Economia

EUA podem ter 'apagão' de Orçamento e paralisar serviços públicos hoje

Congresso não conseguiu chegar a acordo e, com o impasse, os EUA começam o ano fiscal de 2014 sem orçamento definido

WASHINGTON - O Senado americano, de maioria democrata, rejeitou na noite de segunda-feira a nova versão do projeto de lei orçamentária aprovada minutos antes pela Câmara de Representantes, de maioria republicana. Com o impasse, os EUA começam o ano fiscal de 2014 sem orçamento definido e parte dos serviços públicos amanhece nesta terça-feira com as portas parcialmente fechadas.

Sem autorização para gastos, o Executivo terá de colocar 800 mil servidores em licença; fechar áreas públicas de lazer; reduzir o atendimento em serviços essenciais; e atrasar pagamentos. Será o primeiro apagão administrativo do país em 17 anos. O ano fiscal dos EUA começa hoje.

Faltando duas horas e meia para o prazo final,  que terminou à 1h da manhã desta terça-feira (meia-noite nos EUA), o Senado americano (controlado pelos democratas) rejeitou em rito relâmpago e pela terceira vez em quatro dias, sendo duas apenas nesta segunda, proposta da Câmara (na qual a oposição republicana tem maioria) para uma lei de orçamento temporária, que liberava despesas federais, mas atrasava a implementação da reforma da saúde, a Obamacare.

À noite, o presidente Barack Obama telefonou para os quatro líderes do Congresso num último apelo para votarem a autorização de gastos. A Câmara fez nova votação, mas aprovou, pouco antes das 22h, texto praticamente idêntico ao que fora derrubado pelo Senado durante a tarde, e a proposta foi novamente rejeitada. Da última vez que os EUA entraram numa paralisia de Orçamento, a queda de braço entre Câmara e Senado demorou cinco dias.

Durante a segunda-feira, os mercados reagiram mal ao impasse político nos EUA, devido ao amplo impacto sobre a economia que terá o apagão. A Moody’s estimou que crescimento dos EUA no quarto trimestre pode cair de 2,5% para 1,1%. Na Bolsa de Nova York, o índice Dow Jones recuou 0,84% e o S&P 500, 0,60%. Na Nasdaq, a queda foi de 0,27%. O dólar se desvalorizou frente às principais moedas e os juros dos títulos do Tesouro americano de referência subiram.

No Brasil, o dólar fechou a R$ 2,216 na venda, em queda de 1,81%. O Banco Central (BC) realizou, pela manhã, o leilão diário de contratos de swap cambial tradicional e vendeu todo o lote, num total de US$ 497,7 milhões. A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) caiu 2,61%

Próximo embate será no meio do mês

Principal vitória de Barack Obama no primeiro mandato, a Obamacare foi aprovada em 2009 e é ponto de honra na agenda democrata. O líder do partido no Senado, Harry Reid, com apoio integral da base, avisou que rejeitará propostas que incluam atraso da reforma do sistema de saúde. Obama também manteve a disposição de não ser refém do que considera chantagem. Fez um pronunciamento alertando para o dano à economia e lembrando que a reforma da saúde continuará em marcha independentemente do procedimento republicano. Ele cobrou dos deputados responsabilidade:

— A ideia de colocar em risco o progresso arduamente conseguido pelo povo americano é o auge da irresponsabilidade e não precisa acontecer. Você não arranca pagamento de resgate por fazer o seu trabalho. Você não pode fechar o governo simplesmente para disputar de novo o resultado das últimas eleições.

O impasse antecipa outra batalha entre os dois partidos em meados deste mês. No dia 17, o Tesouro terá só US$ 30 bilhões para fazer frente a US$ 60 bilhões de despesas diárias. Para continuar o fluxo de caixa, o Congresso precisará elevar o teto de endividamento, de US$ 16,7 trilhões.