SÃO PAULO - Pelo quinto dia consecutivo, o dólar comercial manteve a tendência de alta frente ao real e fechou o dia com valorização de 0,04%, sendo negociado a R$ 2,333 na compra e R$ 2,335 na venda. Durante toda a sessão, a moeda americana se manteve em queda, seguindo o movimento de baixa do dólar no exterior. Mas na reta final do pregão prevaleceu a cautela dos investidores e a moeda passou a subir. Saída de recursos do país à tarde potencializaram a valorização da divisa. Segundo analistas, o mercado continua focando sua expectativa em torno da decisão do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) em manter ou reduzir os estímulos à economia americana.
- O dólar abriu o dia em queda, mas não muito longe do patamar de R$ 2,33. Os leilões do BC ajudaram a manter a moeda americana em baixa, mas o fato é que a incerteza em relação à decisão do Federal Reserve mantém o mercado cauteloso e a moeda voltou a subir. Também saídas de recursos à tarde pesaram sobre a cotação. A tendência do dólar é de alta frente ao real - analisa Reginaldo Galhardo, gerente de câmbio da corretora Treviso.
O Banco Central divulgou que o fluxo de dólares que entram e saem do país está positivo em US$ 2,5 bilhões em novembro, até o dia 8. No ano, o fluxo ainda está negativo em US$ 3,4 bilhões.
O Banco Central fez hoje mais dois leilões de contratos de swap cambial tradicional, que equivalem a uma oferta de dólares no mercado futuro. No primeiro, realizado pela manhã, foram vendidos 10 mil contratos, o equivalente a US$ 496 milhões. No segundo, foram oferecidos 20 mil papéis, que somaram US$ 988 milhões.
Neste segundo lote, o BC voltou a renovar contratos que vencem em 2 de dezembro. A expectativa do mercado é que seja renovada a totalidade dos papéis, que somam US$ 10,1 bilhões. Mas analistas afirmam que a estratégia escolhida pelo BC renovando os contratos a ‘conta-gotas’ causa volatilidade.
- O BC até agora não informou se rolará a totalidade dos contratos, o que deixa os investidores apreensivos. Se não rolar todo o lote, a pressão sobre a divisa vai aumentar - diz Galhardo.
Na máxima do dia, o dólar chegou a R$ 2,340 (alta de 0,25%) e na mínima foi negociado a R$ 2,321 (queda de 0,55%).
O mercado procura sinais de como o Federal Reserve vai agir em sua próxima reunião. Membros regionais do Fed têm declarado que uma redução dos estímulos já em dezembro não está descartada, considerando que os sinais de crescimento da economia estão mais consistentes. O Fed compra mensalmente US$ 85 bilhões em títulos e analistas preveem que a instituição reduza as compras entre US$ 10 bilhões e US$ 15 bilhões.
Bolsa abre operações em queda
Na Bolsa de Valores, o Ibovespa inverteu a queda verificada desde a abertura e subiu puxado por Petrobras e por ações de bancos. Uma melhora nas Bolsas americanas durante a tarde também ajudou o pregão brasileiro. No fim da sessão, o Ibovespa se valorizou 0,82% aos 52.230 pontos e volume negociado de R$ 7,3 bilhões. Na Europa, as principais Bolsas fecharam em baixa pelo segundo dia consecutivo. Os investidores sentiram falta de mais detalhes sobre as reformas da economia chinesa, além de manterem a expectativa em relação ao Fed, segundo explicam os analistas da XP Investimentos. a perspectiva de aumento de juros na Inglaterra também pesou.
Entre as ações mais negociadas, Vale PNA recuou 1,14% a R$ 32,10, com a falta de detalhamento das reformas econômicas na China. O país asiático é o principal comprador do minério de ferro da Vale.
Já os papéis da Petrobras que vinham em queda desde a abertura inverteram a tendência e subiram puxando o Ibovespa. As ações PN ganharam 1,99% a R$ 19,94, quando os papéis ordinários se valorizaram 2,57% a R$ 19,09.
A Petrobras anunciou a venda da Petrobras Energia Peru para a petrolífera China National Petroleum Corp (CNPC), maior petrolífera asiática, por US$ 2,6 bilhões. A venda faz parte de seu programa de desenvestimentos, que prevê vendas de ativos de até US$ 9,9 bilhões, tanto no Brasil quanto no exterior.
- Embora persista a incerteza sobre o aumento dos combustíveis, os papéis da Petrobras subiram com a notícia da venda dos ativos no Peru - diz Maurício Pedrosa, sócio da Queluz Investimentos.
O vencimento de opções sobre ações, na segunda-feira, também começa a pesar, segundo analistas.
Já as ações PN do Itaú Unibanco subiram 2,01% a R$ 32,95 e Bradesco PN teve alta de 1,34% a R$ 30,95.
Mercado analisou balanços da Oi, Marfrig e Gol
Entre os balanços do terceiro trimestre divulgados, a empresa de telecomunicações Oi teve um lucro líquido de R$ 172 milhões, uma queda de 70,7% em relação ao mesmo trimestre do ano anterior. As ações da companhia apresentam a maior alta do pregão. Os papéis PN subiram 1,69% a R$ 3,59, enquanto as ações ON se valorizaram 2,45% a R$ 3,76. O mercado reagiu positivamente ao corte de custos feito pela empresa.
Durante a teleconferência com analistas e investidores, Zeinal Bava, presidente da Oi, ressaltou que a preocupação da companhia continua sendo de redução de custos, venda de ativos, melhora do perfil de endividamento e meta de um investimento menor que os R$ 6 bilhões previstos para esse ano em 2014.
A Gol teve prejuízo líquido de R$ 197 milhões, uma queda de 36,3% em relação ao prejuízo de R$ 309,4 milhões registrado no mesmo período de 2012. O resultado da empresa ficou aquém das projeções do mercado, que esperava prejuízo de R$ 115,175 milhões. O dólar alto impactou os resultados da companhia. Analistas avaliam que num cenário de queda de demanda e alta de dólar fica mais difícil para a companhia reduzir custos. As ações PN da Gol tiveram a maior queda do Ibovespa, com desvalorização de 4,71% a R$ 9,50.
E a processadora de alimentos Marfrig obteve um prejuízo líquido de R$ 194,1 milhões no terceiro trimestre, revertendo um lucro líquido de R$ 90,6 milhões no mesmo período de 2012. Na comparação com o segundo trimestre deste ano, a companhia reduziu seu prejuízo em 59%. As ações da Marfrig estão em alta de 0,69% a R$ 4,34.
A MMX, que divulgaria seus números do terceiro trimestre hoje, adiou o anúncio para até o dia 25 de novembro.
Juros futuros recuam pelo segundo dia
As taxas dos contratos futuros de Depósito Interfinanceiro (DI) fecharam em queda pelo segundo dia consecutivo, refletindo a baixa do dólar na maior parte do dia e o recuo das taxas dos títulos de dez anos do Tesouro americano. Os contratos de juros com vencimento em janeiro de 2015 recuaram de 10,96% para 10,86% e as taxas dos DIs para janeiro de 2017 caíam de 12,08% para 11,97%.