24/10/2013 15h04 - Atualizado em 24/10/2013 21h17

Críticas do FMI são 'equivocadas' e de 'escalão técnico', diz Mantega

Para ele, economista-chefe do FMI, Olivier Blanchard, foi mais positivo.
'Deve ter havido uma falta de sintonia entre a direção e a equipe', diz.

Alexandro MartelloDo G1, em Brasília

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, manifestou nesta quinta-feira (24), após audiência pública no Senado Federal, contrariedade com relação às críticas feitas pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) à economia brasileira. Em sua visão, as críticas do organismo multilateral parecem ser "equivocadas".

Segundo o ministro, economista-chefe do FMI, Olivier Blanchard, falou uma "série de coisas positivas" sobre o Brasil recentemente. "Acho que esse relatório foi feito por um escalão técnico, que não está afinado com os principais expoentes do FMI. Repito, o economista-chefe [do FMI] é muito mais afinado com as ideias e com os programas que fizemos aqui. Deve ter havido uma falta de sintonia entre a direção e a equipe que escreveu esse relatório", declarou o ministro da Fazenda a jornalistas.

O FMI criticou, em seu relatório sobre o Brasil divulgado nesta quarta-feira (23), o que chamou de “erosão” da estrutura fiscal do país, e apontou que a retomada da alta da taxa básica de juros, a Selic, é bem-vinda. "Em anos recentes, no entanto, tem havido uma crescente dependência em ganhos extraordinários e ‘ajustadores’ para alcançar a meta fiscal. Essas ações e políticas começaram a minar a credibilidade dessa estrutura e a reverter a tendência de queda da dívida nacional", diz o relatório.

Mantega afirmou que o economista-chefe do FMI, Olivier Blanchard, teria dito recentemente que o Brasil  é um dos países que tem mais "resiliência" entre os países emergentes à crise financeira internacional. "Temos mais condições e superamos melhor estes problemas que temos enfrentado de flutuação do câmbio,  de fuga de divisas, que houve em outros países mas que não houve aqui no Brasil", declarou ele.

Estímulos fiscais
Mantega também se disse "preocupado" ao ouvir que o FMI estaria questionando os estímulos fiscais concedidos pelo governo brasileiro. "Queria lembrar que, quando essa crise estourou em 2009, o FMI se uniu a nós no G20 para dizer que, para enfrentar a crise era preciso que os países dessem estimulos fiscais", declarou.

Segundo ele, a maioria dos países concedeu que estimulos em 2009 teve recuperação no ano seguinte. "Depois houve uma recaída. O Brasil continuou dando estímulos fiscais. Outros países europeus não deram e caíram em recessão. E o FMI continuou reclamando, dizendo: 'olha os países avançados exageraram no ajuste fiscal, é preciso compatibilizar ajuste com alguns estímulos'. Me parece absolutamente incoerente esse relatório", declarou.

'Contencioso' sobre a dívida bruta brasileira
O ministro da Fazenda disse ainda que o governo brasileiro tem um "contencioso" com o Fundo Monetário Internacional sobre o patamar da dívida bruta do setor público.

O FMI contabiliza os títulos que estão na carteira do BC, mas o governo brasileiro não - alegando que eles não estão em mercado. Com isso, no fim do ano passado, a dívida bruta brasileira, pelo critério do FMI, estaria em 68% do PIB, enquanto que, pelos cálculos do BC, estaria em 58% do PIB.

"Eles superestimam a dívida bruta brasileira. Não tem nenhum sentido isso. Neste momento, mandamos uma missão para o fundo para detalhar a explicação. Eles fazem dupla contagem. Temos de insistir nisso. Eu discordo da metodologia aplicada para o Brasil (...) Eu espero que o FMI ouça as razões que estão sendo levadas pelos nossos técnicos que estão lá e façam uma mudança", afirmou Mantega.

Captação no mercado externo
Questionado sobre o lançamento de US$ 3,2 bilhões em títulos da dívida externa nos mercados norte-americano e europeu, concluído nesta quarta-feira (23), Mantega classificou a operação como "belíssima" - mesmo tendo o Brasil pago a maior taxa de juros em três anos.

"A demanda era de US$ 10 bilhões. Os estrangeiros queriam investir em títulos brasileiros ou fazer a troca de títulos antigos por títulos novos. Isso demonstra o grande interesse e a grande confiança que existe no Brasil. Assim que a gente oferece um papel, há um grande afluxo de investidores estrangeiros. Foi uma operação muito bem sucedida", concluiu.

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