26/09/2013 11h41 - Atualizado em 26/09/2013 14h10

Revista britânica questiona se Brasil ‘estragou tudo’

Publicação aponta que crescimento econômico está travado.
Em 2009, 'The Economist' afirmara que Brasil havia 'decolado'.

Do G1, em São Paulo

As capas da 'Economist' - a atual, e em tamanho menor, a de 2009 (Foto: Reprodução/The Economist)As capas da 'Economist' - a atual, e em tamanho
menor, a de 2009
(Foto: Reprodução/The Economist)

Quatro anos após afirmar que o Brasil estava “decolando”, a revista britânica “The Economist” se pergunta, na reportagem de capa de sua edição de 28 de setembro para a Ásia e América Latina (clique aqui para ler a reportagem, em inglês), se o país “estragou tudo”. (Na edição para Estados Unidos e Europa, a capa da publicação fala sobre "a nova face do terrorismo").

Em novembro de 2009, uma reportagem de capa de 14 páginas afirmava que o Brasil estava em alta, tendo sido um dos últimos a entrar na crise financeira mundial de 2008 e um dos primeiros a sair.

"Sua economia está crescendo novamente a uma taxa anualizada de 5%. E o crescimento deve acelerar nos próximos anos, quando novas grandes reservas de petróleo em águas profundas começarem a produzir e enquanto os países asiáticos ainda têm fome pela comida e minerais do solo vasto e rico do Brasil", diz a "Economist" à época.

Já na publicação deste ano a revista aponta que o crescimento econômico está travado, e se pergunta se a presidente Dilma Rousseff conseguirá “religar os motores”.

Segundo a “Economist”, desde a reportagem de 2009, o país “voltou à Terra”. Com o crescimento de 0,9% registrado no PIB de 2012 e os protestos iniciados em junho, “os maiores em uma geração”, “muitos agora perderam a fé na ideia de que seu país estava em direção à órbita e diagnosticaram mais um voo de galinha”, diz a revista.

A publicação, no entanto, afirma que há desculpas para a desaceleração. “Todas as economias emergentes perderam ritmo. Alguns dos motores por trás do crescimento anterior do Brasil – os ganhos com o fim da hiperinflação e a abertura comercial, a alta dos preços das commodities e os grandes aumentos no crédito e no consumo – já terminaram de render”.

O Brasil, no entanto, fez muito pouco nos anos de crescimento, diz a revista, apontando que o setor público são um peso muito grande para a iniciativa privada, e que o país tem a estrutura tributária mais onerosa do mundo.

“Esses problemas têm se acumulado ao longo de gerações. Mas Dilma Rousseff tem sido relutante ou incapaz de enfrentá-los, e criou mais problemas interferindo mais que o pragmático Lula. Ela assustou investidores para longe de projetos de infraestrutura e minou a reputação brasileira de retidão macroeconômica ao pressionar o presidente do Banco Central a cortar as taxas de juros”, diz a reportagem.

A “Economist” aponta que Dilma deve concorrer à reeleição no próximo ano, e que ainda tem tempo para iniciar as reformas necessárias.

“O Brasil não está fadado a falhar: se Dilma Rousseff pisar no acelerador ainda há uma chance de que ele decole”.

Em entrevista à Rádio CBN, Michael Reid, editor de seção América da revista britânica, avalia que os protestos pelo país há dois meses mostraram a frustração com os serviços oferecidos pelo governo. Clique aqui para ouvir a entrevista

Críticas a Mantega
Em edições mais recentes, revista britânica vem criticando a condução da economia brasileira e especialmente o desempenho de Guido Mantega à frente do Ministério da Fazenda.

Em dezembro de 2012, a "Economist" afirmava que Dilma deveria demitir Mantega, pois suas previsões excessivamente otimistas haviam feito os investidores perderem a fé.

Em junho, a revista voltou à carga, em um texto que ironizava o fato de Mantega ter se tornado "indemitível" após a primeira reportagem, e pediu a Dilma que segurasse o ministro "a todo custo".

“Foi amplamente reportado no Brasil que nossa impertinência teve o efeito de tornar o ministro ‘indemitível’. Agora vamos tentar outra coisa. Nós pedimos à presidente que o mantenha a todo custo: ele é um sucesso”, diz o texto publicado na edição com data de 8 de junho da revista.

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