Economia

O adeus à TV de tubo: produção dos aparelhos no Brasil termina depois da Copa

Eletrônicos antigos perdem espaço para televisores LCD e LED, que ficaram mais baratos e modernos
Pedestres em loja de eletrônicos no Centro do Rio, em 1972 Foto: Arquivo O Globo/28/08/1972 / Agência O Globo
Pedestres em loja de eletrônicos no Centro do Rio, em 1972 Foto: Arquivo O Globo/28/08/1972 / Agência O Globo

RIO - Falta menos de um ano para que a espaçosa TV de tubo deixe de ser produzida no Brasil. O caminho rumo à tecnologia digital deverá enterrar os grandes aparelhos. Segundo o presidente da Eletros (associação dos fabricantes), Lourival Kiçula, a produção deve ser reduzida gradualmente e acabar após a Copa do Mundo do ano que vem. Atualmente, a TV de tubo é produzida pela Semp Toshiba e pela Philco, fabricantes que evitam falar sobre o assunto. Em tese, os aparelhos de tubo catódico podem comportar a nova tecnologia por meio de um conversor, mas boa parte das pessoas prefere comprar um aparelho novo. Até 2018, todos os televisores terão sinal digital.

Uma busca rápida em sites de varejistas é suficiente para se ter uma ideia de como é difícil achar uma TV de tubo. No primeiro semestre deste ano, elas corresponderam a apenas 2,5% do total vendido, segundo a consultoria GfK. As TVs de LED tinham ampla maioria, com 83% das vendas de varejistas.

Os aparelhos de TV estão em 97,2% dos lares brasileiros. Os de tubo ainda são encontrados em 65,1%, e eram o principal aparelho em 20,8% das residências. Três anos atrás, tinham presença bem mais significativa: em 71,1% dos lares, segundo a CVA Solutions, empresa de consultoria e pesquisa de mercado. Assim como os aparelhos de tubo estão em extinção, TVs em preto e branco não estavam nem em 1% dos lares (0,23%, exatamente). E 2,8% dos domicílios não tinham qualquer aparelho.

A televisão surgiu no Brasil em 18 de setembro de 1950. Na época, o polêmico empresário das comunicações Assis Chateaubriand mandou colocar televisores em vários pontos de São Paulo, como o Jockey Clube, as Lojas Mappin e o saguão dos Diários Associados, de propriedade dele. Em 1950, eram mil receptores. Em 1960, pularam para 621.919. Em 1972, havia mais televisores que geladeiras nos lares, segundo o “Almanaque da TV”.

- A TV de tubo deve ser produzida apenas até junho e depois acaba. Ainda existem amantes da TV de tubo, que ainda pode ser mais barata. Mas é uma mudança de tecnologia muito grande, com TVs mais leves, LCD, plasma - afirma Kiçula.

Para o diretor da consultoria de pesquisas da IT Data Ivair Rodrigues, o aumento dos custos dos fabricantes é responsável pela mudança. Com menos fornecedores fabricando a TV internacionalmente, nem mesmo um milhão delas deverá ser fabricado no Brasil este ano. A maior parte das remanescentes é dirigida ao mercado nordestino.

- A TV de tubo já está morta há muito tempo. Tudo que vai sendo descontinuado começa a ter problemas - afirma, citando o videocassete, que pode custar mais que um aparelho de DVD. - É uma substituição de uma tecnologia por outra. O preço de uma TV de LCD caiu muito. Há dois anos, uma LCD comum de 42 polegadas custava R$ 3.500. Hoje, sai por menos de R$ 1.500.

As TVs continuam o carro-chefe das vendas de fabricantes de eletroeletrônicos. Em um ano em que o Minha Casa Melhor, programa do governo voltado para a aquisição de móveis e eletrodomésticos pela população de baixa renda, continua a impulsionar as vendas, a expectativa é que 14,5 milhões de aparelhos de TV sejam vendidos neste ano. Pouco mais que o número comercializado no ano passado: 14,3 milhões.

Reportagem publicada na revista digital “O Globo a Mais”