Economia Emprego

Policial aposentado volta ao mercado nos EUA fazendo enterros no mar

Americano criou serviço há 14 anos, depois de ver homens jogando cinzas no mar de qualquer jeito e decidiu profissionalizar o serviço

George Hogrefe trabalha fazendo enterros no mar há 15 anos
Foto: Richard Perry/The New York Times
George Hogrefe trabalha fazendo enterros no mar há 15 anos Foto: Richard Perry/The New York Times

O policial aposentado George Hogrefe, de Lanoka Harbor, Nova Jersey, estava pescando há algumas milhas da praia quando viu dois homens, num barco comercial, jogando duas sacolas ao mar, de qualquer jeito. Disputavam, aliás, quem jogava os sacos mais alto. Pensou que se tratava de lixo e reclamou. Os dois então lhes explicaram que aquilo era um enterro de cinzas de pessoas cremadas e que estavam trabalhando: recebiam para jogar as cinzas ao mar. Aprendeu ali que o custo daquele serviço saía a US$ 50 por sacola.

Naquele momento, como conta a coluna Job Market do New York Times, Hogrefe decidiu que, um dia, faria aquele tipo de serviço, só que para enterrar pessoas de forma digna. Isso foi há 15 anos e, um ano depois, ele criava a empresa Sea Burial. Hoje, cobra de R$ 450 a R$ 1.500, dependendo do porte do enterro e das exigências doa familiares. Abaixo segue parte de sua entrevista.

O serviço de enterro marítimo é legalizado?

A Environmental Protection Agency (agência de proteção ambiental) estabelece normas para o enterro. Na minha área, tenho que dar informações a eles que incluem meu nome, o nome do morto, do barco, o porto de partida e a longitude e a latitute do enterro.

Algumas pessoas podem achar que esse é um serviço difícil de fazer. Você se acha capaz de lidar emocionalmente com enterros, devido à sua experiência anterior como policial?

Por um lado, como um policial, eu era muito bom em lidar com situações difícieis. Por outro lado, algumas vezes é bem complicado. Como no caso da mulher que estava enterrando seu marido no mar e, no mesmo dia, perdeu seu filho de 22 anos. Aquilo foi duro.

Como seu trabalho mudou ao longo dos anos?

Não uso mais meu barco. Eu contrato barcos maiores, como aqueles que fazem passeio de observação de baleias ou cruzeiros. Eu faço qualquer serviço que a família queira, menos os religiosos. Mas, se eles quiserem, podem contratar um membro da igreja com eles.

Qual foi o serviço mais incomum que você fez?

Um pai de família que lutou na Segunda Guerra Mundial. Oitenta membros da família e amigos assistiram e tivemos aviões da Segunda Guerra voando sobre o barco. Os aviões fizeram manobras de guerra e soltaram fumaça vermelha, branca e azul.