26/06/2013 11h49 - Atualizado em 26/06/2013 12h34

Mantega se defende de críticas e vê PIB 'caminhando' para 3% de alta

Contas não tem manipulação e inflação de alimentos foi 'debelada', diz ele.
Críticas partiram de Rodrigo Maia, Mendonça Filho e Vanderlei Macris.

Alexandro MartelloDo G1, em Brasília

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, fala à Câmara nesta quarta-feira (26) (Foto: Zeca Ribeiro/Agência Câmara)O ministro da Fazenda, Guido Mantega, fala à Câmara nesta quarta-feira (26) (Foto: Zeca Ribeiro/Agência Câmara)

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, se defendeu de críticas de deputados da oposição durante audiência pública na Comissão de Finanças e Tributação da Câmara nesta quarta-feira (26), disse que é alvo de "fofocas" citando sua eventual saída do governo, e acrescentou que o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) "caminha para algo como 3%" neste ano. A previsão do mercado financeiro, porém, é de uma expansão de 2,4% para a economia brasileira em 2013.

As primeiras perguntas dos deputados durante a audiência pública concentraram fortes críticas à condução da política econômico pelo governo Dilma Rousseff. O deputado Rodrigo Maia (DEM/RJ) afirmou que a atual crise pela qual passa o Brasil é de "confiança que tem nome e sobrenome: Dilma e Guido mantega", além de ter criticado previsões erradas sobre o crescimento do PIB feitas no passado pelo ministro da Fazenda. "Em qualquer empresa do setor privado, o ministro já estava demitido", declarou ele.

Já o deputado Mendonça Filho (DEM/PE) disse que, para a classe média, a inflação está rodando muito acima de 6,5%. "As manifestações decorrem da percepção da sociedade que a economia não está indo bem", afirmou. Para Vanderlei Macris (PSDB/SP), "nuvens negras se aproximam sobre a economia". Ele criticou as manobras contábeis adotadas nos últimos anos para aumentar o superávit primário e afirmou que isso está comprometendo receitas futuras do governo.

Crise internacional
O ministro da Fazenda, por sua vez, afirmou que o crescimento menor da economia está relacionado com uma "violenta" crise internacional. Segundo ele, a maior dos últimos 80 anos. "Derrubou todas as economias em 2008 e 2009. Em 2011 e 2012, houve recaída da crise na Europa, o que causou retração da economia mundial", declarou ele.

Em seguida, Mantega citou o deputado Rodrigo Maia, do DEM. "Rodrigo Maia ignora a crise. Parece que ele vive em um mundo sem crise. Gostaria que não tivesse 'subprime', que o desemprego na Espanha não fosse 25%, com 50% dos jovens desempregados. Acho que os gregos sairam nas ruas por alguma festa, os espanhóis tambem, e não por causa da crise. Esse é o mundo do deputado Rodrigo Maia. Não enfrentamos a maior cise de todos os tempos. É tudo culpa nossa. Acho que eu e a Dilma somos responsáveis pela crise do capitalismo mundial", declarou ele, em tom irônico.

Previsões erradas sobre o PIB
Mantega disse ainda que as projeções feitas na época da crise se frustraram. "Quando começou, em 2011, não imaginávamos uma recaída da crise pelo problema europeu (...) As projeções que fiz em 2011 se frustraram, assim como todos economistas e institutos. O Focus [pesquisa do BC com o mercado] em janeiro de 2011 previa um PIB de 4,5% para aquele ano e para 2012 também. Quem advinhou que teríamos recaída da crise? Todo mundo faz revisão. Também fiz previsão equivocada e fazemos revisão ao longo do tempo", declarou.

Afirmou ainda que ele próprio é o responsável pelo crescimento da economia no Brasil. "Eu sou responsável pelo crescimento da economia. Sou ministro desde 2006. Em 2011, o crescimento foi de 2,7%, maior do que a média do seu governo [Rodrigo Maia, do DEM]", afirmou ele.

Inflação
Sobre o crescimento da inflação, o ministro Mantega disse que o IPCA está dentro das metas estabelecidas previamente pelo governo federal (dentro da banda estabelecida de 2,5% a 6,5%, com meta central de 4,5%) "ao contrário do que acontecia no governo anterior". "A inflação era maior até 2003, 2004 e 2005, quando passamos a cumprir as metas, dentro da banda", declarou ele, acrescentando que o crescimento do PIB "era muito menor nos governos anteriores e os juros eram muito mais altos".

"Nos ultimos quatro, cinco ou seis anos, a inflação está mais sob controle, o que não quer dizer que não haja pressões inflacionárias. A seca nos Estados Unidos elevou preços das 'commodities' e o regime de chuvas elevou os preços dos hortifrutigranjeitos. Houve surto inflacionário no fim do ano passado e início deste ano. Os alimentos contribuíram para essa presão inflacionária, mas todos caíram. A inflação de alimentos etá debelada. Está caindo. A dona de casa  pode verificar nos supermercados. Fizemos desoneração da cesta básica", afirmou ele, acrescentando que "controlar inflação é prioridade número um" para permitir um crescimento maior da economia.

'Fofocas'
Mantega disse ainda que as citações sobre sua eventual saída do governo são "fofocas". "Se vamos dar ouvidos a fofocas, estamos perdidos. Imagino quantas fofocas estão sendo feitas sobre membros eminentes do parlamento. Sempre há algum interesse, às vezes escuso, sobre isso. Colocar suspeitas sobre a solidez da equipe econômica neste momento de mudança de sinalizações do Fed [BC dos EUA], é contribuir para a turbulência. Não descarto essa postura que tem gente querendo prejudicar o governo, mas não devemos dar ouvido a esse tipo de coisa, principalmente quando não tem fundamento", afirmou ele.

Contas públicas
O ministro negou ainda que haja "manipulação" do resultado das contas públicas no Brasil.  "As contas públicas são auditadas, aocmpanhadas pelo TCU e por organismos inernacionais. Não entendo o que se quer dizer com manipulação. As contas públicas são transparentes. Os atos que fizemos são públicos. Estão no Diário Oficial, feitas à luz do dia, dentro das regras constitucionais", disse Mantega.

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