Blog do 'FT' traz trechos de entrevista de Mantega(Foto: Reprodução/FT)
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou ter entendido que a revista britânica "Economist" fazia uma piada ao pedir sua demissão, em dezembro de 2012, para que fosse reconquistada a confiança no país.
"Aquela revista estava fazendo uma piada e eu entendi como uma piada", teria dito ele ao jornal também britânico "Financial Times".
Na reportagem do ano passado, a "Economist" afirmava que Dilma deveria demitir o ministro da Fazenda pois suas previsões excessivamente otimistas haviam feito os investidores perderem a fé.
Em junho, a revista voltou à carga, em um texto que ironizava o fato de Mantega ter se tornado "indemitível" após a primeira reportagem, e pediu a Dilma que segurasse o ministro "a todo custo".
“Foi amplamente reportado no Brasil que nossa impertinência teve o efeito de tornar o ministro ‘indemitível’. Agora vamos tentar outra coisa. Nós pedimos à presidente que o mantenha a todo custo: ele é um sucesso”, diz o texto publicado na edição com data de 8 de junho da revista.
Questionado sobre se ele tem a confiança da presidente, Mantega afirmou à publicação: "se não tivesse eu não estaria aqui".
Confiança
O ministro afirmou ao jornal achar que há um exagero em relação à falta de confiança na economia brasileira, e que o sentimento negativo é "muito maior que o justificado pelo estado real da economia".
"Se você olhar apenas para o nível de confiança e o sentimento negativo, você pensaria que a economia está crescendo, que é uma tragédia. Mas se você olhar para os dados reais, nada disso está acontecendo. O crescimento está acelerando, o investimento está crescendo, e estamos continuando a gerar empregos, na indústria também e não apenas em serviços e na construção (...) O sentimento negativo ignora a realidade do Brasil", disse.
Luz no fim do túnel
Em trechos da entrevista ao "FT" publicados pelo blog do jornal, "beyondbrics", Mantega diz que "há uma luz no fim do túnel", com uma melhora no cenário externo. "Se o cenário internacional melhorar, as nações emergentes podem se recuperar, porque hoje a maioria delas está vendo um crescimento menor, e o Brasil não é exceção", afirmou.
Segundo Mantega, o baixo crescimento da economia internacional reduziu a expansão brasileira entre 30% e 40%.
Em relação à inflação, o ministro apontou que houve um problema com a alta dos preços dos alimentos "que não foi nossa culpa". "Os Estados Unidos tiveram um choque de oferta, a seca, que levou a uma alta nos preços das commodities; nós tivemos nossas chuvas e a inflação dos alimentos subiu mais que o normal", afirmou. Ele ressaltou, no entanto, que a inflação "está sob controle do governo e é uma preocupação do governo".
