Economia

Petrobras é uma das dez maiores credoras da OGX

Empresa também deve a ministérios e órgãos públicos

RIO - A lista de credores da OGX, à qual O GLOBO teve acesso, revela que a empresa de Eike Batista tem dívida com órgãos públicos e com empresas controladas pelo governo federal, como a Petrobras. A estatal petrolífera tem crédito a receber de R$ 37 milhões, já vencidos, o que a coloca entre os dez maiores credores de sua concorrente privada. Procurada, a estatal não comentou.

Entre os demais órgãos públicos estão os Ministérios dos Transportes (R$ 100 mil) e da Fazenda (R$ 14 mil). A Caixa também aparece na lista, com débito de R$ 120 mil, parcialmente vencido. A dívida total da OGX é de R$ 11,2 bilhões.

A empresa de Eike deve R$ 757 mil ao Serrador Empreendimentos e Participações, dono do edifício Serrador, no Centro, que é sede do grupo. O valor se refere ao aluguel que ainda terá de ser pago ao dono do prédio. Além da OGX, MMX (mineração), LLX (logística) e OSX (construção naval) estão lá. Não se sabe por quanto tempo.

Cafezinho e estacionamento

Entre os 226 credores, estão ainda empresas que prestam serviços rotineiros à OGX, como as telefônicas Vivo (R$ 51,9 mil) e TIM (R$ 34,3 mil) e a agência de notícias Reuters (R$ 26 mil). Nem o estacionamento da Cinelândia (R$ 56 mil, já vencidos) e o cafezinho (a Valorização Empresa de Café tem R$ 10 mil a receber) escaparam de figurar na lista.

Os maiores credores são os detentores de bônus emitidos no exterior (R$ 8,1 bilhões), seguidos pela OSX (R$ 2,4 bilhões). A dívida com a OSX, porém, ainda é questionada pela OGX. O grupo francês Schlumberger é o terceiro maior credor, com R$ 202,9 milhões. A cifra inclui não apenas a holding, como também a M-I Swaco, que pertence ao grupo. Só a filial brasileira tem a receber R$ 88 milhões. Nenhum dos credores da lista têm garantia real. A OGX não tem passivo trabalhista.

Uma carta na manga da companhia para que os credores aprovem seu plano de recuperação judicial é o acordo firmado entre a OGX e a Eneva, confirmado na manhã desta quinta-feira. O acerto prevê um aumento de capital de R$ 250 milhões na OGX Maranhão, ainda sem data para ocorrer. A alemã E.ON, acionista majoritária da Eneva, vai injetar R$ 50 milhões na empresa, enquanto o fundo Cambuhy, do grupo Moreila Salles, injetará os R$ 200 milhões restantes. Assim, a OGX, que tem 66,7% na sua subsidiária, será diluída, ficando com 36,36%. Essa fatia será, posteriormente, comprada pelo Cambuhy por mais R$ 200 milhões.

Ao fim do processo, a OGX Maranhão deixará o grupo e se tornará uma empresa independente, levando consigo oito blocos na Bacia do Parnaíba (MA), onde já há produção de gás. O acordo prevê ainda que a OGX Maranhão pague uma dívida de R$ 144 milhões à OGX. No fim das contas, a petroleira de Eika terá uma injeção de capital novo de R$ 344 milhões, que deverá ser usado para pôr em operação o campo de Tubarão Martelo, na Bacia de Campos.