06/09/2013 11h42 - Atualizado em 06/09/2013 11h42

Alimentos têm alta influenciada pelo dólar e puxam inflação de agosto

Farinha de trigo subiu 2,68%, pesando sobre preço do pão, diz IBGE.
Em julho inflação foi baixa por causa do recuo nas tarifas dos ônibus.

Lilian QuainoDo G1, no Rio

Variação mensal do IPCA em agosto (Foto: Editoria de Arte/G1)

Após um julho de inflação próxima a zero (0,03%, a mais baixa do ano), provocada pelo recuo no aumento das passagens de ônibus por conta dos protestos no país, o índice retomou sua escalada em agosto, marcando 0,24% por conta principalmente da alta do dólar no mês, que chegou a passar de R$ 2,40 e impactou o preço dos alimentos.

Segundo Eulina Nunes dos Santos, da Coordenação de Índices de Preços do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o café da manhã do brasileiro pesou no orçamento com a alta dos preços do leite longa vida e do pão francês. Isso porque o dólar alto encareceu a farinha de trigo importada e os custos foram repassados para o pão e para o leite. A farinha de trigo, que em julho marcou uma variação de 1,33%, em agosto subiu para 2,68%.

“Além do efeito do dólar, o trigo passa por problemas de safra tanto no Brasil, por causa das geadas, como na Argentina. Nos Estados Unidos, o trigo vem substituindo o milho, que também tem problemas de safra, aumentando a demanda e encarecendo o produto.  Já o leite está na entressafra e os produtores enfrentam problemas nas pastagens, com o frio e a chuva, Além disso, os insumos como adubo e ração também são dolarizados”, disse a coordenadora ao explicar o Índice Nacional de Preços ao Consumidor amplo (IPCA) de agosto nesta sexta-feira (6).

O pão francês subiu 1,58% em agosto contra 0,68% em julho e o café da manhã fora de casa passou de 0,63% para 1,53% na mesma comparação, explicou Eulina. Outros produtos a base de trigo também subiram como o macarrão, -0,21% em julho e 1,28% em agosto.

Apesar de estar em queda, (-0,57%) em agosto, a farinha de mandioca acumula uma alta de 117,8% em 12 meses, o que, segundo Eulina “torna a inflação mais perversa para a população do Nordeste”, para quem o produto é item indispensável na mesa.

Em 12 meses, os alimentos marcaram uma alta de 10,46%. O grupo é o que tem mais  peso no orçamento das famílias (23%), seguido dos transportes (19%). 

As principais quedas foram nos preços da cebola, do tomate e do feijão.

“Estamos com a previsão de uma safra recorde de 187,9 milhões de toneladas, 16% maior que 2012. Este ano, a segunda safra de feijão é 20% maior que a do ano passado e a ainda temos a terceira, com previsão de ser 11% maior que a de 2012”, disse a coordenadora.

A alta do dólar em agosto também influenciou os preços dos produtos não alimentícios – o grupo saiu de 0,15% em julho para 0,31% em agosto. Por conta do câmbio, móveis, eletrodomésticos e produtos de higiene pessoal ficaram mais caros. Os planos de saúde, que tiveram reajuste, também aceleraram a alta do grupo dos produtos não alimentícios.

As principais quedas ficaram com os remédios – 0,10% em julho e 0,40% em agosto.

“Depois do reajuste, parece que houve ajuste para baixo com descontos. Os preços recuaram”, disse Eulina.

A boa safra de cana-de-açúcar fez cair o preço do etanol, -1,16% em agosto, contra -0,55% em julho, o que também puxou para baixo o preço da gasolina, que tem em sua mistura 25% de etanol.

O IPCA de setembro será impactado pela alta da energia elétrica em Brasília, de 5,75% a partir de 26 de agosto, e em Belém, 11,55% a partir de 7 de agosto. E também pelo reajuste dos táxis em Fortaleza, de 10,5% no início de setembro, antecipou a coordenadora.

 

 

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