Economia

Inflação termina o mês de maio com alta de 0,37% e encosta na meta do governo

No acumulado dos últimos 12 meses, a inflação chega a 6,5%. Já nos cinco primeiros meses de 2013, o IPCA subiu 2,88%

RIO - A inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) do IBGE avançou 0,37% em maio, depois de registrar 0,55% em abril. O resultado ficou em linha com as expectativas do mercado, que de acordo com o último Boletim Focus do Banco do Central, previa variação de 0,36%. Nos cinco primeiros meses de 2013, o IPCA já subiu 2,88%, contra 2,24% em igual período do ano passado.

Já a inflação acumulada nos últimos 12 meses chega a 6,5%, exatamente no limite do teto da meta do governo para este ano que é de 4,5%, com margem de tolerância de dois pontos percentuais para cima ou para baixo. Este indicador ficou ligeiramente acima do resultado de abril, cuja taxa acumulada em doze meses estava em 6,49% e abaixo de março, quando chegou a 6,59%.

O principal responsável pela desaceleração do IPCA de maio foram os alimentos, que passaram de uma alta de 0,96% em abril para 0,31% em maio. Já os remédios tiveram o maior impacto de alta, com alta de 1,61% que responde sozinha por 0,06% ponto percentual da inflação do mês. O grupo teve menor variação desde março de 2012, quando a alta foi 0,25%.

— A principal causa do recuo do índices foram os alimentos. Esses preços, apesar de terem continuado a subir, desaceleraram em relação ao mês anterior. Mas no ano, os alimentos já subiram quase 6% e, nos últimos 12 meses, quase 14% — analisa Eulina Nunes do Santos, coordenadora de Índice de Preços do IBGE.

Entre os alimentos, o destaque foi o tomate, que depois ter sido o vilão da inflação nos meses anteriores e ter registrado alta de 7,39% em abril, agora foi o principal responsável pelo impacto negativo, queda de 10,31% no preço no mês de maio e sozinho responsável pela redução de 0,04% no IPCA. Mas no ano, o preço do tomate ainda acumula alta de 54,98%. Açaí (-8,53%), açúcar refinado (-4,11), óleo de soja (-3,56) e frango (-3,14) são outros destaques de queda. Já entre os alimentos com maior alta estão o feijão mulatinho que subiu 16,58% no mês, a cenoura (7,33%), o feijão carioca (7,23%) e o leite (3,90%).

— O que o dado está mostrando é que há uma mudança brusca no movimento da inflação. Houve uma safra grande, auxílios dados à agricultura, reflexos da desoneração da cesta básica, então todos os fatores são positivos — reitera.

Já os remédios tiveram o maior impacto de alta, com alta de 1,61% que responde sozinha por 0,06% ponto percentual da inflação do mês. Este aumento dos medicamentos em maio, somados aos 2,99% registrados em abril totaliza 4,80%, que foi o reajuste autorizado pelo governo para os medicamentos no dia 31 de março.

Por causa deste reajuste dos remédios, o grupo de saúde e cuidados pessoais foi o grupo que mais pressionou a inflação em maio, com uma alta de de 0,94%, embora na comparação com abril (+1,28%) o movimento tenha sido de desaceleração.

O grupo de transportes também ajudou a segurar a inflação, passando de uma queda de 0,19 em abril para 0,25% em maio. Foi resultado do preço do etanol que caiu 1,97% em maio, após alta de 0,16% no mês anterior e da gasolina que teve queda de 0,52%, depois de recuar 0,41% em abril. Também contribuíram os carros novos (-0,16%) e passagens áereas (-3,43%).

As recentes altas nas passagens de ônibus de 7,27% no Rio e 6,75% em ônibus, metrô e trens em São Paulo e o resíduo do aumento de 11% dos ônibus de Goiânia, aplicado no fim de maio, só vão ter reflexos no IPCA de junho.

Os analistas também reduziram a projeção para a expansão da economia a 2,77%, após o Banco Central ter aumentado a Selic na semana passada e o Produto Interno Bruto (PIB, conjunto de bens e serviços produzidos) ter crescido menos do que o esperado no primeiro trimestre: apenas 0,6%.

A inflação elevada tem tirado o sono do governo, porque ocorre justamente num momento de fraca recuperação econômica e que obrigou o Banco Central a iniciar mais um ciclo de aperto monetário. Na ata da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), o BC afirmou que a inflação estava mais forte e persistente.

A combinação de inflação elevada e crescimento baixo tem servido de munição para os críticos da administração da presidente Dilma Rousseff, inclusive no campo político, antecipando o debate eleitoral.

INPC sobe 0,35% no mês

O IBGE também informou nesta sexta-feira que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) registrou alta de 0,35% em maio, após avanço de 0,59% em abril. No mesmo mês do ano passado, o indicador subiu 0,55%.

No ano, o avanço é de 3,02%. No acumulado em 12 meses até maio, o INPC subiu 6,95%, abaixo do valor registrado em abril, quando bateu 7,16%.

O INPC mede a inflação para as famílias de baixa renda (com renda de um a cinco salários mínimos) nas mesmas regiões pesquisadas para o IPCA.