20/10/2013 08h30 - Atualizado em 20/10/2013 08h30

Agricultores comemoram chuva acima da média no sertão de Sergipe

No sertão do Piauí, barragens e açudes não resistem à longa estiagem.
O carregamento de cinco a seis mil litros de água custa 120 reais.

Do Globo Rural

O clima está mudando em certas regiões do sertão nordestino. Em algumas áreas, voltou a chover em outubro, mas em outras a seca ainda provoca estragos.

Em Porto da Folha, sertão de Sergipe,  o agricultor não via chuva há quase dois anos. "Se não chovesse logo, faltava água. Agora choveu, melhorou. O pasto vai sair, o gado vai engordar”, diz José Dionísio Cardoso, produtor de leite.

Em menos de uma semana, choveu quatro vezes mais que a média esperada para todo mês de outubro no sertão sergipano. Os 100  milímetros de chuva foram suficientes para aumentar o nível dos reservatórios.

Açudes que estavam secos, agora têm água. "A lama tava toda rachada porque não tinha água. Depois de três dias, a chuva fez esse poço de água. O gado passava sede e agora tem água nas barragens para o gado beber. Até o povo mesmo, faltava água na torneira, faltava toda hora”, conta Fátima dos Santos, produtora rural.

O verde começa a voltar à paisagem. O produtor de leite Edinilson Delfino se apressou em soltar as 180 cabeças de gado no pasto. Agora, a expectativa é que a produção de leite aumente. “Só de ver o seu rebanho forte, já é uma felicidade”, afirma o produtor de leite.

O maior reservatório de água da região centro sul do Piauí sente os efeitos da seca. Atualmente, a barragem armazena apenas 30% da sua capacidade.  A barragem fica no município de Valença, a 210 quilômetros de Teresina. Nas épocas normais, ela atende a população de onze municípios, mas este ano a situação ficou crítica.

“No geral, todas as barragens estão em um nível bastante abaixo, se considerar a média histórica, para este período em invernos normais”, alerta José Carvalho, diretor regional da DNOCS.

No povoado Uruçu, zona rural do município de Lagoa do Sítio. não chove regularmente há mais de um ano.  As pequenas barragens não resistiram à escassez da chuva e estão completamente vazias.

Não foi montado nenhum esquema para atender a necessidade de água para os animais. O que vem sendo feito é a operação carro pipa realizada pelo Exército para abastecer o consumo das famílias.

O trabalho tem apoio do governo estadual, mas os caminhões não são suficientes para atender a todas as famílias. Em Valença, os pequenos agricultores ganharam cisternas, mas elas não encheram por falta de chuva.  Por isso, no município só tem água quem pode comprar.  O carregamento de cinco a seis mil litros custa 120 reais.

“O pessoal está tirando o dinheiro da aposentadoria, até do Bolsa Família. O que serviria para comprar arroz, feijão, ajudar na renda familiar... estão tirando pra comprar água”, diz Derval da Silva, presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais.

Segundo o IBGE, o Nordeste perdeu, no ano passado, quatro milhões de animais por causa da seca. Mil e duzentos municípios decretaram situação de emergência.

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