Economia

Nobel de Economia alerta para bolha no mercado de imóveis no Brasil

Economista também está preocupado com 'boom' no mercado de ações dos EUA
Robert Shiller, nobel de Economia Foto: Wendy Carlson / Wendy Carlson/AFP
Robert Shiller, nobel de Economia Foto: Wendy Carlson / Wendy Carlson/AFP

BERLIM e RIO – O americano Robert Shiller, vencedor do Prêmio Nobel de Economia em parceria com outros dois pesquisadores, acredita que as fortes altas nos preços do mercado de ações dos EUA e do setor imobiliário em algumas cidades do Brasil podem provocar uma perigosa bolha financeira.

- Ainda não estou soando o alarme, mas em muitos países, as bolsas de valores estão em um nível alto e preços subiram com força em alguns mercados imobiliários – afirmou, em entrevista à revista alemã “Der Spiegel” na edição deste domingo. - Isso pode acabar mal.

Schiller disse estar preocupado com o “boom” do mercado acionário dos EUA, pois a economia ainda está “fraca e vulnerável”, acrescentando que os setores financeiro e de tecnologia podem estar superestimados.

O economista também apontou os valores "drasticamente" altos de propriedades no Rio de Janeiro e em São Paulo, no Brasil, nos últimos cinco anos.

- Lá, me senti um pouco como nos EUA em 2004 - disse, acrescentando que tem ouvido argumentos sobre oportunidades de investimentos e o crescimento da classe média que já havia escutado nos EUA perto do ano 2000.

O colapso do mercado imobiliário dos EUA ajudou a motivar a crise financeira global de 2008 e 2009. "Bolhas são assim. E o mundo ainda está muito vulnerável a uma", disse. As bolhas são criadas quando investidores não reconhecem que os crescentes preços de ativos se distanciaram de fundamentos econômicos.

A professora da PUC Monica Baumgarten de Bolle discorda da opinião do vencedor do Nobel. Apesar de algumas cidades terem vivido forte alta nos preços dos imóveis, com destaque para o Rio de Janeiro, faltam dados para afirmar que o país esteja vivendo uma bolha.

- A gente olhar para a questão dos imoveis simplesmente pela alta e daí concluir que existe uma bolha é olhar um pedacinho só da fotografia e não levar em conta muitas outras variáveis - disse. - Não é bolha, não no sentido que ocorreu nos Estados Unidos, porque teria que se imaginar uma situação em que as pessoas se endividaram excessivamente, de forma abrangente, dos mais pobres aos mais ricos, e isso não é verdade no Brasil. Ainda é uma camada pequena da população que tem acesso aos recursos pra adquirir imoveis.

Essa é a mesma opinião do economista do Ibmec Gilberto Braga. Segundo ele, o cenário de bolha nos EUA é bem diferente do que acontece no Brasil.

-  No Brasil, temos alta de preços e especulação e a especulação está ligada à facilidade de crédito, às obras de infraestrutura nas principais capitais, sobretudo nas que vão ser sede da Copa do Mundo. No Rio de Janeiro, agrega-se o fator UPP de retomada de áreas que eram dominadas por traficantes.