Economia

Cresce número de pessoas que não trabalham nem estão procurando emprego

Na comparação com outubro do ano passado, houve um aumento de 3,5% ou 623 mil pessoas na chamada população não economicamente ativa

RIO — Um dos destaques da Pesquisa Mensal de Emprego do IBGE foi o aumento da população não economicamente ativa, ou seja, pessoas que não trabalham e nem estão procurando emprego. Na comparação com outubro do ano passado, houve um aumento de 3,5% ou 623 mil pessoas.

E a maior parte desse grupo é formada por pessoas que além de não procurar emprego, também não gostaria de trabalhar.No mês passado, eles eram um contingente de 16,7 milhões de brasileiros, grande maioria dos 18,4 milhões de pessoas que compõem a população não economicamente ativa do país. Cresceram 4,9% em relação a outubro do ano passado ou 789 mil pessoas.

Se, ao invés de sair, esses trabalhadores em idade ativa entrassem para o mercado de trabalho, poderiam influenciar a taxa de desemprego, já que terima que ir para a população ocupada ou desocupada. Num cenário de baixa geração de vagas, o grupo poderia contribuir para elevar a taxa de desemprego e num quadro de mercado aquecido ajudaria a suprir a falta de mão de obra.

Na população não economicamente ativa estão donas de casa que optam por ficar em casa cuidando dos filhos, os jovens que estão fazendo MBA ou cursinho pré-vestibular (cursos que as pesquisa do IBGE não considera como escola regular) e também os chamados “nem, nem, nem”, ou seja, jovens que nem trabalham, nem estudam e nem procuram emprego. Em setembro, o grupo havia crescido 3% em relação a igual mês do ano anterior, taxa que significa aumento de 442 mil pessoas.

— A questão do aumento das pessoas pode estar relacionada tanto a questões conjunturais ou estruturais, em função ou de não estarem conseguindo esse trabalho ou por questões do próprio planejamento. A decisão de não buscar emprego ou de interromper a busca está muito ligada a decisões que tanto tem a ver com questões econômicas quanto estruturais. Nossa pesquisa, que está analisando o médio prazo está observando o aumento desse contingente, mas ainda não tem condições de apontar os fatores que levam as pessoas a adiarem a interromperem a busca por trabalho — explicou Adriana Beringuy, pesquisadora do trabalho e rendimento do IBGE.

A especialista do IBGE, afirma, contudo que esse crescimento não é provocado pelo desalento, ou seja, por pessoas que desistem de procurar emprego depois de meses tentando sem conseguir a vaga.

— Não é desalento, porque quando a gente observa os números efetivos, o desalento, pelo contrário, ele está reduzindo. As pessoas que perdem qualquer expectativa de se inserir no mercado de trabalho, em termos numéricos, elas tem diminuído e não crescido — afirmou Adriana.