De longe nem parece que a safra está perdida, mas é só chegar perto para ver que o repolho passou do ponto e não serve mais para o comércio. A maioria dos pés está com folhas estragadas, secas ou amareladas.
O abandono da lavoura tem a ver com a situação do mercado. A produção não foi vendida por causa do preço.
O ano passado, a caixa com 12 cabeças foi comercializada por R$ 12, mas nesta safra, a maior oferta foi de R$ 1 pela mesma caixa, ou seja, uma cabeça de repolho sairia por menos de R$ 0,10.
Sílvio Dias dos Santos, que produz a verdura há 10 anos em Piedade, no sudeste de São Paulo, diz que não teve outra saída a não ser largar tudo. “Agora é passar o trator em cima e destruir o que tem e fazer uma rotação de planta”, explica.
Silvana dos Santos só conseguiu vender 200 caixas das 800 previstas e mesmo assim, recebeu apenas R$ 2 por cada uma, menos da metade do que os agricultores do município consideram o mínimo aceitável.
Segundo a agricultora, esta é a pior situação dos últimos anos. Com o excesso de oferta, os compradores desapareceram. “Ninguém se interessa nem em ver como está. Em outras épocas tivemos comprador sobrando”, diz.
São Paulo é o principal estado produtor de repolho do país, responde por 22% de toda a safra nacional.