Edição do dia 21/05/2015

21/05/2015 22h34 - Atualizado em 22/05/2015 20h56

Implantes e ideias ajudam a melhorar dia a dia de quem vive com surdez

Surdez é a segunda deficiência mais comum no Brasil, mas o país parece não estar preparado para incluir esses cidadãos.

Pelo menos dez milhões de brasileiros sofrem de algum grau de surdez. É a segunda deficiência mais comum entre nós. Mas parece que o Brasil não estar preparado para incluir esses cidadãos.

O “trio ternura” mostrado no vídeo é formado por meninas lindas que nasceram surdas e, antes de completar dois anos, fizeram um implante coclear, uma prótese que devolve a audição. Emilly, Ana e Manoela cresceram ouvindo tudo e deu nisso: cantam e falam pelos cotovelos.

Essa vida é um direito garantido por lei para os mais de 10 milhões de brasileiros com algum grau de surdez. O implante, por exemplo, é fornecido de graça pelo governo desde 1999. Muitas pessoas não sabem disso, e outras não têm dinheiro para pagar viagem e hospedagem, que o SUS não cobre.

“Basta imaginar uma pessoa que mora no interior de um estado grande e fica com essa dificuldade de transporte, entre o interior e a capital”, diz o médico do Hospital das Clínicas Robinson Tsuji.

Sem o implante, a vida de quem não escuta fica muito mais difícil, principalmente porque a nossa sociedade não está preparada para incluir os surdos. Por exemplo, num aeroporto: bem na hora do embarque, o sistema de alto faltantes anuncia: 'O seu embarque mudou do Portão 2 para o Portão 7'. Sem essa informação, você provavelmente perderá o seu voo.

Dentro da escola a consequência da exclusão é mais grave. Os alunos com audição normal conseguem acompanhar a aula toda, mas quem não escuta bem tem dificuldade mesmo com o aparelho no ouvido. Toda vez que a professora se vira para o quadro, o tom de voz fica mais baixa e o aparelho não consegue captar. E essa parte da explicação, já foi perdida.

Existem soluções: um microfone transmite a voz do professor diretamente para o aparelho auditivo. Onde há alunos com surdez profunda, é fundamental a presença de um intérprete de libras, a Língua Brasileira de Sinais. É lei. Mas nem toda escola tem um.

"A secretaria tem que encaminhar para alguma escola que tenha estrutura especializada”, diz o professor de otorrinolaringologia da USP Ricardo Bento.

Silvana sente falta de material visual para os alunos surdos, que passam a vida recebendo menos informação sobre tudo.

“Se não tiver uma explicação pra que serve, por que que usa e o que é aquilo. Tudo, tudo, tudo precisa ser explicado, senão ele não entende”, diz a intérprete de libras Silvana Torres.

Erika está no ensino médio e quer fazer vestibular para Psicologia. Sabe que vai ter dificuldade. Foi assim desde criança. Mas não falta esperança.

Quando a inclusão dos surdos for uma realidade no Brasil, ela afirma, em libras, "a vida vai ficar melhor".

Correção: Nesta quinta-feira (21), o Jornal Nacional apresentou uma reportagem sobre a necessidade de mudanças pra aumentar a inclusão dos surdos na sociedade. Médicos ouvidos pela nossa equipe informaram que o SUS paga só a prótese que devolve a audição e a cirurgia, mas, nesta sexta-feira (22), o Ministério da Saúde informou que também custeia as viagens e as hospedagens dos pacientes.