Cultura Artes visuais

Autorretrato de Basquiat é vendido por US$ 57,3 milhões

Valor é recorde para uma obra do artista americano morto em 1988
Autorretrato de Jean-Michel Basquiat leiloado pela Christie's Foto: KENA BETANCUR / AFP
Autorretrato de Jean-Michel Basquiat leiloado pela Christie's Foto: KENA BETANCUR / AFP

NOVA YORK – Um autorretrato de Jean-Michel Basquiat foi o destaque de um leilão de arte contemporânea da Christie's nesta terça-feira. A obra do artista morto em 1988, aos 27 anos, foi vendida por US$ 57,3 milhões — um recorde para Basquiat —, ajudando a casa de leilões a alcançar um resultado sólido, apesar do momento de incerteza no mercado de artes.

O vibrante e intenso trabalho de Basquiat de 1982, sem título, tinha o valor de venda estimado em US$ 40 milhões, mas dois compradores ao telefone fizeram o artista bater o próprio recorde em US$ 8,5 milhões no último leilão.

As vendas do dia atingiram um total de US$ 318,4 milhões, dentro das estimativas de pré-venda, que estavam entre US$ 280 e US$ 390 milhões. Apenas oito dos 60 itens não foram vendidos. O recorde de Basquiat foi especialmente significativo no atual clima cauteloso do mercado, após anos de preços crescentes.

Tanto a Christie's quanto a sua rival Sotheby's montaram um leilão de primavera (no hemisfério Norte) com preços de mercado menores esta semana, sem obras com valores estimados muito acima dos US$ 40 milhões. Para comparação, vários trabalhos ultrapassavam a barreira dos US$ 100 milhões em temporadas anteriores.

Jussi Pylkkanen, presidente global da Christie's que também atuou como leiloeiro, falou de um mercado “onde as pessoas têm questionado os níveis dos preços”.

“Nós tivemos muita competição onde objetos estavam precificados (por estimativas) a 80% do seu valor”, disse.

Uma salão de vendas lotado demonstrou um claro alívio, ao aplaudir e brindar, quando o martelo foi batido pela obra de Basquiat. Funcionários admitiram trepidações após as irregulares vendas da Sotheby's, na segunda-feira de arte moderna e impressionista, que ficaram muito aquém das já baixas expectativas.

“Foi um dia duro para nós”, declarou Brett Gorvy, diretor de arte pós-guerra e contemporânea da Christie's, referindo às horas de pré-vendas. Ele disse que os resultados estavam balizados, em parte pelas “fortes ofertas asiáticas do outro lado do oceano”.

Funcionários também destacaram os compradores “famintos” por objetos novos para o mercado, destacando que 85% dos trabalhos oferecidos na segunda-feira nunca apareceram antes em um leilão.

Recordes também foram alcançados por vários outros artistas, incluindo Richard Prince, Agnes Martin e Mike Kelley.

Entre outros momentos de destaque, a obra abstrata de Mark Rotkho, “No. 17”, foi vendida por US$ 32,6 milhões, enquanto “PH-234, de Clifford Still, alcançou a marca de US$ 28,2 milhões. Os trabalhos abstratos, executados em estilos bem associados aos artistas, foram vendidos por valores um pouco acima das baixas estimativas de pré-venda.

“Orange Grove”, de Agnes Martin, com estimativas entre US$ 6,5 milhões e US$ 8,5 milhões, foi vendida por US$ 10,7 milhões, incluindo uma comissão de apenas 12%.

Foi o segundo melhor resultado da Christie's (esta semana), abaixo apenas das vendas de domingo de US$ 78 milhões, com curadores especializados, que bateram com folga suas altas estimativas.

Os leilões continuam nesta quarta-feira, com as vendas de arte pós-guerra e contemporânea da Sotheby's.