Economia

Canadense Dorel compra 70% da Caloi

Fábrica da tradicional empresa brasileira se transformará em centro de produção da estrangeira

MANAUS - A canadense Dorel Industries anunciou nesta quinta-feira acordo para comprar 70% da tradicional empresa brasileira de bicicletas Caloi, numa transação que irá transformar a fábrica da companhia no país em um de seus centros de produção no mundo.

Segundo comunicado da Dorel à imprensa, a compra da participação majoritária foi fechada com base em um "múltiplo de um dígito alto sobre o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda)". A empresa não divulgou valores precisos ou a forma como o pagamento pela participação será feito.

— A expansão das marcas da Dorel no nosso mercado irá ajudar a atender à crescente demanda dos consumidores brasileiros por alta qualidade, combinada com inovação e estilo — disse Musa, ao lado do presidente da Cannondale Sports Unlimited, Robert Baird.

Fundada em 1898, a Caloi teve vendas de R$ 273,5 milhões em 2012, crescimento de 22% sobre o ano anterior. A empresa estima ter participação de mais de 40% no mercado brasileiro de bicicletas. A Caloi emprega 900 funcionários e tem em Manaus a maior fábrica de bicicletas do mundo fora do sudeste da Ásia, com a produção de mais de 700 mil unidades por ano, segundo a Dorel.

Com a venda do controle, a unidade passará a produzir bicicletas de outras marcas da companhia canadense, como Cannondale, Schwinn, Mongoose e GT, acrescentou a Dorel. As bicicletas serão destinadas ao mercado doméstico e à exportação.

"Esta nova parceria com a Caloi posiciona a Dorel como uma das maiores companhias de bicicletas do mundo, bem como líder nas Américas", disse o presidente-executivo da companhia canadense, Martin Schwartz, em comunicado.

"Apesar dos atuais desafios econômicos no país, acreditamos que o mercado consumidor é bom e está caminhando na direção certa. Vemos esta transação como uma sólida oportunidade", completou Schwartz.

‘Não esqueça a minha caloi’

A Caloi foi um marco na publicidade brasileira, graças ao sucesso de uma campanha veiculada a partir de 1978 na mídia impressa, no rádio e na TV. Desenvolvida pela agência Integral de Propaganda, as peças traziam o personagem Zigbim, um menino simpático e insistente que pedia a todo tempo aos pais que não esquecessem de comprar a bicicleta. A frase “Não esqueça a minha Caloi” era escrita em bilhetinhos que o menino espalhava pela casa e até mesmo nas roupas.

O mercado brasileiro de bicicletas têm atraído a atenção de grandes grupos mundiais. E não é para menos. Segundo cálculos dos próprios fabricantes, China, Índia e Brasil respondem hoje por 79% da produção mundial do setor, com liderança folgada da China (67%), seguida por Índia (8%) e Brasil (4%).

A aceitação crescente das bicicletas elétricas nos grandes centros urbanos surge como opção aos congestionamentos diários. Com preços de até R$ 3 mil, os modelos têm conquistado cada vez mais a preferência dos usuários pela praticidade, combinando o prazer do exercício físico da pedalada com o conforto do motor elétrico, que tem autonomia de até 30 quilômetros, antes de que seja necessário fazer a recarga, em média de seis horas.

Hoje, grande parte dos modelos ainda é importada, mas três empresas nacionais, Houston, Kasinski e Evolubike, têm tem planos para disputar uma fatia maior desse mercado.