28/11/2013 19h19 - Atualizado em 28/11/2013 19h30

Para entidades, eventual correção na poupança não prejudicará bancos

STF encerrou debates sobre correção da poupança nos planos econômicos.
Idec chamou de 'granada oca' argumento de que há risco para o país.

Mariana OliveiraDo G1, em Brasília

Entidades ligadas a poupadores negaram nesta quinta-feira (28) no Supremo Tribunal Federal (STF) que a eventual mudança nos índices de correção da caderneta de poupança possa prejudicar a estabilidade econômica do país. Advogados das entidades rebateram argumentos dados por instituições bancárias e pelo governo federal na tribuna do STF de que haverá prejuízo de R$ 150 bilhões aos bancos e riscos para a política monetária.

O Supremo encerrou nesta quinta a fase de argumentações sobre ações que questionam perdas na poupança com a criação de planos econômicos nas décadas de 1980 e 1990.

Essa granada oca não vai explodir. O Supremo não precisa julgar com essa granada no colo"
Walter José Faiad de Moura, que falou pelo Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec)

Ainda falta o pronunciamento do procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Não há informações sobre se o chefe do Ministério Público irá se manifestar na sessão do STF da próxima quarta (4) ou se deixará para apresentar os argumentos no ano que vem, quando o julgamento sobre os planos econômicos será concluído.

O tribunal julgará cinco ações que podem alterar o cálculo da correção das cadernetas por conta dos planos Bresser (1987), Verão (1989), Collor I (1990) e Collor II (1991), criados para conter a hiperinflação.

Em nome do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Osvaldo Pinheiro Ribeiro Junior disse que o argumento de risco para os bancos é "equivocado".

"O argumento de que o banco vai quebrar e que o sistema vai entrar em colapso nos parece equivocado", disse. Ele argumentou que poucos poupadores que tinham cadernetas questionaram as perdas na Justiça. "A discussão sobre risco sistêmico me parece elevada. É praticamente impossível que, mesmo nas ações coletivas, todas as execuções ocorram de uma única vez", destacou.

Ribeiro Junior frisou que a OAB espera que o Supremo não considere os planos como inconstitucionais na integralidade, apenas determine mudança no índice de correção.

O advogado Walter José Faiad de Moura, que falou pelo Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), afirmou que o argumento de que o sistema financeiro será prejudicado é uma "granada oca" que "não vai explodir".

"Essa granada oca não vai explodir. O Supremo não precisa julgar com essa granada no colo”, afirmou.

Faiad de Moura também disse que o Idec quer somente um novo índice de correção e não invalidar os planos. "Concordamos com a constitucionalidade dos planos econômicos. O que não concordamos é com o critério para correção nos dias de aniversário. Houve diminuição de capital e quero ele de volta."

O advogado Danilo Gonçalves Montemuro, que falou em nome da entidade SOS Consumidor, ressaltou que, caso o Supremo determine nova correção, os bancos não terão que arcar com os custos de uma única vez. Para ele, a Corte poderia, caso concorde com os argumentos dos poupadores, estipular regras de parcelamento da dívida. "As ações não serão pagas do dia para a noite, de uma só vez."

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