Pesquisa divulgada nesta quinta-feira (31) pelo instituto Data Favela/ Data Popular aponta que 53% dos moradores de favela no país são bancarizados – possuem conta corrente, poupança ou os dois.
Essa parcela é calculada dentro do universo de pessoas que podem ter conta bancária (mais de 16 anos). Ao todo, são 4,3 milhões de bancarizados em favelas brasileiras.
De acordo com o instituto, o Brasil tem hoje 11,7 milhões de moradores em favelas (como um todo, incluindo crianças). Desses, 65% são da classe média. No Brasil, a classe média representa 54% da população, ressalta a pesquisa.
A pesquisa revela que 89% dos moradors de favelas vivem em regiões metropolitanas. Como base de comparação, nas regiões metropolitanas do Brasil 70% da população é bancarizada. "A bancarização é menor nas favelas do que é no Brasil", diz Renato Meirelles, presidente do instituto.
Meirelles explicou que, se for olhar todo o Brasil, a parcela da população bancarizada está em torno de 60%, mas não seria adequado fazer a comparação porque inclui também zonas rurais e a maior parte das favelas no Brasil está em regiões metropolitanas.
Conta corrente, poupança e cartão de crédito
O estudo aponta que 3,3 milhões de moradores de favelas têm conta corrente, o que equivale a 41% do do total. Nas regiões metropolitanas do Brasil, o percentual sobe para 53%.
Com relação à poupança, são 3 milhões de pessoas que vivem na favela que têm o tipo de conta, 37% do total. Nas regiões metropolitanas do Brasil, as pessoas com poupança somam 53% do total.
Com relação ao internet banking, a pesquisa aponta que 18% dos bancaroizados da favela já usaram os serviços do banco pela internet.
O estudo mostra, ainda, que 2,9 milhões dos moradores de favelas têm cartão de crédito - 35% do total. Nas regiões metropolitanas do Brasil, o percentual é de 49%.
Dificuldade de pagamento
De acordo com a pesquisa, 43% dos moradores de favela disseram que pagam as contas dentro da comunidade – o que significa que 57% das pessoas que moram dentro da favela têm que sair do local para pagar as contas. “Elas têm dificuldade de encontrar local dentro da comunidade para pagar as contas”, explicou Meirelles.
Isso porque na maioria das favelas não há agências bancárias ou representantes de lotéricas, por exemplo, o que faz com que os moradores precisem ir até o "asfalto" para ter acesso aos serviços bancários.
A pesquisa foi feita com 2.000 entrevistados em 63 favelas no país. A margem de erro é de 2,2 ponto percentual. A pesquisa foi realizada entre 15 de setembro a 15 de outubro. A intenção é que a pesquisa seja realizada anualmente, diz o Data Popular.
Renda e consumo
A pesquisa aponta ainda que os moradores da favela possuem uma renda anual de R$ 63,2 bilhões.
A pesquisa diz que 25% dos moradores compram roupas dentro da comunidade, 22% compram sapatos e 12% compram eletrodomésticos dentro das favelas. Diz, ainda, que 20% têm carro e 13% têm moto.