29/06/2013 15h26 - Atualizado em 29/06/2013 16h01

Jovens voltam às ruas e 'fecham' trânsito no Centro de Varginha, MG

Cerca de 50 pessoas organizaram manifestação contra tarifa do transporte.
Com o comércio movimentado, curiosos e consumidores apoiaram protesto.

Samantha SilvaDo G1 Sul de Minas

Estudantes saem novamente às ruas por redução da passagem de ônibus (Foto: Samantha Silva / G1)Estudantes saem novamente às ruas por redução da passagem de ônibus (Foto: Samantha Silva / G1)

Cerca de 50 pessoas percorreram as ruas do Centro de Varginha (MG) na manhã deste sábado (29). A manifestação reuniu estudantes que não concordam com o valor do transporte público, de R$ 2,60, e que buscam conquistar o passe livre para estudantes de instituições federais. A manifestação percorreu a área comercial da cidade, que estava cheia de consumidores e famílias que passeavam pelo Centro de Varginha na manhã do sábado. Apesar do pequeno transtorno, todos se diziam a favor dos manifestantes.

Este é o terceiro protesto que o grupo de estudantes organiza. Nesta quinta-feira (27), o prefeito Antônio Silva (PTB) declarou que não baixaria mais a tarifa além dos R$ 0,10 já anunciado pela prefeitura, reduzindo de R$ 2,70 para 2,60, e que passará a valer a partir do dia 1º de julho deste ano. A segunda manifestação do grupo havia acontecido um dia antes da coletiva com o prefeito, na quarta-feira (26). Segundo Silva, “a Prefeitura de Varginha está falida” e não pode arcar com os custos da redução para R$ 2,50, valor da tarifa até o reajuste feito no início do ano.

Sigo a manifestação porque sou brasileiro"
Roberto Reis,
44 anos

Os manifestantes começaram a se reunir em frente à Concha Acústica às 10h e caminharam com cartazes pelas principais ruas do Centro da cidade. A Polícia Militar, que de início não acompanhava o manifesto, passou a controlar o trânsito. O roteiro dos manifestantes seguia a área do comércio de Varginha, que no sábado reúne grande movimento de pessoas e veículos. A cada rua que entravam, os manifestantes paravam no semáforo, fechando o trânsito por minutos, e listavam suas reivindicações.

Com isso, uma multidão de curiosos se reunia em volta dos manifestantes, dando seu apoio ou simplesmente tentando entender o que acontecia. William Amélio é funcionário de um supermercado próximo ao calçadão onde os manifestantes pararam por alguns minutos. Ele aproveitou o horário de almoço para assistir o protesto, e dançava, animado, ao som dos apitos, batuques e reivindicações dos manifestantes.

Crianças e estudantes se reuniram com cartazes pelas ruas do Centro (Foto: Samantha Silva / G1)Crianças e estudantes se reuniram com cartazes pelas ruas do Centro (Foto: Samantha Silva / G1)

Ao ser questionado se concordava com a manifestação, ele respondeu: “Está certo, o Brasil está uma ‘pouca vergonha’. E R$ 2,60 é muito caro, Varginha não tem esse espaço pra cobrar esse absurdo não”. Carioca, porém morando na cidade, ele diz que se estivesse no Rio de Janeiro (RJ) estaria participando, mas aqui não é possível. “Não tem jeito não. O gerente está de olho, senão ‘embaça’ (risos)".

O gerente Rafael Carvalho, de 26 anos, concorda com o movimento e acha que os jovens tem que ir atrás dos seus direitos, mas ele não acha justo passe livre para os estudantes. “Eu acho que R$ 1,00 para estudante estaria de bom tamanho, ou pagar meia tarifa, ainda mais quem não tem condições financeiras, teria que ter os seus direitos”, explica.

Reis segue de bicicleta na frente de todas manifestações (Foto: Samantha Silva / G1)Reis segue de bicicleta na frente de todas
as manifestações (Foto: Samantha Silva / G1)

A dentista Rejane Chagas acha “perfeita a reivindicação”. “Eu sou a favor, só não vou porque não posso ir. Mas acho que nós temos muitas reivindicações, tem que reivindicar. O que eles estão pedindo?”, pergunta a dentista. Ao ver o cartaz dos alunos do Cefet, completa: “Está certo, é necessário. Mas eu tenho outra reivindicação”. A dentista explica que acha injusto a “Área Azul” da cidade, em que o tempo máximo de estacionamento (duas horas) não é suficiente e a pessoa não tem a opção de pagar por mais tempo. “Ontem mesmo multaram seis carros aqui na rua. E eu que sou dentista, como vou parar no meio do atendimento, pedir pra pessoa me esperar com a boca aberta lá para eu trocar o papelzinho da área azul”, completa, dizendo que é preciso protestar por isso.

Roberto Reis, de 44 anos, acompanha de bicicleta as manifestações desde a primeira vez que os estudantes se organizaram. Quando questionado sobre o motivo, ele respondeu: “Porque eu sou brasileiro”. Reis conta que seu meio de transporte é a bicicleta desde criança, mas apoia o movimento pelas pessoas que não podem pagar tanto pelo transporte público. Entre as coisas que ele mesmo reivindicaria, está mais remédio disponível na rede pública.

Manifestantes sentaram nas faixas de pedestres e fecharam o trânsito (Foto: Samantha Silva / G1)Manifestantes sentaram nas faixas de pedestres e fecharam o trânsito (Foto: Samantha Silva / G1)

Mesmo quem teve que ficar parado no trânsito para ver a manifestação passar, não estava incomodado. A motorista Alzira Zanon, que acabava de chegar de São Paulo e tinha que esperar mais um pouquinho para ver a mãe, aproveitava para descer do carro e tirar fotos ao lado dos manifestantes. Já o motorista do ônibus circular, que carregará os passageiros por R$ 2,60 a partir de julho, acha que tanto R$ 2,50 quanto R$ 2,70 são justos. Ele não quis se identificar, e enquanto esperava pacientemente a manifestação passar, disse que o que precisava melhorar mesmo era o trânsito, entre tantas outras reivindicações.

 

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