou 39 vezes no pódio e largou 16
vezes na pole position.
As novas restrições impostas pela FIA. O que era permitido e agora, não mais:
1. Informar a distância dos adversários, na pista, durante a classificação, a fim de permitir ao piloto uma volta limpa.
2. O tipo de pneu que será colocado no carro no próximo pit stop.
3. O número de voltas que o adversário completou com determinado tipo de pneu.
4. O tipo de pneu de outro piloto.
5. A estratégia de um concorrente.
6.Qual a janela do safety car.
7.Que haverá mudança na regulagem do aerofólio dianteiro no próximo pit stop.
8. Lembrar o piloto para respeitar os limites do traçado.
9. Número de voltas que restam para a bandeirada.
Além disso, a FIA deixou claro que seus comissários estão atentos a qualquer tentativa de passar informação via código.