21/08/2013 12h37 - Atualizado em 21/08/2013 12h59

BC registra entrada de US$ 812 milhões no país na semana passada

Valores entraram exclusivamente pelo segmento comercial, diz instituição.
Na parcial do mês, porém, saídas superam entradas em US$ 279 milhões.

Alexandro MartelloDo G1, em Brasília

O Banco Central informou nesta quarta-feira (21) que o ingresso de dólares no país superou a retirada de moeda estrangeira em US$ 812 milhões na semana passada. Na parcial deste mês, até a última sexta-feira (16), porém, ainda há saída de divisas no valor de 279 milhões da economia brasileira.

Se confirmada para todo este mês, será a terceira retirada consecutiva de dólares da economia brasileira. Em junho, US$ 2,6 bilhões deixaram a economia brasileira, no que foi a maior retirada de valores deste ano e, em julho, outros US$ 1,44 bilhão saíram do Brasil.

Contas comercial e financeira
O fluxo cambial brasileiro possui duas contas: a comercial, na qual são fechados os contratos de câmbio para operações de exportação e importação; e a conta financeira – que inclui as demais operações, como os investimentos estrangeiros diretos e os recursos para aplicações financeiras, além das remessas de lucros e dividendos e empréstimos tomados no exterior, entre outros.

Os números do BC mostram que a entrada de dólares registrada na última semana na economia brasileira ocorreu unicamente por meio do segmento comercial - que registrou o ingresso líquido de US$ 1,13 bilhão no período. Ao mesmo tempo, foi contabilizada a saída de US$ 323 milhões por meio da conta financeira na semana passada.

Impacto na cotação do dólar
A entrada de recursos no país registrada na semana passada, segundo analistas, favoreceria teoricamente a queda do dólar. Isso porque, com mais moeda norte-americana no mercado, seu preço tende a ficar maior. Na semana passada, porém, o dólar oscilava pouco acima de R$ 2,30 e, nesta semana, já está mais próximo de R$ 2,40.

Economistas avaliam que, além da escassez de recursos direcionados para a economia brasileira, também consequência da retirada de estímulos nos Estados Unidos, a alta do dólar no Brasil também está relacionada com as expectativas negativas para o país – que tem se ressentido de um baixo crescimento do PIB e de uma inflação em alta, além de um aumento do déficit das contas externas. E também com as movimentações do mercado futuro.

Atuação do BC
Nesta terça-feira (20), a autoridade monetária aumentou os instrumentos de intervenção no câmbio, realizando leilões de swap para rolagem e novos contratos e leilão de linha, com a venda de dólares com compromisso de recompra, envolveldo, ao todo, quase US$ 6 bilhões em recursos.

Nesta quarta, o BC realizou nesta manhã  um leilão de rolagem de contrato de swap cambial tradicional, equivalente à venda de dólares no futuro. A autoridade monetária estendeu o vencimento de 20 mil contratos que vencem no início setembro para 1º de abril de 2014. O volume financeiro do leilão foi equivalente a US$ 987,9 milhões de dólares.

"Espera-se que [o BC] mantenha constante a oferta de liquidez, tanto no mercado derivativos/futuro quanto de linhas de financiamentos, para os bancos lastrearem suas posições vendidas e gerarem liquidez para o mercado de câmbio à vista", disse o economista Sidnei Nehme, da NGO Corretora. Para ele, o BC procurará quebrar a resistência dos especuladores e direcionar gradualmente o dólar ao preço de R$ 2,30.

Parcial do ano
No acumulado deste ano, até dia 16 de agosto, foi contabilizado o ingresso de US$ 7,8 bilhões na economia brasileira, ainda segundo informações do Banco Central. Isso representa uma queda de 65% frente ao mesmo período do ano passado – quando a entrada de divisas no país somou US$ 22,7 bilhões.

A fraca entrada de dólares neste ano tem levantado a preocupação de economistas sobre o financiamento das contas externas. Desde 2005, somente um ano registrou fluxo negativo (2008, com a retirada de US$ 983 milhões do país). Em 2009, 2010, 2011 e 2012, houve entrada líquida de recursos de, respectivamente, US$ 28,7 bilhões, US$ 24,3 bilhões, US$ 65 bilhões e US$ 16,7 bilhões.

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