Economia

Serrador, um edifício de altos e baixos no Centro do Rio

Prédio abrigou maior hotel da América Latina e império de Eike
Centro. Serrador: marco no Rio Foto: Pablo Jacob / Pablo Jacob/30-10-2013
Centro. Serrador: marco no Rio Foto: Pablo Jacob / Pablo Jacob/30-10-2013

RIO — Símbolo de uma era de ouro, abandonado por mais de uma década, o antigo Hotel Serrador, na Cinelândia, parece destinado a ciclos de bonança e decadência. Inaugurado na década de 1940 como o maior hotel da América Latina, o prédio com vista para o Pão de Açúcar foi a sede das empresas de Eike Batista durante o seu auge e hoje, com vidros quebrados e tapumes pichados, testemunha mais um fracasso em seu currículo. Nos arredores da Rua Senador Dantas, os vizinhos estão apreensivos com o destino do prédio e de seu último inquilino.

O reboliço provocado a cada manhã com a chegada de um dos homens mais ricos do mundo chamava a atenção. Todos se lembram da comitiva de seguranças que acompanhava o bilionário. Por vezes chegava de helicóptero, outras, de carro. Trabalhava até tarde — o gerente do restaurante em frente o via passar por volta das 21h — e dava gorjetas, em média, de R$ 50.

Com a derrocada das empresas X, o frenesi acabou. No bistrô do Cine Odeon, onde muitos executivos almoçavam, as perdas chegaram a 20% no último mês, diz o gerente Reginaldo Paulo.

O prédio não foi comprado por Eike, mas alugado. O proprietário do imóvel é o empresário José Oreiro, dono da rede hoteleira Windsor, que o comprou em 2003 com o objetivo de reabrir o famoso hotel. Em 2009 foi lançado o Windsor Offices, edifício com 69 escritórios a um aluguel de R$ 120 por metro quadrado — cerca de R$ 36 mil por unidade. Em 2010, Eike negociou o aluguel de todo o prédio, a um valor desconhecido.

O hotel, inaugurado em outubro de 1944, foi uma homenagem ao empresário Francisco Serrador, espanhol dono de inúmeras salas de cinema na então capital federal. Era ali que funcionava a boate Night and Day, frequentada por políticos, artistas e jornalistas entre as décadas de 1940 e 1960. Com a mudança da capital para Brasília e a decadência da região da Cinelândia, o Serrador fechou as portas.

Reportagem publicada na revista digital para tablet “O Globo a Mais”