31/10/2013 13h07 - Atualizado em 31/10/2013 13h10

Situação da OGX atinge imagem e confiabilidade do Brasil, diz EBR

‘O fornecedor estrangeiro não vê OGX, vê Brasil’, afirmou.
OGX seria o 2º maior cliente da SBM, segundo executivo.

Lilian QuainoDo G1, no Rio

O presidente da EBR (Estaleiros do Brasil), Alberto Padilha, disse nesta quinta-feira (31), que a situação da petrolífera OGX, do empresário Eike Batista, que pediu recuperação judicial, acaba por afetar toda a indústria naval e offshore.

"Poderia dizer que o problema não me atinge, mas atinge sim. É uma infelicidade, era um projeto muito bom, e termina afetando toda indústria offshore e naval porque quem está olhado de fora do país", diz Padilha.

"No Brasil tem um problema. E eu estou no meio, o problema também é meu, me afeta quando vou comprar um equipamento no exterior e me olham como brasileiro: ‘Pô, querido, você não vai falir também?’.  Eu não, eu sou diferente, mas vão pedir mais garantias, o que dificulta."

Para Padilha, o setor sente o reflexo desse problema, na imagem e na confiabilidade do Brasil. "O fornecedor estrangeiro não vê OGX, vê Brasil. Não é bom para a indústria naval”, disse o executivo, na OTC, evento de tecnologia de offshore que acontece no Rio de Janeiro.

O presidente da SBM Offshore no Brasil, Philippe Levy, se declarou triste pela OGX, que nos projetos da companhia para seria seu segundo maior cliente no país depois da Petrobras e acima de Shell,  BG e Total. A SBM Offshore entregou em julho passado uma plataforma para a OSX, já paga.

“OSX foi um fantástico cliente”, disse Levy, dizendo que a situação à qual chegou a OGX foi uma surpresa para ele.

“O que queriam fazer em Açu era grande e desafiador, ainda acredito que haverá uma maneira de manter o projeto, cruzo meus dedos”, disse, referindo-se ao superporto em São João da Barra, no Estado do Rio.

O executivo disse que sua percepção é a de que a OGX quis acelerar e encurtar o tempo entre as etapas de exploração e produção, que vai de oito a dez anos.

A petroleira OGX entrou nesta quarta-feira (30) com pedido de recuperação judicial. O pedido foi feito pelo advogado Sergio Bermudes. O anúncio foi publicado em fato relevante nesta quinta-feira (31), na Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

"Em vista da situação financeira desfavorável em que se encontra,
dos prejuízos por ela já acumulados, bem como do vencimento recente e vindouro de grande parte de seu endividamento, ajuizou, nesta data, na Comarca da Capital do Estado do Rio de Janeiro, pedido de recuperação judicial, em conjunto com suas controladas, OGX Petróleo e Gás S.A., OGX International GmbH e OGX Austria GmbH, nos termos dos artigos 51 e seguintes da Lei n.º 11.101/05, em medida de urgência, mediante deliberação de seu Conselho de Administração realizada na tarde de 30 de outubro de 2013", diz o fato relevante

A medida já vinha sendo aguardada pelo mercado, com a proximidade do fim do prazo para que a empresa agisse e evitasse um calote formal de sua dívida. O processo de recuperação judicial da petroleira é o maior da história de uma empresa latino-americana, segundo dados da Thomson Reuters.

A recuperação judicial é um instrumento da legislação brasileira que permite que empresas que perderam a capacidade para pagar suas dívidas possam continuar operando enquanto negociam com seus credores, com a mediação da Justiça, para tentar evitar a quebra definitiva.

Segundo o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, o pedido deverá chegar na sexta-feira (1º) às mãos do juiz Gilberto Clóvis Farias Matos, da 4ª Vara Empresarial, que será responsável pelo processo.

Se o pedido for aprovado pela Justiça, a OGX tem 60 dias para apresentar o plano de recuperação judicial ao juiz, ou pode ser decretada a falência. Apresentando o plano, o juiz vai divulgá-lo para que os credores se manifestem.  Se não houver oposição, ou seja, se ninguém disser não aceito, o juiz pode dar esse plano por definitivo.

O prazo para que os credores aprovem esse plano é de 180 dias (também contados a partir do despacho do juiz). Se o plano não for aprovado em assembleia, a empresa quebra, e o juiz decreta falência. Aprovado o plano, ele é implementado e precisa ser seguido à risca.

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