17/09/2013 08h05 - Atualizado em 17/09/2013 08h35

Infraero dá início a reestruturação para abertura de capital

Modelo prevê fim de superintendências regionais e metas para aeroportos.
Mudanças devem ser concluídas em fevereiro de 2014.

Fábio AmatoDo G1, em Brasília

A Infraero, estatal que administra aeroportos, deu início a um dos mais profundos processos de reestruturação desde a sua fundação, em 1973. As mudanças têm o objetivo de preparar a empresa para a abertura de seu capital, algo que há anos vem sendo discutido no governo e que a atual direção espera concretizar até 2016.

Governo deve permanecer como acionista majoritário e controlador da empresa, a exemplo do que ocorre hoje com Eletrobras e Petrobras

Essa reestruturação deve ser concluída até fevereiro de 2014. De acordo com o diretor de Planejamento da Infraero, Mauro Roberto Lima, as principais mudanças vão acontecer na organização da Infraero. E o fim das superintendências regionais é uma delas.

Atualmente a estatal conta com três níveis decisórios: a superintendência de cada um de seus 63 aeroportos, as 9 superintendências regionais e, por fim, a diretoria executiva (sede). Na nova estrutura, as superintendências regionais se transformam em centros de suporte técnico, ou seja, vão apenas dar apoio a projetos e obras em suas áreas. E as decisões serão tomadas pelos aeroportos e pela direção da Infraero.

“Hoje o processo decisório sobe e desce nesses três níveis, o que leva a uma demora. O que estamos fazendo é ligar os aeroportos diretos à sede para que o processo de comunicação das decisões seja mais rápido, mais eficiente”, disse Lima.

Segundo ele, a mudança é necessária para que a Infraero possa competir, no futuro, com os operadores privados de aeroportos que chegaram ao país a partir do leilão dos terminais de Guarulhos, Campinas e Brasília, no ano passado. Essa competição vai aumentar, já que ainda em 2013 o governo deve leiloar os aeroportos do Galeão (RJ) e Confins (MG).

Abertura de capital
Com a reestruturação, o governo pretende preparar a Infraero para uma abertura de capital (lançamento e negociação de ações em bolsa), planejada para até 2016. O governo deve permanecer como acionista majoritário e controlador da empresa, a exemplo do que ocorre hoje com Eletrobras e Petrobras.

“A Infraero está se preparando para, se o governo julgar que é conveniente a abertura de capital, fazê-la”, disse Lima. De acordo com ele, a decisão do governo de manter a estatal como sócia dos aeroportos entregues a concessão, com 49%, tem o objetivo de mantê-la valorizada para o lançamento de ações.

Programa de demissões
O diretor informou que, pelo menos no momento, a reestruturação não vai implicar em demissões ou abertura de novo programa para que funcionários se desliguem voluntariamente.

Hoje já há um PDV (Programa de Demissão Voluntária) em andamento na Infraero, devido à concessão de aeroportos. A meta da estatal é a adesão de até 3.800 servidores – até agora, entre 900 e mil aderiram ao programa e outros 750 optaram pela transferência para as concessionárias de Guarulhos, Campinas e Brasília.

Aeroportos
A gestão dos aeroportos também será alterada dentro da reestruturação. De acordo com Lima, a princípio o processo não prevê a substituição dos superintendentes dos 63 aeroportos administrados pela Infraero, mas eles vão ganhar mais autonomia de decisão e metas mais rígidas para cumprir.

“Hoje já existem metas só que, como há esse processo decisório difuso, ou seja, tem alguém no meio [superintendente regional], o cara acaba dizendo: ‘eu não cumpri por causa dele’”, disse o diretor de Planejamento.

Lima apontou que os atuais superintendentes vão passar por treinamento para tornar a administração dos aeroportos mais profissional. Eles serão responsáveis por buscar novos negócios para os aeroportos com vistas a elevar o faturamento da Infraero.

O trabalho dos superintendentes vai passar por avaliação a cada dois ou três anos e, se as metas não forem alcançadas, eles podem ser substituídos.

“Hoje não há avaliação formal, não há um contrato que diga: cumpra a sua meta que você está bem. Então a gente vai formalizar isso, com um processo de realocação ou, no limite, uma substituição [se as metas não forem cumpridas]”, disse Lima.

Ainda de acordo com ele, daqui para frente, quando houver necessidade de troca de um superintendente de aeroporto, o processo de escolha também vai ser diferente, com a aplicação de prova e análise de currículos – hoje funciona com base em indicação.

E, com o aumento das exigências, o salário desses profissionais também vai ser elevado. “O superintendente de aeroporto é o principal executivo da empresa. Então, nessa condição, ele precisa ter o seu papel reforçado, inclusive em termos de remuneração”, disse Lima.

O salário de um superintendente varia hoje entre R$ 8,3 mil e R$ 19,2 mil, dependendo do tamanho do aeroporto que administra. Todos eles são funcionários de carreira da Infraero.

Cargas
Na busca por novos negócios o setor de cargas aparece como um dos focos de investimento da Infraero. Segundo o diretor de Planejamento, um dos alvos da estatal é elevar a arrecadação com serviço de armazenagem e desembaraço de produtos importados ou destinados a exportação.

Hoje, 31 aeroportos sob administração da estatal têm condição para atuar como porto seco, mas em apenas 8 isso acontece de fato. A ideia é aproveitar essa estrutura – e a demora vista nos portos marítimos devido ao excesso de demanda – para ganhar clientes.

Lima citou o exemplo de uma montadora de veículos que importa peças por navio e as transporta, de Santos até o aeroporto de Goiânia, onde então ocorre o desembaraço.

“Na prospecção, esse é um negócio que pode gerar muito retorno para a empresa no futuro. Os terminais e a infraestrutura já estão lá - e estão ociosos”, disse o diretor.

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