13/10/2015 06h00 - Atualizado em 13/10/2015 06h00

Em tempos de escassez de vagas, o que pode diferenciar um profissional?

Especialistas de RH dizem o que as empresas valorizam hoje.
Veja as principais ferramentas que podem ajudar a conseguir a vaga.

Marta CavalliniDo G1, em São Paulo

Em tempos de escassez de vagas, o que pode diferenciar um profissional dos demais? O G1 pediu dicas para especialistas de recursos humanos levando em conta o que as empresas valorizam hoje em dia nos profissionais e as principais ferramentas que eles podem usar para conseguir a vaga tão almejada.

Veja abaixo as dicas dos especialistas Maurício Sampaio, Lúcia Coletto, Bibianna Teodori e José Ricardo Noronha, em nove tópicos:

Selo - competências técnicas (Foto: G1)

Coach Maurício Sampaio:
As competências técnicas ainda são muito importantes, apesar da valorização de competências emocionais e sociais. Eu diria que o peso desse tipo de competência hoje no mercado é menor, pois os contratantes entenderam que, por mais que um colaborador chegue com ótimos diplomas, ele ainda terá que aprender as técnicas relativas ao mercado específico. Um exemplo é o surgimento das universidades corporativas. A forma de se diferenciar, em termos de conhecimento, é colocar o aprendizado em prática. Muitas pessoas fazem cursos atrás de cursos, mas possuem uma dificuldade enorme de colocar em prática o que aprenderam.

Lúcia Coletto, consultora organizacional da Employer:
O peso que se dá para isso depende do cargo e das funções a serem executadas. Cada cargo possui conhecimentos técnicos distintos e o seu peso varia de acordo com a especialidade também. Por exemplo: um cargo administrativo possui competências gerais, já um técnico em eletrônica é bem específico.


Selo - competências comportamentais (Foto: G1)

Lúcia Coletto:
Contratamos também atitudes, e seu peso é de 50%. Considero muito mais fácil ensinar a técnica do que moldar comportamentos. Isso exige treinamento e desenvolvimento constante nas empresas, não é impossível, porém muito mais difícil. 

Maurício Sampaio:
A competência comportamental hoje é mais importante para os resultados de uma empresa do que só competência técnica. Esse conceito não leva em conta funções técnicas e sim cargos gerenciais, nos quais a liderança é um ponto muito importante. O que vai diferenciar os profissionais é a capacidade de liderar. O líder mais carismático, que consegue encantar seus liderados pela sua persuasão natural, e o líder educador, que ensina e aprende ao mesmo tempo, possuem vantagens consideráveis. Eles são capazes de engajar e envolver seus liderados em seus objetivos, metas e conquistas, sem serem arbitrários. Geralmente os liderados sentem que recebem apoio e aprendem muito.


Valorização de outras habilidades  (Foto: G1)

Lúcia Coletto:
Para quem deseja fazer uma carreira dentro de uma empresa, ter ciência de que possui outras habilidades que podem contribuir para seu desenvolvimento e crescimento da empresa é muito importante e pode ser demonstrado através das suas atitudes em ser sempre solícito com o seu chefe, ajudar os colegas em outra tarefa sempre que possível, mas sem prejudicar o desenvolvimento do seu trabalho. Isso com certeza fará toda a diferença num momento de promoção interna ou uma oportunidade melhor de emprego.

Maurício Sampaio:
Essa consciência de valorização de outras habilidades vem crescendo muito, em vista da grande procura por cursos e treinamentos de desenvolvimento humano, gestão de pessoas e liderança. Isso é uma questão de sobrevivência para ambos os lados: empregado e empregador.


Selo - Facilidade de adaptação à cultura da empresa (Foto: G1)

Coach Bibianna Teodori:
As empresas necessitam de pessoas preparadas, com técnicas e soluções inovadoras, que trabalham com qualidade, eficácia, sejam proativas e apresentem resultados em sintonia com os objetivos estabelecidos.

Para ser competente, é necessário conhecimento para entender os vários processos, sistemas, teorias existentes e práticas de mercado. O conhecimento é importante também para avaliar as necessidades da organização e fazer as adaptações necessárias. Mas conhecimento significa aprender e continuar estudando.

Além disso, precisa ter a habilidade para entender a particularidade do negócio, as expectativas dos gestores e dos funcionários e as pretensões dos clientes.

Lúcia Coletto:
O profissional deve ter clareza da missão, visão e valores da empresa desde o momento da sua entrevista de contratação. Depois, deve demonstrar em suas atitudes na rotina de trabalho o que falado na entrevista.


Selo - Capacidade de trazer resultados   (Foto: G1)

Bibianna Teodori:
Com certeza conhecer a fundo todos os processos de trabalho em que se está envolvido traz mais resultados.

Entretanto, é importante mostrar para a empresa a sua capacidade de trazer resultados, inserir no currículo os resultados alcançados em projetos e experiências profissionais. Esses dados instigam a curiosidade da empresa para que o selecionador chame para a entrevista. Exemplos: redução de custos em aproximadamente 15%; aumento nas vendas das lojas em 20%.

Lúcia Coletto:
Trazendo soluções e não mais problemas para a empresa.


Selo - Saber se vender (Foto: G1)

José Ricardo Noronha, consultor e especialista em vendas:
Crie um supercurrículo e deixe sempre atualizado - ele precisa se destacar dos outros milhares que chegam às mãos dos recrutadores. Para fazer isso, invista em um bom e limpo design e liste todos os seus grandes feitos profissionais e experiências, com o maior número de dados que puder disponibilizar. Enumere suas principais habilidades, interesses e busque conectá-los aos valores, princípios e missão das empresas em que deseja trabalhar.

Cuide bem da sua marca pessoal - revisite ainda hoje os seus perfis nas principais redes sociais e faça todas as modificações necessárias, inclusive apagando fotos e postagens que em nada ajudam a criar uma boa imagem profissional.

Liste as empresas em que gostaria de trabalhar - depois de selecionar as companhias preferidas, estude tudo o que puder sobre elas, seus principais líderes e busque conectar-se com pessoas que possam te ajudar a chegar aos líderes de RH e recrutamento.

Venda-se com maestria - enxergue-se como o seu melhor e mais valioso produto. Ouça muito, fale pouco, domine a linguagem corporal, faça perguntas abertas e tenha conhecimento pleno dos seus grandes pontos fortes e habilidades. Busque o tempo todo conectá-los aos desafios que são apresentados para o cargo que você busca no mercado. Vá para as entrevistas tendo conhecimento amplo de tudo o que cerca aquela empresa específica: vendas, desafios, concorrentes, sonhos, missão, valores, propósito.

Lúcia Coletto
A primeira impressão é sempre a que fica. Você precisa passar confiança do que quer e faz desde o início, depois através do seu desempenho isso com certeza será observado pelo seu superior. Mas cuide para cumprir o que prometeu. E seja sempre você mesmo. Nada realça melhor do que a pessoa demonstrar o que ela realmente é.

Bibianna Teodori:
Fazer marketing de si mesmo é um dever. É ter o autoconhecimento de quem somos, das nossas atitudes e capacidades, é valorizar os nossos talentos. E mostrar e comunicar o valor individual que se pode oferecer ao nosso potencial futuro empregador. Isso vale nas entrevistas e nas dinâmicas de grupo.


Selo - networking (Foto: G1)

Lúcia Coletto:
Redes sociais são imprescindíveis, assim como eventos direcionados para sua área de atuação, como seminários, simpósios e encontros desse tipo. Vá conhecendo o público alvo, e no caso das redes sociais, use canais profissionais também com foco na sua área de atuação.

José Ricardo Noronha:
Ao construir sua rede de relacionamentos, demonstre interesse real em ajudar outras pessoas e foque na qualidade e não na quantidade de contatos. Além disso, amplie o quanto puder seu networking para áreas diferentes da que você atua para ampliar assim os seus conhecimentos e as suas possibilidades em outros mercados.

Tenha interesse genuíno nas pessoas. Rede de relacionamento é para ser usada com sabedoria sempre, não a utilize somente quando estiver em busca de uma nova oportunidade profissional, pois isso soa interesseiro e oportunista.

 

Não seja um mero distribuidor de cartões: ofereça seus contatos nos momentos e ocasiões oportunas e, sempre que puder, faça pequenas anotações no verso do cartão que o permitam depois registrar corretamente os dados e características peculiares daquela pessoa.

Mostre-se sempre pronto a ajudar os outros com conselhos, dicas, recomendações e indicações sem querer nada em troca.

Amplie a extensão do seu networking o quanto puder. O bom networking nunca deve se resumir apenas aos contatos de fora da sua empresa. Amplie as possibilidades ao se conectar com o maior número de colegas que puder.

Nunca confie demais na sua rede de relacionamentos. Credibilidade e confiança se conquistam ao longo do tempo, através de relacionamentos reais e pautados no interesse de desenvolvimento mútuo.

Foque em qualidade e não em quantidade, sempre na construção de uma rede de relacionamento eficiente e mais diversificada possível.

Lei da reciprocidade: networking é a arte de ser interessante, sem ser interesseiro. Portanto, sempre que obtiver a ajuda de alguém, faça o que puder para retribuir. Esteja sempre em contato com seus contatos e não apenas nos momentos em que precisar de ajuda.


Selo Plano B (Foto: G1)

Lúcia Coletto:
Sempre é preciso ter um plano B, mas isso depende da trajetória profissional e também do bolso. Importante é sempre avaliar se você faz o que gosta e a partir disso se qualificar cada vez mais para minimizar os pontos fracos. Focar no que tem de melhor e. se tiver oportunidade de sair para outros países é melhor ainda, mas só estudar fora não faz de você um melhor profissional. Sua experiência profissional conta muito. E no caso de perceber que esse trabalho já não está lhe deixando realizado é hora de se preparar para encontrar uma outra habilidade dentro de você mesmo para se preparar para encontrar um novo caminho.

Maurício Sampaio:
Quando o profissional não vem mais tendo a performance esperada, pode estar cansado da rotina da própria função ou deseja mudar de carreira. Em ambos os casos é importante descobrir o motivo central e o que, em um espaço curto de tempo, vai trazer de volta a motivação. Isso pode significar um upgrade nas competências, desenvolvimento de novas habilidades e tomada de decisões importantes.

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