O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutnho, prevê o início de um novo regime monetário, com um ciclo duradouro de valorização do dólar, "que vai a criar condições mais favoráves do ponto de vista de taxa de câmbio para a competividade brasileira no médio prazo". Coutinho falou nesta quinta-feira (22) no Encontro Nacional de Comércio Exterior (Enaex), que acontece no Rio.
"No curto prazo, tem que ajudar a evitar pressões inflacionárias inconvenientes derivadas da depreciação aguda da taxa de câmbio, o que não interessa. Uma logística eficiente e o câmbio estimulante vão alimentar cadeias produtivas que perderam espaço no cenário produtivo e que agora podem ousar sonhar com a recuperação desses espaços", disse.
Para Coutinho, se o câmbio nominal estabilizar num nível um pouco mais baixo que o atual, é mais sustentável em termos de ganhos de médio e longo prazo.
"Se estabilizar entre R$ 2 ,20 e R$ 2,35, mais baixo, é mais fácil de se tornar sustentável", disse.
Segundo afirmou, é preciso investir em ferrovias e hidrovias para reduzir custos logísticos da exportação, e o programa de concessões em logística é capital para futuro da competitividade.
A carteira de projetos do BNDES para o período de 2013 a 2016 em logística soma R$ 179 bilhões e os investimentos nos setores sob processo de concessão, como rodovias, portos e aeroportos deve crescer por ano 22,3%, afirmou Coutinho no Enaex.
"O Brasil tem fundamentos macroeconômicos sólidos, apesar da volatilidade do momento, e não enfrenta crise cambial. O mercado brasileiro tem potencial de expansão, sistema privado robusto que não está exposto a produtos que produzem perdas especialmente às empresas exportadoras. No mundo inteiro há um processo desafiador de reprecificação de moedas e ativos. Depois o processo se acomoda. Vamos esperar uma acomodação numa situação mais favorável para a competitividade futura", disse.
MPX
Sobre o aporte de R$ 82 milhões do BNDES na MPX, empresa de energia do grupo EBX, de Eike Batista, para manter sua participação de 10,3% após o aumento de capital da empresa, Coutinho disse que a "análise fundamental do banco mostra grande potencial, a empresa tem em seu portfolio projetos muito interessantes".
"Lembrem-se que a empresa hoje é a E.ON", disse.
Desembolsos
Na quarta-feira (14), o banco informou que os desembolsos atingiram R$ 88,3 bilhões no primeiro semestre, um crescimento de 65% em relação a igual período do ano passado e o melhor desempenho obtido pelo banco em sua história, divulgou o banco. As micro, pequenas e médias empresas ficaram com 37% das liberações.
O Programa de Sustentação de Investimento (PSI), que financia máquinas e equipamentos, atingiu R$ 42,6 bilhões em liberações, um crescimento de 230% contra o primeiro semestre do ano passado.
Segundo o presidente do BNDES, Luciano Coutinho, o primeiro semestre de 2013 mostrou forte recuperação na produção de bens de capital, com crescimento de 13,8% em relação ao primeiro semestre de 2012. .