Política Impeachment

Em entrevista, Temer diz que convocará Marcela para a área social

Durante a veiculação de entrevista, foram registrados ‘panelaços’ em diversas cidades brasileiras

Juntos. A mulher de Michel Temer, Marcela, ao seu lado
Foto: André Coelho / 01.01.2015
Juntos. A mulher de Michel Temer, Marcela, ao seu lado Foto: André Coelho / 01.01.2015

RIO - Em entrevista veiculada na noite deste domingo pelo “Fantástico”, da TV Globo, o presidente interino Michel Temer adiantou que, caso seja confirmado o afastamento da presidente Dilma Rousseff, convocará sua mulher Marcela para “exercer toda a área social” em seu governo. Enquanto a entrevista foi ao ar na emissora, foram registrados ‘panelaços’ e gritos de ordem em cidades como Rio de Janeiro, São Paulo, Salvador, Porto Alegre, Brasília e Niterói.

O casal atualmente só costuma se encontrar nos fins de semana, pois a esposa de Temer segue morando em São Paulo com o filho Michel, de 7 anos.

— Se acontecer alguma coisa e eu vier a ocupar a presidência (não mais como interino), ela virá para exercer toda a área social. Vai trabalhar intensamente. Ela é advogada e tem muita preocupação com as questões sociais — afirmou o presidente interino.

MULHER NA CHEFIA DO GABINETE

Marcela e o filho estavam no Palácio do Jaburu, local da entrevista concedida ao “Fantástico”, mas os dois não saíram da área íntima da residência oficial. O casal está junto desde 2003: ela tem 32 anos; e o presidente interino, 75.

Na entrevista, Temer também questionou as críticas feitas à composição de seu ministério, formado apenas por homens. O presidente interino citou a chefia de gabinete da Presidência da República, cargo exercido atualmente por Nara de Deus Vieira, para lembrar que há ao menos uma representante feminina na cúpula do governo:

— Eu contesto a afirmação de que não há nenhuma mulher (no ministério). Um dos cargos mais importantes da República é a chefia de gabinete da Presidência, ocupada por uma mulher. Alias, no dia da reunião ministerial, ela participou. É um dos principais cargos, não digo que esteja acima dos ministros, mas evidentemente tem uma prevalência muito grande em relação ao ministério.

O presidente interino também reiterou que pretende chamar mulheres para cargos de secretaria, ainda vagos:

— Para a Cultura eu quero trazer uma representante do mundo feminino. Para a Ciência e Tecnologia e Comunicações, quero trazer uma representante do mundo feminino, e também na chamada Igualdade Racial, Mulheres e etc., que passou a ser Cidadania, eu quero trazer uma mulher. Portanto eu terei no mínimo quatro mulheres integrantes do ministério.

Temer minimizou o fato de essas funções não terem status de ministro:

— Há pessoas que se seduzem com a historia de ser ministro ou não. Eu já exerci funções sem ser secretário de Estado e desenvolvi trabalhos extraordinários.

Ainda sobre seu ministério, o presidente interino saiu em defesa de Romero Jucá (Planejamento), investigado na Operação Lava-Jato. Lembrou que Jucá ainda não é réu e que, caso isso venha a acontecer, vai “examinar” o que fazer.

— O Juca é uma figura, permita-me o elogio, ele é de uma competência administrativa extraordinária — elogiou.

TRANSIÇÃO NA PREVIDÊNCIA

Sobre um dos temas que prometem estar entre os mais polêmicos de seu governo, a reforma da Previdência, Temer disse que qualquer mudança que “vulnere direito adquirido” não será feita. Mas ele não descartou a utilização de regras de transição:

— As chamadas regras de transição muitas vezes não ferem o direito adquirido porque apanham aqueles que ainda estão para se aposentar. Essa matéria não está definida. O que não é possível é não fazer nada ou, daqui a alguns anos, quem sofrerá as consequências serão exatamente os aposentados.

O presidente interino também reiterou o compromisso de manutenção de programas sociais, como o Bolsa Família:

— Quando eu disse “olhe, eu vou manter o Bolsa Família e outros programas sociais" é na concepção mais absoluta de que há de haver uma certa proteção para aqueles que não têm por conta própria a possibilidade de sobrevivência. Se for necessário cortarei de outros setores, não cortarei daqueles mais carentes no país.

No fim da entrevista, o presidente interino disse que não pretende concorrer a uma reeleição, mas, ao ser perguntado por mais de uma vez, não descartou completamente a possibilidade:

— Não é a minha intenção.Eu posso ser até, digamos assim, impopular, mas, desde que produza benefícios para o país, para mim é suficiente.

Mas não será candidato?

— É uma pergunta complicada.. Em nenhuma hipótese... De repente, pode acontecer.