Na linha das manifestações que marcaram a última semana, os cuiabanos promoveram nesta quarta-feira (26) mais um ato político pelas ruas do centro da capital. Iniciada ao fim da tarde com concentração na Praça Alencastro, a manifestação novamente teve pauta ampla, com foco nas reivindicações por melhorias no transporte coletivo e na política de tarifas no sistema (com pedido de ampliação do passe livre), mas abrangendo também protestos contra a unificação das secretarias de cultura e turismo na cidade e contra o descaso na administração da rede pública de saúde. Pela contagem da Polícia Militar, até mil pessoas chegaram a integrar o ato.
No que diz respeito à saúde, parte dos manifestantes cobraram especificamente melhor estrutura para o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), cujo diretor-geral pediu demissão do cargo nesta quarta-feira (26) devido à ausência de condições de trabalho e precariedade das ambulâncias mantidas pelo governo estadual. Os socorristas que trabalharam no dia inclusive utilizaram faixas negras nos braços, em sinal de luto.
Passeata
Antes de iniciar a marcha por volta das 17h30, o grupo - com faixas, bandeiras e cartazes - assistiu a uma apresentação de dança do ventre no coreto da Praça Alencastro, promovida pelos manifestantes contrários à proposta de fusão das secretarias de cultura e turismo na administração municipal sob argumento de que a unificação das pastas reduziria drasticamente os investimentos e incentivos a projetos culturais na cidade.
Os manifestantes decidiram manter o trajeto anunciado antes da manifestação, semelhante ao do ato realizado no último sábado contra a Proposta de Emenda Constitucional 37 (PEC 37, que acabou rejeitada em votação no Congresso); após a concentração na Praça Alencastro, eles subiram a Avenida Getúlio Vargas, passaram pela Praça 8 de Abril, desceram a Avenida Isaac Póvoas e subiram a Rua Barão de Melgaço, onde se situa a sede da Câmara Municipal.
Os manifestantes foram acompanhados na manifestação por policiais militares, que formaram cordões de isolamento à frente e atrás do grupo ao longo do trajeto até o prédio da Câmara.
(Foto: Dhiego Maia/G1)
Legislativo Municipal
Lá, os organizadores adiantaram que a intenção é de acampar e pernoitar para aguardar a sessão ordinária marcada para a manhã desta quinta-feira, oportunidade para cobrar dos vereadores o atendimento à pauta de reivindicações.
Assim que chegaram, os manifestantes sentaram no espaço em frente ao prédio com representantes dos movimentos sociais presentes à passeata e iniciaram uma plenária para decidir os pontos de reivindicação a serem apresentados aos vereadores. Um deles é a cobrança pelo retorno da figura do cobrador aos ônibus do transporte público municipal.
A recepção por parte dos membros do Legislativo Municipal já foi anunciada oficialmente - tanto que a Polícia Militar já disponibilizou vinte agentes para promover a segurança dos manifestantes que acabarem acampando no local.
"É um avanço saber que os vereadores vão estar abertos ao diálogo, mas é necessário quórum. Queremos que nossas reivindicações sejam ouvidas e tenham andamento célere", ponderou um dos líderes do movimento, o universitário Caiubi Kuhn, enquanto um grupo pequeno dos manifestantes iniciava a montagem das primeiras barracas em frente ao Palácio Paschoal Moreira Cabral, perto do monumento do Centro Geodésico da América Latina.
O Centro Integrado de Operações de Segurança Pública (CIOSP) informou que não foi registrado qualquer tipo de ocorrência e que o protesto está sendo realizado de maneira pacífica, sem qualquer ato de vandalismo ou depredação do patrimônio público reportado.