Economia

Tombini diz que 'há incerteza' de como a alta de juros afetará a inflação

Presidente do BC diz que quanto antes os EUA retirarem os estímulos menor será a volatilidade
Política monetária vigilante. Presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, participa de audiência na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado
Foto: André Coelho / Agência O Globo
Política monetária vigilante. Presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, participa de audiência na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado Foto: André Coelho / Agência O Globo

BRASÍLIA – O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, afirmou nesta terça-feira que há incerteza de como a alta de juros terá impacto na inflação. Em audiência na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado (CAE), ele afirmou que essa falta de previsibilidade é causada pelas turbulências internacionais.

- Há alguma incerteza sobre a intensidade de como a inflação irá reagir às ações de política (monetária). Naturalmente, essa incerteza pode aumentar em ambientes como o atual, onde a volatilidade do mercado financeiro tem sido ampliada pela forte inclinação da curva de juros das economias maduras - disse Tombini. - As autoridades nacionais podem agir no sentido de mitigar esses efeitos da volatilidade sobre os mercados domésticos.

Segundo o presidente do BC, o mundo vive um período de transição, mas em ritmo incerto. Ele defendeu que, quanto mais cedo os Estados Unidos retirarem os estímulos monetários, menor será a volatilidade dos mercados internacionais porque terminará o suspense sobre os próximos passos da economia americana.

- Na minha visão, quanto mais cedo se iniciar efetivamente a retirada dos estímulos monetários e quanto mais previsível for a sua intensidade e velocidade, menor será a volatilidade do mercado financeiro internacional e mais suave será o período de transição da economia mundial - previu Tombini.

Ele ressaltou que o Brasil está preparado para esse período. O presidente da autoridade monetária citou também que o país vive uma recuperação do crescimento econômico, apesar do resultado do terceiro trimestre que mostrou que a economia encolheu. Ele ressaltou que a inflação entrou em trajetória de queda no segundo semestre deste ano.

Tombini voltou a garantir que o BC continuará a oferecer proteção cambial no ano que vem, ou seja, continuará a fazer leilões diários de instrumento de "hedge". O BC tem um cronograma para leilões de contratos de swap e venda de dólares com compromisso de recompra até o fim deste ano. É a chamada "ração diária".

- Em 2014, o BC não sairá de cena – afirmou

Tombini defende que governo faça superávit primário maior

Alexandre Tombini defendeu indiretamente um esforço fiscal maior. Durante a audiência ele foi questionado sobre o que achava da possibilidade de o governo aumentar a meta da economia que faz para pagar juros da divida, o chamado superávit primário, e respondeu:

- Qualquer banco central, eu imagino, com exceção daquele que estão saindo de um processo de recessão de anos, defende sempre quanto mais fiscal, melhor - afirmou. - Em condições normais, o Banco Central sempre teria esse viés.

Tombini fez questão de deixar claro aos senadores que não existe uma nova matriz de política econômica no Brasil, de juros baixos com leniência para um pouco mais de inflação. O discurso contraria frontalmente o de outros integrantes da equipe econômica, que usam o terno para definir o novo quadro econômico atual.

- Eu discordo da questão da mudança da matriz macroeconômica. O que nós fizemos foi operar estritamente dentro dos preceitos de meta de inflação, câmbio flutuante – disse Tombini sem citar a política fiscal, o terceiro ponto do tripé macroeconomico.

Aos parlamentares, ao ser questionado sobre a queda da inflação e a possibilidade de atingir a meta de 4,5% no ano, Tombini disse que “não há nada de errado com essa meta”. Ele argumentou que parte da resistência da inflação vem da alta do dólar, que pressionou os preços.