18/07/2013 08h59 - Atualizado em 18/07/2013 12h23

Copom segue vendo gastos públicos crescentes

Ministro Mantega anuncia até segunda-feira novo bloqueio de gastos.
Objetivo é atingir a meta de superávit primário de 2,3% do PIB.

Alexandro MartelloDo G1, em Brasília

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central informou nesta quinta-feira (18), por meio da ata de sua última reunião, quando os juros básicos da economia avançaram para 8,5% ao ano, que os gastos do setor público seguem crescendo.

"Iniciativas recentes apontam o balanço do setor público [política de gastos] em posição expansionista", diz o documento. Por outro lado, segundo o BC, o frágil cenário internacional tem contido o crescimento da demanda.

Esses dados, assim como os desenvolvimentos no âmbito das contas públicas e no mercado de ativos, como preço do dólar, por exemplo, "são partes importantes do contexto no qual decisões futuras de política monetária serão tomadas, com vistas a assegurar a convergência tempestiva da inflação para a trajetória de metas", acrescentou o BC.

Após sofrer críticas pelo aumento de gastos públicos em um momento de alta da inflação, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, informou que realizará um corte adicional no orçamento deste ano, a ser anunciado até a próxima segunda-feira (22). O objetivo é atingir a meta de superávit primário (economia feita para pagar juros da dívida pública e tentar manter sua trajetória de queda) de 2,3% do PIB - o equivalente a R$ 110,9 bilhões. Esse corte extra de gastos, que se somará ao bloqueio de R$ 28 bilhões anunciado em maio, será de até R$ 15 bilhões.

Nesta quarta-feira (17), Mantega também disse que os estados e municípios têm de fazer sua parte no ajuste fiscal, ou seja, no atingimento das metas de superávit primário (economia feita para pagar juros da dívida pública e tentar manter sua trajetória de queda). A parcela dos estados e municípios no esforço fiscal, neste ano, é de o equivalente a R$ 47,9 bilhões, ou 0,95% do PIB. Caso os estados e municípios não "entreguem" sua parte, o governo federal, ainda segundo Mantega, compensará o que faltar para atingir a meta de 2,3% do PIB.

Segundo economistas ouvidos pelo G1, a meta do governo, com este bloqueio adicional no orçamento que será anunciado até segunda-feira (22) e com o aumento de juros realizado na semana passada pelo Banco Central, é o de retomar a crebilidade na política econômica. Nos quatro últimos anos, somente em 2011 a meta fiscal foi atingida sem o uso de manobras contábeis. No caso da inflação, o IPCA somou 6,5% em 2011 e 5,84% em 2012 - bem acima da meta central de 4,5% nos dois anos, mas dentro do intervalo de tolerância (que fixa o teto em 6,5%).

Na ata do Copom, o BC avaliou ainda que há "estreita margem de ociosidade no mercado de trabalho" e ponderou que, em tais circunstâncias, um "risco significativo reside na possibilidade de concessão de aumentos de salários incompatíveis com o crescimento da produtividade e suas repercussões negativas sobre a inflação". "Não obstante sinais de moderação, o Comitê avalia que a dinâmica salarial permanece originando pressões inflacionárias de custos", concluiu.

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