Economia

Ações da Petrobras fecham com alta de 5% após resultado do leilão

Apenas um consórcio participou do negócio. Petrobras terá participação de 40%

SÃO PAULO - As ações da Petrobras subiram mais de 5% após o resultado do leilão de Libra. Os papéis ON se valorizaram 4,92% a R$ 17,69, a quinta maior alta do Ibovespa, e as ações PN tiveram alta de 5,30% a R$ 18,88, a terceira maior alta do pregão. A alta das ações da Petrobras fez o Ibovespa, principal índice do mercado de ações brasileiro, fechar a sessão com valorização de 1,26% aos 56.077 pontos e volume negociado de R$ 8,4 bilhões.

O consórcio vencedor foi formado pela Petrobras, com 40% de participação, de duas estatais chinesas CNOOC e CNPC, com 10% cada, e ainda pela anglo-holandesa Shell (20%) e da francesa Total (20%).

O leilão teve a participação de apenas um consórcio, que levou o campo de Libra pelo valor de R$ 15 bilhões. Do petróleo extraído, 41,65% será entregue à União, o percentual mínimo exigido.

Para o estrategista da corretora Futura, o resultado veio em linha com a expectativa do mercado, por isso as ações da Petrobras reagiram positivamente.

- A participação da Petrobras no consórcio ficou dentro do esperado, que era entre 30% e 40%. Também foi positiva a entrada da Shell e da Total no consórcio, que são duas empresas de peso, que dão credibilidade e exigem retorno mínimo antes de entrarem em novos projetos. Elas terão participação de 40%, maior do que as chinesas, que juntas terão 20%. Um dos pontos positivos foi que 41,65% do óleo extraido será da União, o percentual mínimo exigido, o que permitirá à Petrobras uma margem para obter retorno do investimento que será exigido - avalia Luis Gustavo Pereira, estrategista da corretora Futura.

O analista-chefe da XP Investimentos, William Cunha, classificou como bom o resultado do leilão, dentro das circunstâncias. Primeiro, o volume de óleo que o consórcio terá que entregar à União foi o mínimo exigido, 41,65%. Caso tivesse que entregar um volume maior do que esse, o cenário seria negativo, já que a margem para compensar os investimentos seria menor.

- Outro ponto positivo do resultado, foi a participação da Petrobras, que ficou em 40%, 30% obrigatórios pelo edital e mais 10%. Se a participação fosse maior, 50% ou 60%, isso mostraria pouco interesse da iniciativa privada em entrar no negócio. Também havia o receio de um duopólio entre a Petrobras e os chineses. A entrada da Shell e da Total deu uma espécie de selo de qualidade ao consórcio e a participação dessas empresas europeias acabou sendo maior do que as chinesas - avalia Cunha.

Para o estrategista-chefe da XP, muitos investidores estavam esperando o resultado do leilão, antes de voltar a comprar as ações da Petrobras, diante da incerteza sobre o que poderia acontecer no leilão.

- Mas é preciso lembrar que a Petrobras ainda tem muitos desafios. A companhia vai ter que desembolsar R$ 4,5 bilhões em um novo projeto, quando precisa investir mais em produção dos poços que já está operando. A empresa participou do leilão cumprindo seu papel de estatal. Por isso, dentro das circunstâncias, o resultado do leilão de Libra pode ser considerado positivo.

Pela manhã, antes do leilão, o vencimento de opções na Bovespa, influenciou os papéis da Petrobras, que tiveram o maior movimento financeiro no exercício de opções, totalizando R$ 178,97 milhões. Pela manhã, os papéis PN chegaram a se desvalorizar 1,22% enquanto as ações ON recuaram 1,7%, na mínima do dia.

Para o gerente de mesa de renda variável da H. Commcor, a alta dos papéis da Petrobras, logo após o resultado do leilão, pode ser uma reação positiva ao fato de apenas um consórcio ter participado e as empresas terem oferecido o valor mínimo do óleo-lucro exigido pela União. Mas ele alerta também que o leilão aconteceu num dia de vencimento de opções sobre ações.

- Muita gente pode ter deixado para zerar suas posições vendidas (que apostam na queda das ações) no fim do pregão. Com a disparada das ações após o leilão, essa turma foi pega de surpresa e saiu comprando os papéis. Isso também pode ter contribuído para a alta das ações da Petrobras - diz o analista.

Na sexta, as ações preferenciais da Petrobras fecharam em queda de 1,54% a R$ 17,93. No ano, os papéis ON da Petrobras perdem 8,5%, enquanto as ações PN, que têm preferência no recebimento dos dividendos, reverteram a queda e sobem 0,5%.