29/10/2013 07h19 - Atualizado em 29/10/2013 14h46

OGX fracassa em acordo sobre dívida e pode pedir recuperação judicial

Petroleira tem endividamento de US$ 3,6 bilhões, segundo Reuters.
Ações das empresas de Eike se desvalorizam desde junho de 2012.

Do G1, em São Paulo

Presidente do grupo EBX, Eike Batista, celebrou o início da produção de petróleo da OGX, em Sao Joao da Barra, no Rio de Janeiro (Foto: Ricardo Moraes/Reuters)Em imagem de arquivo, Eike celebra o início da
produção de petróleo da OGX, no Rio de Janeiro
(Foto: Ricardo Moraes/Reuters)

A petroleira OGX, do empresário Eike Batista, informou nesta terça-feira (29), por meio de fato relevante, que após meses de negociação não chegou a um acordo com credores. O prazo para um entendimento sobre a dívida termina nesta semana. Em nota a investidores, a companhia afirma que "continua avaliando alternativas para a reestruturação de seu endividamento".

Agora, a empresa poderá ter de pedir recuperação judicial. No total, apenas em bônus no mercado internacional, a OGX tem de pagar US$ 3,6 bilhões, de acordo com a Reuters. Se confirmado, o processo de recuperação judicial da petroleira será o maior da história de uma empresa latino-americana, segundo dados da Thomson Reuters.

O que acontece agora?

- A recuperação judicial é uma medida  para evitar a falência de uma empresa. É pedida quando se perde a capacidade de pagar as dívidas.

- A partir do pedido, a empresa tem 6 meses para tentar um acordo com credores sobre um plano de recuperação.

- Quando a empresa anuncia a recuperação judicial, a negociação de suas ações fica suspensa na bolsa de valores.

- No plano, é necessário fazer uma a projeção de como a companhia fará para organizar as contas e sair do vermelho.

- Durante a recuperação judicial, a empresa deve cumprir o estabelecido no plano. Enquanto isso, as operações da empresa seguem normalmente.

- A recuperação é encerrada quando a empresa cumprir tudo o que estava previsto no plano de recuperação.-

- Se a empresa não conseguir um acordo para a recuperação judicial ou não cumprir o que está no acordo, é decretara a falência. Veja mais perguntas e respostas.

Nesta terça-feira, as ações da petroleira (a principal empresa do império X) chegaram a recuar mais de 20% na Bovespa.

De acordo com levantamento da consultoria Economatica feito em julho, a ação da OGX havia caído mais de 95% desde o pico da sua cotação em 2010.

Em documento sobre as negociações disponibilizado em sua página na internet, a OGX aponta que poderá ficar sem recursos em caixa na última semana de dezembro. A empresa também informa que precisará de US$ 250 milhões para satisfazer suas obrigações até o final do primeiro trimestre de 2014.

No início de outubro, a OGX havia comunicado ao mercado que não pagaria cerca de US$ 45 milhões das parcelas referentes a juros de dívidas emitidas no exterior, vencidas no dia 1º deste mês.

O não pagamento foi considerado o primeiro passo do que pode vir a ser o maior calote da história por uma empresa latino-americana, destacou a Reuters.

No comunicado enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) nessa ocasião, a OGX informou que "a companhia possuia 30 dias para adotar as medidas necessárias sem que seja caracterizado o vencimento antecipado da dívida" de mais de US$ 1 bilhão.

A agência de classificação de crédito Fitch rebaixou, no mês passado, o rating da OGX para "C", de "CCC", apontando que a inadimplência da companhia era iminente ou inevitável.

Derrocada
A derrocada da OGX ganhou força após sucessivas frustrações com o nível de produção da petroleira. No início de julho, a companhia decidiu não seguir adiante com o desenvolvimento de algumas áreas na bacia de Campos (litoral do Rio de Janeiro) antes consideradas promissoras.

Com pouco dinheiro disponível e fracasso na produção, a OGX desistiu de adquirir em agosto 9 dos 13 blocos que arrematou na última licitação de áreas de petróleo, evitando o pagamento de R$ 280 milhões ao governo por direitos exploratórios.

A OGX espera completar a venda de uma fatia em blocos de petróleo que possui para a malaia Petronas, para conseguir um alívio no caixa. A companhia asiática, porém, aguarda a conclusão da reestruturação da dívida da OGX para dar prosseguimento ao negócio, avaliado em US$ 850 milhões.

Eike contratou como assessores o banco Lazard e o grupo de investimentos Blackstone para coordenar as discussões com os detentores de bônus, enquanto revisa sua estrutura de capital e plano de negócios.

No começo de setembro, a diretoria da OGX decidiu exigir de seu controlador aporte de US$ 1 bilhão. O empresário, que viu sua fortuna desabar diante do contágio nas outras empresas "X", questionou a validade do exercício da opção e disse que poderá recorrer à arbitragem.

No mesmo mês, Eike reduziu para 50,16% sua participação no capital da companhia.

Reestruturação
Documento sobre a reestruturação disponibilizado no site de relações com investidores da OGX afirma que a empresa tinha US$ 82 milhões em disponibilidades no fim de setembro e seus assessores financeiros na negociação com os credores externos – Blackstone e Lazard – estimam desembolsos de US$ 89 milhões apenas a fornecedores até o fim do ano, considerando somente pagamentos críticos a prestadores de serviço no campo de Tubarão Martelo, na Bacia de Campos.

A expectativa é que Tubarão Martelo inicie produção em meados de novembro, com vendas do petróleo do campo em janeiro.

O valor atribuído à toda OGX, pelo plano, é de US$ 2,7 bilhões – principalmente composto pelo valor presente líquido de Tubarão Martelo (US$ 1,4 bilhão) e do campo Atlanta (US$ 1,1 bilhão).

Num cenário sem a venda de ativos de gás da OGX no Maranhão e sem a conclusão de um investimento da malaia Petronas na petroleira de Eike, os detentores de bônus perdoariam parte relevante da dívida e converteriam o saldo em ações da OGX, ficando com entre 42% e 57% de participação na companhia.

O percentual da empresa que ficaria nas mãos dos credores externos dependeria do acerto da OGX com a empresa de construção naval OSX, também de Eike, relacionado às plataformas construídas para a petroleira. A OSX ficaria com entre 14% e 30% da OGX.

Fato relevante
Veja a íntegra do comunicado divulgado nesta terça pela OGX:

A OGX Petróleo e Gás Participações S.A. anuncia que, após meses de negociação com alguns detentores de seus 8,375% Senior Notes com vencimento em 2022 e 8,500% Senior Notes com vencimento em 2018, concluiu as discussões com os detentores de seus bonds, porém nenhum acordo foi alcançado.

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