09/10/2013 12h38 - Atualizado em 09/10/2013 13h12

US$ 2 bilhões saíram do país em setembro, mostra Banco Central

Foi o quarto mês consecutivo de retirada de divisas da economia brasileira.
Nos 4 primeiros dias de outubro, mais US$ 2,2 bilhões deixaram o Brasil.

Alexandro MartelloDo G1, em Brasília

Desde junho,
US$ 14,2 bilhões foram para o exterior

Os dólares continuaram a deixar o país em setembro e, também, no início de outubro, segundo números divulgados nesta quarta-feira (9) pelo Banco Central. No mês passado, a retirada de recursos da economia brasileira superou o ingresso de divisas em US$ 2,05 bilhões. Foi o quarto mês consecutivo de saída de dólares do Brasil.

Em agosto, US$ 5,85 bilhões foram retirados do Brasil – o maior valor deste ano. Em junho, US$ 2,6 bilhões também já tinham saído do país e, em julho, outros US$ 1,44 bilhão foram retirados da economia brasileira.

Os números da autoridade monetária mostram também que a retirada de recursos do país teve prosseguimento no começo de outubro. Em apenas quatro dias deste mês (entre 1 e 4 de outubro), US$ 2,2 bilhões saíram do Brasil – valor que supera a retirada de dólares registrada em todo mês de setembro.

Desde junho deste ano, portanto, US$ 14,2 bilhões foram para o exterior, ainda segundo informações oficiais.

Indefinições nos EUA
De acordo com Sidnei Nehme, da NGO Corretora, especialista no mercado de câmbio, a saída de recursos do Brasil no fim de setembro, e no começo de outubro, está relacionada com as indefinições na economia dos Estados Unidos.

"Isso se deve a este processo arrastado do problema norte-americano, sobre o teto da dívida e orçamento. Em função da perspectiva de o Federal Reserve [BC norte-americano] demorar mais para tomar a decisão [de retirar os estímulos]. Essa indefinição da política orçamentária e da política fiscal [gastos nos EUA] estava provocando uma saída [dos emergentes, inclusive do Brasil]. Esse fato novo do questionamento político nos EUA criou um momento de apreensão", disse Nehme.

Parcial do ano
Na parcial de 2013, até 4 de outubro, o BC informou que US$ 2,03 bilhões deixaram a economia brasileira. Em igual período do ano passado, foi registrado um ingresso de US$ 22 bilhões no país. Com isso, o fluxo cambial teve uma reversão de US$ 24 bilhões no acumulado deste ano.

Se confirmado o saldo negativo de dólares para todo este ano, será o primeiro desde 2008 (quando o valor ficou negativo em US$ 983 milhões), no auge da crise financeira internacional que abalou os mercados e minou a confiança de investidores.

Impacto na cotação do dólar
A saída de recursos no país, que foi registrada em setembro, favoreceria, em tese, a alta do dólar. Isso porque, com menos moeda norte-americana no mercado, seu preço tende a ficar maior. No fechamento de agosto, estava cotado a R$ 2,38. No fim de setembro, porém, o dólar estava em R$ 2,21.

Mas a queda recente na cotação do dólar em setembro, segundo analistas, tem relação com a sinalização de que o Federal Reserve (BC norte-americano) pode demorar mais alguns meses para retirar estímulos monetários nos Estados Unidos, e, também, com o programa do BC brasileiro.

No fim de agosto, o BC informou que que faria intervenções diárias no mercado câmbio nacional, pelo menos, até o fim deste ano – quer seja por meio de "swaps cambiais" – instrumentos que funcionam como venda de divisas no mercado futuro –  ou pela venda de dólares com compromisso de recompra no mercado à vista.

Ao todo, o novo programa de oferta de "swaps cambiais" ao mercado envolverá cerca de US$ 37 bilhões entre o fim de agosto e o fechamento de 2013, ao mesmo tempo em que a oferta de linhas no mercado à vista, com compromisso de recompra, totalizará cerca de US$ 20 bilhões. Deste modo, o pacote total do BC envolve mais de US$ 55 bilhões neste ano.

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