Economia

Balança comercial fluminense tem déficit de US$ 905 milhões em julho

É o quarto saldo negativo consecutivo, puxado por queda de 20% nas exportações de petróleo, aponta Firjan

Porto do Rio: aumentaram no país as compras no exterior de equipamentos mecânicos, automóveis e produtos siderúrgicos Foto: O Globo - 22/02/2012 / Fabio Rossi
Porto do Rio: aumentaram no país as compras no exterior de equipamentos mecânicos, automóveis e produtos siderúrgicos Foto: O Globo - 22/02/2012 / Fabio Rossi

RIO - A balança comercial do estado do Rio de Janeiro encerrou julho com déficit de US$ 905 milhões, registrando resultado mensal negativo pela quarta vez consecutiva. De acordo com dados da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), antecipados pelo GLOBO, o saldo negativo foi fortemente influenciado pela alta nas importações, que alcançaram a marca de US$ 2,22 bilhões, segundo maior valor da série histórica, iniciada em 1996.

De acordo com o levantamento, o setor de petróleo continua sendo protagonista nas exportações e importações do estado, respondendo pela maioria (51%) do volume de negócios. Em julho, as vendas do produto ficaram em US$ 603 milhões, recuo de 20,7% em relação ao mês anterior (US$ 728 milhões).

Para Claudia Teixeira dos Santos, especialista em comércio exterior da Firjan, o comportamento das exportações de petróleo é resultado de um conjunto de fatores.

— Os principais demandantes caíram bastante. EUA e China, que são os principais consumidores, reduziram compras de petróleo. Mas também tivemos um movimento de redução da produção e maior consumo interno — explicou Claudia.

Segundo a pesquisa, a recente alta do dólar frente ao real não teve, até agora, impacto mais significativo nas importações fluminenses, que já acumulam alta de 10,3% nos últimos 12 meses, e 15,5% nos primeiros sete meses do ano. De acordo com a Firjan, o avanço se deve exclusivamente ao aumento do volume de importações (12,7%) no primeiro semestre. Os preços diminuíram 2,6% no período.

Exportações de materiais de transporte acumulam alta de 219%

Apesar da dependência do petróleo, a especialista afirma que já é possível identificar outros produtos com forte tendência de alta. Em julho, a indústria química registrou US$ 251 milhões em volume de exportações e alcançou o posto de segundo principal exportador do Rio, o que não acontecia em um balanço mensal desde 2003.

O segmento de materiais de transporte também tem apresentado força, acumulando, até julho, alta de 219% nas exportações, principalmente por causa do crescimento dos negócios com México e Argentina, países com os quais o Brasil tem acordos automotivos. Só para a Argentina, as exportações fluminenses de caminhões e ônibus acumulam alta de 182%.

— Isso está relacionado à melhoria no relacionamento entre os dois países, depois de, no início do ano, a Argentina ter colocado algumas barreiras às exportações brasileiras — afirma Claudia.

Americanos e chineses continuam como os principais parceiros comerciais da economia fluminense. Em julho, as exportações para os EUA ficaram em US$ 392 milhões, mantendo o país no topo do ranking de compradores, apesar do recuo de 36% na comparação com o ano anterior. Nas importações, o destaque é para Arábia Saudita. Mesmo vendendo apenas petróleo para o Rio, o país foi a principal origem das importações para o Rio, registrando US$ 425 milhões.

Segundo Claudia Teixeira, a melhoria no cenário internacional deve impactar no comportamento das vendas externas do Rio, mas o estudo não projeta de quanto será essa influência. Na semana passada, os EUA divulgaram forte avanço no PIB de 2,5%, na taxa anual, acima do esperado por analistas. A China também tem demonstrado sinais de aceleração. Divulgado no domingo, o índice de gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) industrial subiu para 51, após dois meses em queda.