09/10/2013 07h36 - Atualizado em 09/10/2013 07h36

Juro deve subir de novo nesta quarta e pode voltar a dois dígitos em 2013

Expectativa do mercado é de uma alta de 0,5 ponto, para 9,5% ao ano.
Parte dos analistas já prevê taxa em 10% ao ano no fim do próximo mês.

Alexandro MartelloDo G1, em Brasília

A taxa básica de juros da economia deve ter mais uma alta nesta quarta-feira (9),  segundo a maior parte dos analistas do mercado financeiro. A expectativa é que o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central  – que faz nesta quarta seu segundo dia de reuniões  – suba a taxa Selic de 9% para 9,5% ao ano, ou seja, uma elevação de 0,5 ponto percentual.

Se confirmado, será o quinto aumento consecutivo na Selic, o que levará o juro de referência da economia brasileira ao maior patamar desde março de 2012 (9,75% ao ano). A decisão do BC sobre os juros será anunciada após as 18h.

Evolução da taxa de juros (Foto: Editoria de Arte/G1)

Nova alta em novembro
A expectativa dos economistas das instituições financeiras é de que o Banco Central não encerrará o processo de elevação dos juros, iniciado em abril de 2013, na reunião do Copom desta semana. A crença geral é de que o Copom subirá novamente a taxa Selic no fim de novembro, em sua última reunião de 2013.

Até o momento, a maior parte dos economistas ainda prevê uma alta de 0,25 ponto percentual na última reunião deste ano, em novembro, de 9,5% para 9,75% ao ano. Entretanto, os bancos com maior índice de acerto na previsão para a taxa básica de juros, os chamados "top 5" do relatório de mercado do BC – que reúne as apostas de mais de 100 instituições financeiras – já acreditam em um alta maior na reunião de novembro do Copom, para 10% ao ano.

Juros em dois dígitos ainda em 2013
Essa percepção de um novo aumento de 0,5 ponto percentual no Copom de novembro, com a taxa básica chegando a 10% ao ano, ou seja, em um patamar de dois dígitos ainda em 2013, ganhou mais força após a declaração do diretor de Política Econômica do BC, Carlos Hamilton, de que ainda há "bastante trabalho" a ser feito pela política monetária (definição dos juros básicos da economia) para controlar as pressões inflacionárias.

“A Selic deve registrar duas altas consecutivas de 0,50 ponto percentual e fechar o ano em 10% ao ano”, avaliou o professor da Escola de Economia da FGV-SP, Samy Dana, opinião compartilhada pelo professor de economia da Universidade Presbiteriana Mackenzie, Pedro Raffy Vartanian. Ele também acredita na possibilidade de mais uma elevação na primeira reunião do Copom 2014 por conta dos impactos da alta do dólar sobre a inflação.

Em 10% ao ano, os juros retornariam ao patamar que vigoraram antes de junho de 2009 - momento no qual a taxa recuou de 10,25% para 9,25% ao ano e atingiu, pela primeira vez na história, o patamar de um dígito (abaixo de 10% ao ano). Os juros permaneceram neste nível por doze meses, até junho de 2010 – quando avançaram para 10,25% ao ano. Depois disso, só voltaram a cair abaixo de 10% ao ano em março de 2012 – nível em que permanecem até os dias atuais.

Discurso da presidente Dilma
A subida recente dos juros e o possível retorno ao patamar de dois dígitos ainda neste ano, segundo analistas, não está em consonância uma das principais marcas, até então, do governo Dilma Rousseff na área econômica.

Mesmo defendendo o controle da inflação, a presidente da República destacou, por diversas oportunidades nos últimos anos, a queda dos juros básicos e também pressionou os bancos a reduzirem suas taxas ao consumidor.

Há pouco mais de um ano, em agosto de 2012, quando a taxa fixada pelo Banco Central chegou a 7,5% ao ano, na ocasião a menor da história, ela declarou que o governo criou "ambiente para que a taxa de juros caísse". A queda foi possível, segundo Dilma, devido a uma “longa trajetória que vem de outros governo no sentido de buscar que o Brasil seja um país que tenha capacidade de caminhar com seus próprios pés”.

Antes disso, nas celebrações do Dia do Trabalho, no final de abril de 2012, a presidente cobrou redução maior nas taxas de juros por parte dos bancos privados e classificou como "inadmissível" que o Brasil, com "um dos sistemas financeiros mais sólidos e lucrativos", continuasse com um dos "juros mais altos do mundo".

Em maio do ano passado, Dilma Rousseff voltou a defender a redução dos juros no Brasil. "Queremos um país com taxas de juros compatíveis com as praticadas no mercado internacional", afirmou ela na ocasião.

Já em março deste ano, a presidente causou ruído nos mercados ao dizer, na África do Sul, que não apoiava políticas de controle inflacionário que sacrificassem o crescimento – em um momento no qual o governo era pressionado pelos mercados para adotar políticas mais firmes em relação à inflação.

"Esse receituário que quer matar o doente antes de curar a doença é complicado. Eu vou acabar com o crescimento do país? Isso daí está datado. É uma política superada", disse ela na ocasião.

Metas de inflação
Pelo sistema de metas que vigora no Brasil, o BC tem de calibrar os juros para atingir as metas pré-estabelecidas, tendo por base o IPCA. Para 2013 e 2014, a meta central de inflação é de 4,5%, com um intervalo de tolerância de dois pontos percentuais para cima ou para baixo. Deste modo, o IPCA pode ficar entre 2,5% e 6,5% sem que a meta seja formalmente descumprida. O presidente do BC, Alexandre Tombini, tem afirmado, porém, que a inflação teria queda neste ano frente ao patamar registrado em 2012 (5,84%) e novo recuo no ano de 2014.

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